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LGBTFOBIA | Chechênia teria torturado e assassinado cantor russo em campo de concentração anti-gay

Ativistas LGBTs denunciam que o cantor russo de música pop Zelimkhan Bakaev teria sido preso, torturado e assassinado em um campo de concentração para gays na Chechênia. Autoridades russas negam.

Adriano FavarinMembro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

quarta-feira 25 de outubro de 2017 | Edição do dia

Bakaev, 26 anos, foi visto pela ultima vez dia 08 de agosto em Grozny, na capital da Chechênia. Ele teria vindo de Moscou para participar do casamento de sua irmã. A conta do Instagram de Bakaev foi misteriosamente excluída e uma conta de Twitter em seu nome não oferece atualizações desde então.

No início da semana, Igor Kocketkov, da rede russa LGBT, fez uma declaração para a mídia sobre o seu desaparecimento: “no final de agosto, recebemos a confirmação de nossa anterior presunção de que [Bakaev] foi detido pelas autoridades chechenas devido a suspeita de homossexualidade”. Igor ainda afirmou que outros artistas e pessoas ligadas a arte e ao entretenimento na Chechênia haviam sido submetidas a tortura pelas autoridades.

As autoridades russas negam qualquer conhecimento do paradeiro de Bakaev. A mídia russa alega que o jovem cantor teria abandonado o país com destino a Alemanha. Isso, porque ele, supostamente, apareceria em vídeos dizendo gostar muito de estar na Alemanha. Esses vídeos, no entanto, já foram denunciados como falso pela rádio Free Europe. Entre as obviedades, o quarto onde tal vídeo foi gravado teria vários símbolos russos, tal como uma bebida energética que não é vendida na Alemanha.

A República da Chechênia, que forma parte da Federação Russa, tem virado notícia desde abril de 2017 após denúncia do jornal russo Novaya Gazeta de que o governo de Ramzán Kadirov havia criado um campo de concentração para gays obrigando os homossexuais chechenos a fugir do país para não serem assassinados. Também denunciava que as famílias dos homossexuais aprisionados eram ameaçadas a darem um fim no seu próprio parente, caso contrário, as autoridades chechenas o fariam.

Segundo novas informações, um dos vários campos de concentração que o governo manteria em segredo poderia estar localizado em um antigo complexo militar da cidade de Argún, que deveria estar abandonado e fora de uso há anos. A resposta das autoridades chechenas tem sido a negativa, alegando que em seu país “não existem gays e que, se houvessem, as forças de segurança não precisariam intervir, porque as próprias famílias dos homossexuais se encarregariam de se livrar desse mal”.

No início do mês, o ativista russo Maxim Lapunov tornou-se a primeira vítima da perseguição homofóbica do Estado da Chechênia e da cumplicidade do governo russo a desafiar as ameaças de morte das forças de segurança e denunciar publicamente as torturas e a perseguição em massa aos gays nessa República do Cáucaso.

“Até agora o principal argumento das autoridades para se recusarem a investigar era a ausência de testemunhas. Pois agora eles já têm a primeira. (...) durante todo o tempo em que estive no porão eles traziam novos detentos constantemente. Ouvi como eles eram agredidos. Pelas conversas, compreendi que todos eram suspeitos de serem homossexuais. (...) Eles me advertiram que se eu denunciasse o ocorrido, algo muito ruim aconteceria. Eles me encontrariam, abririam um processo penal, me julgariam e me mandariam para a prisão. Ou simplesmente fariam represálias contra mim e contra a minha família”.

Até o momento o governo de Putin mantém um silêncio omisso e cúmplice. As Nações Unidas e os governos da Europa e dos EUA se calam e fecham os olhos para essa atrocidade que só tem paralelo com a perseguição feita pela Alemanha nazista. Nos solidarizamos com a população LGBT de toda a Rússia e com os familiares do cantor Bekaev, assim como exigimos justiça contra os homofóbicos crimes que as autoridades da Chechênia tem praticado.




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