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REPRESSÃO | Cercar de solidariedade os estudantes processados da PUC-Campinas

Frente ao absurdo que é a continuidade da perseguição chamamos a comunidade acadêmica a se solidarizar e contribuir em defesa da autonomia dos movimentos dentro do ambiente universitário.

Taís Roldãoestudante da PUC e militante do Pão e Rosas

segunda-feira 6 de agosto de 2018 | Edição do dia

Em meio a um cenário de organização dos estudantes para debates que se posicionavam contra a PEC 241 e a Reforma do Ensino Médio - que o governo golpista de Temer tentava aprovar-, e reivindicavam Permanência Estudantil, em 2016, a PUCC iniciou um processo perseguindo 6 dentre as centenas de estudantes que participavam de várias atividades. O processo corre desde então, sendo realizadas no primeiro semestre as audiências de instrução, sendo então cada um dos estudantes condenados em primeira instância a pagar uma multa de R$10.000 por uma suposta ameaça de ocupação, que nunca nem chegou a ser proposta em assembleias.

A perseguição se de forma tão arbitrária que atingiu somente alunos beneficiados dos programas governamentais ProUni e FiEs, inclusive estudantes que não estavam nas movimentações nas assembleias. Um dos principais argumentos para processá-los se baseia em um compartilhamento de Facebook dessa matéria. A perseguição aos estudantes foi tão intensa que juntou-se às pautas do movimento o repúdio a repressão que a PUCCAMP e a Justiça estavam fazendo contra os estudantes, sendo organizados inclusive atos dentro da universidade em apoio aos mesmos.

A mobilização na PUCC ocorria em conjunto com outras mobilizações em âmbito nacional, logo após os estudantes da UNICAMP conquistarem através de uma longa greve o acesso por cotas étnico-raciais. Nacionalmente ocorria uma dura luta contra o ataque a estrutura do Ensino Médio, um dos tantos ataques do governo golpista. Importante lembrar que aquele foi o primeiro ano do ilegítimo governo Temer, apoiado pelo STF e um grande setor privatizante, inclusive o setor de educação privada, que tem papel fundamental na elaboração do projeto de Reforma do Ensino Médio.

Esse processo está preenchido desde o começo de uma forte censura ao movimento estudantil na PUCC, que sequer pode se reunir sem que os seguranças tirem fotos, peçam identificação e registrem o conteúdo dos debates. Importante salientar que esses métodos são herdeiros do momento de maior censura e repressão no Brasil,a ditadura militar, que a PUCC tanto se orgulha de ter tido alunos combativos e críticos que lutaram contra a mesma. Tal atitude escancara a maior valorização do patrimônio privado do que de uma educação plural e democrática, papel fundamental de uma universidade para proporcionar uma formação acadêmica crítica e que torne seus alunos pensadores independentes, para que assim sejam capazes de pensar um novo projeto de país e de sociedade.

É um absurdo que uma instituição como a PUC de Campinas, que se coloca como uma filantrópica e, portanto, sem fins lucrativos, tenha a coragem de requerer através do judiciário que estudantes paguem uma multa por uma ocupação que nunca existiu, em um contexto no qual a grande discussão não era ocupar ou não a universidade, e sim debater pautas que diziam respeito à educação e à conjuntura política nacional, nada a mais do que deve ser o debate dentro de um ambiente de ensino. Os absurdos desse processo, que segue na Justiça, não está só nos 6 estudantes bolsista, está também na repressão do espaço político da universidade.

À luz desse processo, é fundamental que as entidades, como os Centros Acadêmicos e inclusive a APROPUC (Associação de Professores da PUC) defendam o espaço democrático dentro do ambiente universitário, sabendo que isso interfere na vida de todos alunos, funcionários e professores da universidade. A PUCCAMP ganhar esse processo significa mais uma perda para um ambiente universitário democrático, para os bolsistas e todos que buscam a universidade como um local de novas ideias, e uma abertura de um precedente brutal para futuras repressões dentro da universidade e para perda da liberdade de expressão e direito à auto-organização dos estudantes dentro desse espaço. Por isso chamamos a toda comunidade acadêmica para realizar uma campanha financeira para arrecadar fundos para os processados, para mostrar novamente que não estão sozinhos, auxiliando nos gastos com a defesa do processo e mostrando todo nosso apoio.




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