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Chile: levantar uma nova voz dos trabalhadores, das mulheres e da juventude

A Esquerda Anticapitalista dos Trabalhadores começa o processo de recolecção de assinaturas para se constituir como um partido legal dentro das regiões da Araucanía, Los Ríos e Los Lagos, na região sul do Chile. Assim continuará impulsionando uma alternativa revolucionária dos trabalhadores para enfrentar o próximo governo de direita de Piñera.

quinta-feira 25 de janeiro de 2018 | Edição do dia

A crise dos partidos do regime

O cenário em que se desenvolve esta legalização está cheio de contradições, já que perduram questionamentos a distintos aspectos estruturais, como ao sistema de pensões, a educação de mercado, a violência machista. Estes questionamentos se expressaram no descontento nas ruas com os justos reclamos de colocar fim às AFP (sistema previdenciário privado), a luta pela gratuidade de 2011, e também no movimento de mulheres #NemUmaMenos.

Assim como a indignação diante dos distintos casos de corrupção e abusos ao meio ambiente por parte das empresas, entre outros múltiplos aspectos, aos quais o Governo de Bachelet tentou dar respostas com reformas moderadas, acalmando as águas no imediato, mas deixando sem resolver nenhum dos aspectos de fundo. Além disso, se manifestou sua impotência para dar respostas.

Esta contradição da Nova Maioria foi capitalizada, eleitoralmente, pela Frente Ampla, nas eleições parlamentárias e no primeiro turno presidencial, enquanto que no segundo turno, quem se fortaleceu desta debilidade foi a direita, fazendo com que Piñera haja ganhado com uma diferença de quase 10%.

Ainda que seja importante ressaltar que nem tudo está cor de rosa para a direita neste momento, pois há uma crise mais de fundo que se expressa no fato de que menos da metade dos chilenos habilitados foram votar e que somente 3% da população se encontra afiliada a algum partido político.

Na realidade, ninguém possui um cenário fácil, enquanto o governo da direita deve se enfrentar a todos estes questionamentos, a Nova Maioria se encontra dentro de uma enorme crise que coloca em xeque sua razão de ser expressado na fundição da Democracia Cristã, colocando uma maior dificuldade para articular um projeto político de oposição diante de Sebastián Piñera, que parece dialogar mais com o centro.

Por outro lado, a Frente Ampla tem como desafio não terminar sendo uma coalizão ligada à Nova Maioria em crise, mas segue se moderando, com Revolução Democrática à cabeça. Esta contradição é expressada por Sharp em uma entrevista ao dínamo, “A Frente Ampla não está chamada a substituir a elite concertacionista, está chamada a refundar, junto com outros atores, a política em Chile (...) Nós não estamos contra o sistema econômico nem a inversão privada, acreditamos que o ator privado nos territórios cumpre um papel muito importante, o problema se produz quando tal ator não cumpre com a lei”.

Diante deste complexo cenário é que surge uma alternativa, que rompa com a adaptação às misérias do possível da Frente Ampla, que se debate entre a moderação e cai na crise da “velha política”, mas finalmente sem enfrentar com claridade o atual sistema econômico e aqueles que o sustentam, já que não há reformas profundas sem que se dobre a mão aos empresários, e é assim que a Frente Ampla está longe de ser uma alternativa para superar esta sociedade capitalista, para conquistar as demandas das e dos trabalhadores e do povo.

Para que um novo partido?

A formação deste novo partido é a partir de figuras como Dauno Tótoro, ex-candidato independente a deputado pelo distrito 10, na capital chilena, que não saiu eleito, mas superou em quantidade de votos a importantes figuras, como Natalia Castillo e Gonzalo Winter, deputados eleitos da Frente Ampla no mesmo distrito (10), que se favoreceram pelo sistema de arrasto de votos.

O objetivo principal é estender as forças daqueles que vêm a necessidade de enfrentar esta sociedade de exploração e misérias para os trabalhadores, que oprime as mulheres, a diversidade sexual e os povos originários. Este modo de funcionar na sociedade, é indispensável para que o quintil mais rico concentre 72% da riqueza no Chile, onde as leis que são herança da ditadura continuam intactas.

As assinaturas por uma nova voz são para dar continuidade à existência legal do Partido de Trabalhadores Revolucionários (organização irmã do MRT do Brasil), a qual se vê em risco pela possibilidade de dissolução, por não ter alcançado 5% da votação nacional ou um mínimo de quatro parlamentários em (pelo menos) duas regiões distintas.

Os requisitos nomeados anteriormente são um obstáculo para a emergência de uma nova força que não tem o apoio dos empresários, e que está composta por trabalhadores, mulheres e estudantes. Além disso, pela primeira vez tem participação dentro das eleições parlamentárias, com todas as desigualdades em relação ao pressuposto e discriminação por parte dos meios de comunicação, entre muitas outras dificuldades.

Isto é o que torna necessário o caminho a fundir a Esquerda Anticapitalista dos Trabalhadores com o Partido de Trabalhadores Revolucionários (PTR) e estender em três novas regiões a legalidade, fortalecendo uma alternativa anticapitalista dos trabalhadores, avançando em construir uma organização a nível nacional com estes propósitos.

Algumas das propostas deste novo partido de trabalhadores são colocar fim às AFPs, que a pensão e o salário mínimo sejam equivalentes ao núcleo familiar; levantar uma lei de emergência que possa prevenir a violência às mulheres, à diversidade sexual e os feminicídios; educação e saúde públicas, gratuitas e de qualidade, financiada pela renacionalização dos recursos naturais, sob administração dos trabalhadores; e a repartição das horas de trabalho, em que a jornada laboral tenha uma duração de 6 horas diárias e que sejam 5 dias por semana, para haver tempo e trabalho para todos.




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