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ELEIÇÕES ESTADOS UNIDOS | Começa a convenção republicana que nomeará Donald Trump

Em meio a uma mega-operação de segurança e crescentes tensões sociais de fundo, começa a convenção republicana que nomeará Donald Trump como candidato presidencial. Espera-se protestos.

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

terça-feira 19 de julho de 2016 | Edição do dia

Fotografia: EFE

Em meio a uma gigantesca operação de segurança, a cidade de Cleveland (Ohio) é sede desde esta segunda-feira (18) e até quinta (21) da Convenção Republicana, que oficializará a candidatura presidencial de Donald Trump. Espera-se quatro dias de discursos, negociações e também de protestos.

A clássica histeria pela segurança que geram os eventos políticos de magnitude se soma pa tensão crescente pelos assassinatos racistas pelas mãos da Polícia, os protestos e recentes tiroteios contra policiais, cujo último episódio aconteceu no domingo em Baton Rouge (Luisiana). No domingo (17) três policiais morreram depois de um tiroteio depois de responder a uma chamada de emergência. Ainda que até hoje ainda se embaralhavam várias hipóteses sobre os motivos do ataque, a polícia confirmou que matou o suspeito, Gavin Long, um ex-militar afro-americano de 29 anos.

Candidatura de unidade para um partido dividido

A convenção teve seu pontapé virtual com o anúncio na sexta-feira da candidatura presidencial, que terá como vice-presidente o governador de Indiana, Mike Pence. Com a escolha de Pence se busca de alguma maneira cerrar fileiras em um partido dividido. Com um perfil mais “centrado” e laços com Washington, se espera que Pence cumpra o papel de conexão entre Trump e o partido e ajude a reunir o apoio necessário.

Os 2.472 delegados e delegadas deverão discutir a plataforma e oficializar a candidatura presidencial para enfrentar nas eleições gerais de novembro a candidata Hillary Clinton (que ainda não anunciou seu vice, mas se espera que nomeie o ex-governador e atual senador de Virginia Tim Kaine para o posto).

Trump chega à Convenção como o candidato com mais votos na história das primárias republicanas. Sem apoio do establishment republicano e com um discurso reacionário e um coquetel de xenofobia, nacionalismo e populismo de direita, Trump se transformou em porta-voz do descontentamento da base de direita do partido que se sente cada vez mais longe da elite política.

Várias figuras da ala “moderada” do partido veem com preocupação a candidatura de Trump mas bloqueá-la mediante manobras ou mecanismos internos significaria, em primeiro lugar, um aprofundamento da crise com a base do partido. Uma das principais figuras que expressa as dúvidas do establishment com a figura do multimilionário é o chefe da bancada legislativa, Paul Ryan, que apesar de ter dado seu apoio formal já desautorizou ou questionou várias declarações do futuro candidato a presidente.

Nem o ex-presidente George W. Bush nem o ex-candidato presidencial republicano Mitt Romney estarão presentes para demonstrar sua oposição à nomeação de Trump. Tampouco está confirmada a presença do moderado John Kasich, ex-pré-candidato e governador de Ohio, estado anfitrião da convenção. Além disso, vários funcionários e assessores já adiantaram que prefeririam votar em Hillary Clinton que votar em Donald Trump.

Oradores e protestos

O primeiro dia da convenção terá como grande atração Melania Trump. A esposa de Trump será a principal oradora no dia da segurança, batizado pela campanha como “Make America Safe Again” (Façamos os Estados Unidos seguros novamente), fazendo um jogo de palavras com a consigna de campanha “Make America Great Again” (Façamos os Estados Unidos grandiosos novamente). Na própria segunda-feira, funcionários da campanha confirmaram que o próprio Trump apresentará sua esposa
em Cleveland.

Na terça-feira se discutirá sobre emprego e economia, outro dos eixos da campanha de Trump, em resposta às preocupações de setores da classe média baixa, trabalhadores e pobres, os mais castigados pela crise econômica. Na quarta-feira o tema será o lugar dos Estados Unidos no mundo, e quais devem ser as prioridades do governo; neste dia tomará a palavra o candidato a vice Mike Pence.

Já coroado, na quinta-feira se espera o discurso de Donald Trump. O tema do dia será “Voltar a unir os Estados Unidos”, quando o candidato tentará capitalizar o descontentamento em uma sociedade polarizada.

Também se espera que seja parte da agenda o debate sobre o porte de armas, um debate candente na atualidade. No estado de Ohio, onde se realiza a convenção, é legal portar armas em público e se espera que vários participantes e simpatizantes compareçam com armas, motivo pelo qual foram tomadas medidas de precaução.

Desde o domingo anterior ao início da convenção aconteceram protestos de organizações das comunidades latina e afro-americana, e de mulheres, entre outras, na cidade. Também se espera que marchem em Cleveland o movimento contra o racismo Black Lives Matter (As Vidas Negras Importam) e o partido Panteras Negras, que anunciaram sua participação nos protestos. No entanto, será difícil para os manifestantes aproximarem-se do estádio Quicken Loans, que se encontra blindado por cercas e mais de 3 mil agentes do Departamento de Segurança Nacional, incluídos efetivos do Serviço Secreto e efetivos da polícia local.

Tradução Francisco Marques




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