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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Cinicamente, Temer diz que “é mentira” que Reforma da Previdência atingirá os mais pobres

Durante café da manhã com deputados da base aliada, o golpista Michel Temer demonstra que não faz ideia de o que significa receber o miserável salário mínimo do país ao dizer que a reforma da Previdência não afetará os mais pobres.

Flávia ToledoSão Paulo

terça-feira 18 de abril de 2017 | Edição do dia

Na manhã desta terça-feira, dia 18 de abril, o golpista Michel Temer se reuniu em um café da manhã com os deputados da base aliada do governo - cuja aposentadoria custa, em média, 7 vezes mais que a média da aposentadoria de um trabalhador no país - para apresentar o texto da Reforma da Previdência.

Em um breve discurso, Temer disse que “ninguém quer fazer mal para o País”. Em áudio divulgado pelo Planalto, o golpista comenta sobre as críticas feitas à Reforma da Previdência por ela afetar diretamente os trabalhadores mais pobres, com piores salários. Sobre isso, ele diz: “Vou usar uma palavra forte: mentira. Mentira, porque 63% do povo brasileiro ganha salário mínimo, portanto, não vai atingir os pobres". E completa: "Os que resistem e fazem campanha são os mais poderosos. São aqueles que ganham mais. Temos que dar uma resposta a isso".

Atualmente, o salário mínimo no país é de R$937,00. O que para Temer parece ser suficiente para sustentar uma família, para os cálculos do DIEESE está bem abaixo do necessário para uma vida digna. Segundo o órgão, o salário mínimo necessário de acordo com os custos de vida referentes a março de 2017 é de R$3.673,09.

Também segundo o DIEESE, o custo da cesta básica subiu em 20 capitais e o aumento do custo de vida tem afetado cada vez mais as famílias mais pobres. Esses trabalhadores são os que, segundo Temer, não serão afetados pela Reforma da Previdência. São os que dependem muitas vezes de dois empregos, ambos precários e os que deixam sua saúde nos postos de trabalho e nos péssimos transportes públicos. São as mulheres que trabalham nos postos mais precários, recebendo salário menor e trabalhando de graça em casa cuidando das tarefas domésticas e da criação dos filhos. A eles, a proposta do golpista Temer é o aumento do tempo de contribuição e da idade mínima para se aposentar.

Temer também se confunde bastante ao dizer que os que resistem à reforma abusiva da Previdência são aqueles que ganham mais. Os maiores salários, os grandes benefícios - e, consequentemente, as melhores aposentadorias - vestem terno e gravata e estavam reunidos hoje com o presidente. A casta política brasileira vive luxuosamente com supersalários e toda sorte de privilégios, de motorista a auxílio-terno. As regras para sua aposentadoria são absolutamente mais brandas do que para o conjunto da população, e os montantes de dinheiro que recebem são uma enorme piada de mau-gosto com a população que Temer diz que não será afetada pela Reforma da Previdência.

O discurso mentiroso de Temer reforça o mote das peças publicitárias que o governo vai estrear nesta terça-feira, 18, comparando "a novidade" da Reforma da Previdência a outras medidas como o uso obrigatório do cinto de segurança, vacinas e a privatização da telefonia e até ao Plano Real. Uma verdadeira confusão para esconder que, na verdade, essa Reforma é uma medida do governo para que os trabalhadores paguem por uma crise que não criaram.

Sobre a proposta do texto da Reforma, Temer disse que a reforma foi proposta “pensando em um cenário de 40 anos no País”, mas que era sabido que seria “indispensável” dialogar com o Congresso. Segundo o golpista, após ouvir as bancadas e as observações principais, o governo teria aceitado negociar, “Sendo certo que a reforma tem um núcleo essencial que é o da idade, um pouco mais, um pouco menos, não importa, mas é algo que foi estabelecido em todos os países", afirmou.

O que Temer novamente não conta é que qualquer mudança no texto da proposta está intimamente ligada à grande paralisação nacional no dia 15 de março, em que centenas de milhares em todo o país tomaram as ruas contra a Reforma da Previdência e a retirada de direitos.




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