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ELEIÇÕES 2018 | Ciro Gomes deseja "boa sorte" à Bolsonaro em sua incansável busca pela "neutralidade"

Ciro Gomes, depois de seu "exílio" de semanas na Europa, volta ao país e deseja "Boa sorte" para Bolsonaro. Em meio à um processo eleitoral brutalmente manipulado, Ciro ainda busca a diplomacia e "neutralidade" entre os cacos da constituição de 88.

segunda-feira 29 de outubro de 2018 | Edição do dia

Ciro Gomes (PDT), ex-candidato à presidente, derrotado no primeiro turno das eleições, se "exilou" na Europa durante todo o segundo turno, sem se manifestar sobre a intensa polarização na política brasileira e sobre o avanço iminente de uma figura reacionária com dezenas de traços fascistizantes. Jair Bolsonaro foi eleito ontem o novo presidente da república, e em minutos de confirmada sua vitória, a ala mais golpista do judiciário e do governo se manifestou em um imenso apoio à Bolsonaro, como Michel Temer que inclusive se ofereceu para tentar aplicar ainda este ano a tão sonhada reforma dos patrões: a reforma da previdência.

"Um democrata verdadeiro o que se impõe após o segundo turno é simplesmente reconhecer a vitória eleitoral daquele que teve a maioria relativa dos votos do povo brasileiro", afirmou Ciro Gomes. Não restam dúvidas de que estas eleições foram manipuladas de cabo a rabo, por um judiciário golpista que prendeu arbitrariamente o ex-presidente Lula, apoiando-se na Lava-Jato que passou por cima dos preceitos básicos do direito e que usou os mais sujos métodos, como delações premiadas e áudios vazados, para impedir o direito do povo escolher em quem votar. Além disso, sequestrou mais de 3 milhões de votos sob argumento da biometria e que tratou Lula como nenhum outro criminoso de crimes de lesa humanidade jamais havia sido tratado.

É em meio à esta eleição suja e manipulada pelas mãos do judiciário que Ciro Gomes vem para "defender a democracia". Pegando os cacos da Constituição de 88, Ciro Gomes deseja boa sorte à Bolsonaro, para que ele possa fazer "o melhor pela sofrida nação brasileira". O sofrimento de trabalhadores e a população pobre, as mulheres, negros e LGBTs é fruto do golpe institucional que possibilitou que uma série de ataques contra os direitos trabalhistas fossem implementados. A reforma trabalhista e a lei terceirização irrestrita, que arranca dos trabalhadores direitos históricos conseguidos com muita luta e que precariza ainda mais as condições de trabalho, mantendo o lucro dos patrões em meio à crise capitalista.

A "sofrida nação brasileira" viu Marielle morrer, por ser uma mulher, negra e militante de esquerda; viu morrer com 12 facadas Mestre Moa, por se opor à Jair Bolsonaro. Agora, com o filho indesejado da Lava-Jato na presidência, os capitalistas irão fazer sofrer ainda mais com um plano ultra-neoliberal de reformas e ajustes, como a reforma da Previdência, fazendo com que trabalhe-se até morrer.

Um discurso que busca ser "neutro", como Ciro Gomes tentou fazer em toda sua campanha e depois dela, não declarando voto e tentando se manter à parte de tudo que acontecia, virando pra Europa. Mas é bastante conhecido o lado de Ciro Gomes: ele está ao lado dos golpistas e dos capitalistas, que querem ajustes e reformas para massacrar todos os direitos dos trabalhadores e do povo pobre. Seu programa de governo levava a frente o que era de maior interesse para a burguesia, como a reforma da Previdência e um extenso pacote privatização de estatais.

A estratégia eleitoral levada pelo PT, que inclusive por via de Fernando Haddad desejou "boa sorte" à Bolsonaro, levando um discurso completamente demagógico sobre a resistência e luta contra Bolsonaro, e a estratégia eleitoral de Ciro de manter neutralidade, mostram o quanto é impotente frente à luta contra a extrema-direita, o golpismo e as reformas. Para resistir ao projeto cruel de Bolsonaro de imensos ajustes e reformas para fazer com que os trabalhadores paguem pela crise, é preciso construir milhares de comitês de luta por todo o país. Que cada trabalhador, jovem, mulher, negro e LGBT esteja organizado nesses comitês em seus locais de trabalho e estudo, com um plano de lutas para enfrentar Bolsonaro, a extrema-direita, os golpistas e todas as reformas. É necessário que as centrais sindicais, como a CUT e a CTB rompam com o imobilismo que vem travando as lutas dos trabalhadores, e permitindo que a extrema-direita avance contra os direitos, retomando os sindicatos como importantes ferramentas de luta dos trabalhadores.

É através da organização, levantando um programa verdadeiramente operário, capaz de responder de fato aos anseios da tão "sofrida nação brasileira" que Ciro Gomes diz, sem nenhuma confiança na estratégia eleitoral, que poderemos derrotar Bolsonaro, os golpistas e as reformas.




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