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CHILE | Chile: cresce convocatória para a greve geral no dia 30 de abril

No dia 14 de Abril, a Central Única de Trabalhadores do Chile convocou a "greve geral sanitária” para o dia 30 do mesmo mês. A medida de força tem como objetivo exigir o cumprimento do terceiro Plano de Emergência apresentado pela central ao presidente Sebastián Piñera

quarta-feira 28 de abril de 2021 | Edição do dia

Entre as demandas mais relevantes estão o aumento do salário mínimo para 500.000 pesos chilenos (cerca de 700 dólares); uma renda básica universal de emergência para 80% da população e o congelamento dos preõs de alimentos e insumos básicos.

Na quarta-feira passada (21), milhares de pessoas mostraram o descontentamento diante da política miserável do presidente Sebastián Piñera, que recorreu ao antidemocrático Tribunal Constitucional do Chile (o STF chileno) para tentar impedir que milhões de chilenos e chilenas possam retirar pela terceira vez o 10% do dinheiro que possuem em seus fundos de pensão para diminuir sua desastrosa situação econômica.

Piñera sofreu uma derrota na quinta-feira da semana passada, quando o Senado chileno aprovou no geral a reforma constitucional que permitiria o terceiro saque do fundo de pensão. Com 31 votos a favor e 11 contra, ocorreu uma divisão em sua própria coalizão, já que dentre os votos favoráveis, 7 foram governistas.

Com a solicitação de inconstitucionalidade ao Tribunal Constitucional, Piñera incendiou o clima social e surgiram manifestações, paralizações em vários portos do país, com declarações e anúncios de mobilizações de diversos setores de trabalhadores chilenos.

Uma das que teve grande repercussão foi a declaração da União Portuária, que anunciou, no mesmo dia que a medida de Piñera, uma paralisação escalonada, que começou na quarta-feira até que Piñera retire o recurso e os fundos possam ser retirados.

“As ajudas que estão sendo direcionadas ao povo são insuficientes. Um terceiro saque tão pouco é o fim da luta, nós queremos acabar com o sistema da AFP (Administração dos Fundos de Pensões), mas, novamente, ontem (quarta) nós reivindicamos uma mobilização progressiva e também fizemos um chamado a todos os demais sindicatos, avaliando as próximas mobilizações”, manifestou um dos dirigentes portuários, Juan Pablo Pizarro, a CNN.

Desde o chamado de terça-feira, tendo em vista o dia 30, se têm somando a mobilização os principais portos do Chile, com cortes de ruas, paralisações e protestos nos locais de trabalho.

Ocorreram ações em diferentes portos do país. Cortes, ações nas ruas como em Las Ventanas, paralisações em Antofagasta, Mejillones e Valparaíso, e mobilizações em San Antonio.

A luta dos portuários tiveram repercussão internacional. A International Dockworkers Council (IDC) emitiu um comunicado anunciando o bloqueio das cargas chilenas no exterior, uma ação desafiante contra os empresários e seus políticos.

As ações portuárias ganharam a opinião pública e simpatia popular, mostrando mais uma vez o potencial que tem a classe trabalhadora e seus setores estratégicos.

Elas influenciaram os trabalhadores da mineração, setor estratégico da economia chilena, a também se colocarem na situação. Assim ocorreu com o comunicado que soltou a Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC), colocando que diante da “soberba, incompetência e prepotência do governo de Piñera” fizeram o chamado aos trabalhadores mineiros a entrar em estado de alerta e preparem-se para as mobilizações em apoio às demandas do povo.

Da mesma maneira, os mineiros integrantes da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores Contratistas (CNTC), afirmaram que se Piñera insistir em impedir o terceiro saque, as e os trabalhadores contratistas farão se efetivar o chamado a paralisação das 5 divisões em que se encontra.

Por último, seguindo a mesma lógica da FTC, a Coordenadoria de Trabalhadores e Trabalhadoras da Mineração da qual faz parte, e que agrupa também a Confederação de Trabalhadores do Cobre (CTC), a Federação de Supervisores do Cobre (FESUC), a Confederação Mineira do Chile, a Federação de Supervisores da Mineiração Privada do Chile (FESUMIN), a Federação Mineira do Chile (FMC) e a Federação Sindicatos Antofagasta Minerals (FESAM), que agrupa os sindicatos das mineradoras do grupo Luksic, declararam sua solidariedade com as famílias trabalhadoras e com o povo, convocando os organismos que são parte desta Confederação a discutir e definir as iniciativas para apoiar e solidarizar contra as medidas de Piñera.

Na última quinta-feira, o Sindicato de Trabalhadores da mineradora Spence, fez um chamado a somar com força a greve do dia 30 de abril.

Frente a greve geral convocada pela CUT, Lester Calderón, jovem dirigente do Sindicato da fábrica de explosivos Orica, destacou o exemplo dos portuários e diversos setores de trabalhadores, da mineração, do transporte público, metrô, educação, entre outros, que decidiram rechaçar a medida de do governo, convocar as bases, somar-se às mobilizações e a greve sanitária.

Calderón, que também é candidato a governador da região de Antofagasta pela Lista de Trabalhadores Revolucionários enfatizou a necessidade de que “a CUT e os 190 dirigentes convocantes, organizem desde as bases e em assembleias, um plano de luta visando a greve, a qual deve ser efetiva e ativa, confluindo trabalhadores, povos, organizações territoriais e sociais, para conquistar nossas demandas, como um imposta progressivo sob as grandes fortunas e mineradoras, um salário mínimo de $550.000, salários de emergência iguais a cesta básica familiar para todas e todos os demitidos, com contratos suspensos e informais, proibição das demissões e a revogação da Lei de Proteção ao Emprego, NO + AFP (Administração dos Fundos de Pensões), e pela liberdade das e dos presos políticos. Administração dos Fundos de Pensões

O jovem dirigente do PTR, grupo que impulsiona o Esquerda Diário no Chile, agregou que “é importante que esta ação não termine em um ato, é momento de virar as mesas de uma vez por todas, para isso, é necessário impulsionar coordenações e comitês de greve para discutir um plano de luta para dar continuidade a paralisação e avançar a uma grande greve geral que consiga derrubar Piñera, e que seja substituída por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, sem o quórum de ⅔, na qual os maiores de 14 possam votar, sem os privilégios aos partidos tradicionais como temos visto ocorrer nesta Convenção, onde exista liberdade das problemáticas a tratar. E que não tenha nenhuma instituição que fique por cima, porque se não seguiremos vendo como o presidente, o Tribunal Constitucional e o mesmo Senado seguirão sendo guardiões dos bolsos dos donos do Chile. É com esta força, da classe trabalhadora e do povo,que podemos derrubar Piñera e romper com o enganoso “Acordo pela Paz”, em referência ao pacto entre as forças com representação parlamentar que colocou em marcha a Convenção Constitucional manipulada.




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