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Chile: Piñera importa veículos de repressão em vez de testes para o coronavírus

Em meio à crise que está gerando a rápida propagação do vírus COVID-19, nesta segunda-feira, 16, circularam imagens dos novos veículos equipados com canhão de água que chegaram da Turquia ao Chile. O governo de Piñera, no entanto, não importa testes de detecção do vírus e anunciou um miserável aumento tarifário, que parece uma piada depois de trinta anos de precarização do sistema sanitário.

quinta-feira 19 de março de 2020 | Edição do dia

Tradução do artigo Prioridades: arriban nuevos "guanacos" y no nuevos test de detección del coronavirus, publicado no La Izquerda Diario do Chile.

Enquanto todo o Chile se atenta aos cuidados preventivos ao coronavírus, acabam de chegar ao país dois novos veículos equipados com canhão de água, que se somam a uma grande frota de diversos veículos repressivos adquiridos pelo governo de Piñera. Em meio a uma crise histórica e de mobilizações que já duram cinco meses, o governo do Chile já vinha aumentando o equipamento das forças de repressão; e durante a crise do coronavírus, destina impostos para a compra de suprimentos para as polícias, enquanto mantém o sistema sanitário sem financiamento, que já vem sendo desmantelado há mais de trinta anos.

Isto mostra de maneira cabal quais são as prioridades para o Estado: parece que controlar uma pandemia é menos importante que controlar a população que se mobiliza há cinco meses contra estes últimos 30 anos e este governo assassino.

Estes veículos são os primeiros a chegar ao país; se sabe que sua compra não é fácil já que não há empresas que tenham um estoque deste tipo de veículo, motivo pelo qual foram fabricados fora do país. Se estas são as prioridades, nem podemos falar em importação de provas de detecção do coronavírus mais rápidas como o “Roche’s coba”, que demostrou ser 10 vezes mais rápido que o teste tradicional. Nos países onde o exame foi feito massivamente – como na Coreia do Sul –, a rápida detecção de casos permitiu a diminuição da taxa de mortalidade, diferente da Itália.

Torna-se simbólico que centenas de milhares que saíram às ruas exigiram, entre outras coisas, um sistema de saúde público digno, pois, diante desta pandemia que percorre o mundo, o mais perigoso é nosso sistema de saúde deficiente e mercantilizado. Ainda que o ministro da Saúde Mañalich tenha explicado que o Estado interveio na cobrança excessiva pelo exame de detecção – em clínicas privadas, os preços superavam 100 mil pesos –, a concessão estatal chega a 100% somente para quem pertence ao Fonasa (Fundo Nacional de Saúde do Chile) nos grupos A e B (famílias de baixa renda), enquanto o custo máximo que um paciente poderá pagar será de 14.040 pesos, se se realiza o teste em uma clínica de livre escolha com convênio com o Fundo de Saúde. Por outro lado, nada se fala da unificação entre a saúde pública e a privada para garantir o atendimento a qualquer pessoa que apresente sintomas ou da busca por realizar a maior quantidade possível de exames de detecção.

Com tudo isto, se mostra evidente que, desde que o governo avistou a chegada do COVID-19, preferiu se preparar para seguir reprimindo as manifestações sociais ao invés de trabalhar em um plano eficiente e eficaz para enfrentar tal crise sanitária. É por isso que, ainda que seja imperante tomar medidas contra a propagação do vírus, não podemos deixar de questionar as decisões que as autoridades tomam, pois enquanto destinam parte dos impostos estatais em reforços para nos reprimir assim que possamos voltar às ruas, há um setor da população que se pergunta se gasta dinheiro com álcool gel ou guarda para comer no resto do mês. O Estado deve garantir testes de detecção preventiva para toda a população, 100% gratuito e em lugares adequados.




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