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Com apenas 30% da verba anual, entrega do acelerador de partículas Sirius é adiada

Foram repassados apenas 29,4% da verba prevista para 2019, o que obriga o laboratório de luz síncrotron de 4ª geração (o segundo a ser construído no mundo) a atrasar a conclusão das obras e deixa-o ainda mais a mercê do capital privado.

quinta-feira 12 de setembro de 2019 | Edição do dia

Sírius é uma iniciativa ímpar no mundo. O acelerador de partículas mais avançado do país, com 68 mil m² de área construída, mil quilômetros de cabos elétricos, quatro mil computadores e um quilômetro de câmaras de vácuo. Suas 13 linhas de luz estavam previstas para serem entregues no ano de 2020.

Com a primeira etapa concluída em novembro de 2018, o Sírius sofre as consequências do corte de verba do governo Bolsonaro. Dos R$ 255,1 milhões de repasse previstos para 2019, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) recebeu até setembro R$ 75 milhões. Numa declaração dada no início deste mês pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, numa tentativa de dividir a comunidade científica, afirma-se a possibilidade de utilizar recursos das obras para o pagamento de bolsas do CNPq.

Segundo o diretor-geral do CNPEM, Antônio José Roque da Silva, quem encabeça o projeto, “o ponto mais importante é que foi possível fazer uma gestão para que o Sírius comece a dar retorno”. Ou seja, para que exista a possibilidade de haver investigações científicas essenciais para o tratamento de doenças como Alzheimer, Parkinson, desenvolvimento de novas vacinas, novas formas de obtenção de energia elétrica ou desvendar os mecanismos de absorção de plantas, é necessário colocar o empreendimento à serviço do capital privado.

Apesar do R$ 1,249 bilhão investido até agora ser completamente público, a gestão é de responsabilidade do setor privado. O CNPEM é a primeira Organização Social do Brasil, fundada em 1998 sob a denominação de Associação Brasileira de Luz Síncrotron. Foi a ponta de lança para deixar o desenvolvimento científico sob os desígnios de grandes monopólios, processo que se acelera enormemente no governo Bolsonaro.

“Vamos aguardar até o final de setembro, ver quanto dos R$ 255 milhões ainda vamos conseguir empenhar e receber. O que recebemos priorizamos para garantir a primeira linha de luz”, afirma o diretor. Dessa forma, Sírius já estará apto a prestar serviços para a iniciativa privada como parte do projeto de entrega dos recursos naturais e tecnológicos do país ao imperialismo por parte do governo Bolsonaro.

Fontes:

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2019/09/12/orcamento-previsto-para-sirius-impede-conclusao-do-projeto-para-2020-diz-diretor.ghtml

http://cnpem.br/instituicoes-cientificas-aderem-ao-modelo-de-organizacao-social-2/




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