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REFERENDO GREGO | Com metade das urnas apuradas uma grande vitória do "Não" na Grécia

Com mais de metade das urnas apuradas os resultados mostram uma importante vitória do "Não" no referendo grego. Mais de 60% porcento votaram não neste domingo.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

domingo 5 de julho de 2015 | 16:15

Com 50% das urnas apuradas o voto "não" lidera com 61,2% dos votos válidos contra 38,8% pelo "sim". Até o momento também foram registrados 5,7% de votos nulos também.

Nas duas maiores cidades do país, Atenas e Tessalônica, que juntas concentram praticamente metade da população do país, onde os prefeitos chamaram o voto "sim" também está ganhando o voto "não" mas com margens mais apertadas, 51,58% e 53,56% respectivamente.

Governo da Grécia espera "acordo imediato" com os credores após referendo

O porta-voz do governo da Grécia, Gavrill Sakellaridis, afirmou neste domingo que o país espera retomar as negociações com os credores e chegar a um "acordo imediato" após as primeiras pesquisas sobre o referendo indicarem a vitória do "não".

"As negociações que serão iniciadas têm que terminar imediatamente, inclusive dentro do prazo das próximas 48 horas", garantiu Sakellaridis em entrevista à emissora "ANT1".

Por outro lado, o principal partido da oposição grega, o conservador Nova Democracia, pediu ao governo que faça o máximo para que a Grécia volte à normalidade o mais rápido possível.

Durante uma coletiva de imprensa, o ministro do interior grego, Nikos Voutsis, confirmou alta participação de voto no referendo de hoje. Diferentemente das sondagens prévias que previam uma vitória apertada do Não, os primeiros dados oficiais mostram uma importante vitória do Não, com mais de 61% com 50% das urnas apuradas, enquanto o Sim recebeu 39% dos votos.

Imagens televisivas na Grécia mostram a Praça Syntagma começando a se encher de manifestantes para festejar a vitória do Não, que tem mais de 20 pontos percentuais de vantagem sobre o Sim.

Segundo a organização Red Flag, nos bairros operários da capital a margem de vitória do Não é superior à média do país chegando a 80%, como em Keratsini (73% Não, 26% Sim) e em Nikea (72% Não, 27% Sim).

Este resultado postula uma derrota significativa para a Alemanha e o amplo arco político europeu, que vai de conservadores a socialdemocratas, que realizaram uma reacionária campanha exigindo um Sim dos gregos à extorsão da Troika, atemorizando os votantes com uma eventual quebra bancária e a saída da Grécia do euro caso o Não vencesse no referendo.

O presidente da França, François Hollande, receberá amanhã à tarde a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, para avaliar as consequências do referendo grego, anunciou o Palácio do Eliseu neste domingo, poucos minutos após o fechamento dos colégios eleitorais na Grécia.

A reunião de amanhã manifesta a vontade dos dois países de adotar uma posição comum, depois de esta semana terem sido colocadas em evidência as diferenças de estratégia em relação à Grécia após a convocação do referendo.

O governo Merkel, enxergando as dificuldades de Tsipras com o controle de capitais e a dependência de liquidez do BCE para manter os bancos, rechaçou a carta de compromisso do Syriza, à espera de que a vitória do Sim leve à queda de Tsipras. Hollande, por sua vez, se mostrou partidário de travar um acordo imediatamente.

Por outro lado, este triunfo do Não, como já comunicou o porta-voz do Syriza respaldado por Tsipras e Varoufakis, será utilizado pelo primeiro ministro para forçar a continuidade das negociações fechadas pela Alemanha, e pactuar uma “austeridade moderada” e uma reestruturação da dívida, para o qual estão dispostos a aceitar “medidas duras”. Ou seja, o que vem fazendo desde o dia 20 de fevereiro, quando assinaram o primeiro acordo que abriu caminho ao abandono completo de todas as “linhas vermelhas” do Syriza.

Esta política se opõe às aspirações da ampla maioria dos votantes do Syriza que hoje se manifestaram pelo Não no referendo. Este Não também se dirige contra as negociações de uma nova austeridade, como a reforma das aposentadorias e o corte nas pensões, que foi proposto por Alexis Tsipras antes do referendo como peça de acordo com a Troika.

A derrota do Sim, como principal meio do imperialismo europeu para enfraquecer as posições do governo grego, não descarta uma possível saída da Grécia do euro fruto da eliminação da liquidez bancária do BCE aos bancos gregos.

Isso porque dificilmente a Alemanha possa aceitar calmamente um triunfo tático de Tsipras no referendo depois da furibunda campanha feita pelo Sim, o que implicaria aceitar a manobra e enviaria sinais de fortalecimento aos partidos antiausteridade na Europa.

A polarização social surgida e alimentada pelo referendo, tendo a patronal industrial e agrária grega como principal agente interno dos interesses da Alemanha na campanha pelo Sim, reativou um espírito de mobilização que esteve dormente no último período.

As contradições entre a linha negociadora de Tsipras e o amplo rechaço expresso no referendo às chantagens da Troika podem abrir fissuras entre o governo e o povo e os trabalhadores gregos.




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