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Com poucas doses, estados restringem público-alvo da 1ª etapa de vacinação

6 estados reduziram e 2 ampliaram o público-alvo prioritário proposto pelo Plano Nacional de Imunização. O número de doses disponíveis da vacina no Brasil é insuficiente para a vacinação de todos os grupos.

sexta-feira 22 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Hoje o Brasil tem apenas 6 milhões de doses de vacina CoronaVac, o único imunizante disponível até o momento, o que permitiria a vacinação de cerca de 2,8 milhões de pessoas, número abaixo do total dos públicos-alvo prioritários do Plano Nacional de Imunização.

Apenas a área da saúde conta com aproximadamente 5,9 milhões trabalhadores, o que exigiria quase 12 milhões de doses. Com o primeiro lote da CoronaVac, muitos estados estimam garantir a vacinação de apenas 30% desse grupo.

Saiba mais: Brasil não possui vacina nem para metade dos trabalhadores da saúde, nem para 99,5% de idosos

Por isso, estados começam a alterar os planos de vacinação em relação aos grupos elencados pelo Plano Nacional de Imunização.

Como não há uma diretriz nacional para orientar quais trabalhadores da saúde devem ser prioritários na vacinação, estados e municípios estão fazendo escolhas sobre quais trabalhadores da linha de frente vacinar primeiro, já que a quantidade de doses é insuficiente.

O Plano Nacional de Imunização definiu 4 grupos prioritários para receber as primeiras doses da vacina:

• Trabalhadores de saúde (profissionais da linha de frente que trabalham em hospitais, clínicas e ambulatórios; profissionais de serviços sociais, profissionais de educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares; trabalhadores de apoio, como recepcionistas, seguranças e pessoal da limpeza; cuidadores de idosos; doulas/parteiras; e trabalhadores do sistema funerário que tenham contato com cadáveres potencialmente contaminados).
• Pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência (institucionalizadas), como asilos.
• Maiores de 18 anos com deficiência e que moram em Residências Inclusivas (institucionalizadas).
• População indígena vivendo em terras indígenas.

6 estados reduziram e 2 ampliaram o público-alvo dessas fases.

Estados que reduziram os critérios de vacinação dessas categorias, todos em relação às pessoas com deficiência que vivem em instituições: Acre, Alagoas, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins.

Estados que ampliaram os critérios de vacinação dessas categorias: São Paulo incluiu os quilombolas e Maranhão incluiu os sem-tetos e os quilombolas. Nenhum dos dois governos dos estados informou se têm doses suficientes para a imunização de todos os grupos.

2 estados dizem não ter pessoas para imunização em dois grupos: Amapá diz não ter pessoas maiores de 18 anos com deficiência que vivem em Residências Inclusivas, e Rio Grande do Norte diz não ter indígenas em território indígena.

As secretarias estaduais dos demais estados orientaram que os municípios sigam os critérios propostos pelo Plano Nacional. Minas Gerais afirmou que em algumas cidades só há doses disponíveis para a vacinação dos profissionais de saúde.

Portanto, apesar das equipes de vacinação contra a Covid-19 já atuarem em diversos hospitais pelo país, a realidade que os estados enfrentam confirma os dados previstos e anunciados por inúmeros órgãos: as doses das vacinas são insuficientes até mesmo para o primeiro grupo.

Os trabalhadores da saúde, em maioria mulheres negras, não têm a garantia de que serão vacinados integralmente, apesar de terem sido a linha de frente no combate a pandemia até agora.

Na corrida pela vacina, tanto o negacionismo de Bolsonaro quanto a demagogia de governantes como João Doria (PSDB-SP) (que faz propaganda ao lado de uma técnica de enfermagem negra enquanto não garantiu o básico para os trabalhadores e a população durante a pandemia) são responsáveis pela desorganização e pela falta de clareza nas informações acerca dos planos de vacinação.

Essa realidade comprova como não é possível confiar nem no plano federal nem nos planos interessados de governadores para que haja imunização de todos no país.

Certamente, aqueles que estiveram na linha de frente durante toda a pandemia, aqueles que há anos dedicam suas vidas para estudar a saúde humana e sua relação com a sociedade e o meio ambiente, aqueles que estão estrategicamente localizados nas engrenagens mais essenciais dos serviços de saúde, são os que têm mais capacidade para a urgência de dirigir um plano nacional de imunização que seja gratuito, seguro, e para todos.

Pode te interessar: Vacina vinda das mãos dos trabalhadores do SUS: resposta ao editorial da Folha




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