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Enchentes | Centenas de cidades em Minas Gerais atingidas por enchentes e fortes chuvas

Municípios por todo o estado de Minas Gerais já foram fortemente atingidos por enchentes, deslizamentos e outros desastres em meio às fortes chuvas, com vários declarando estado de emergência.

domingo 9 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Já chega às centenas o número crescente de cidades de Minas Gerais que decretaram estado de emergência frente às fortes chuvas que atingem o estado neste fim de semana. Em entrevista à CNN, Romeu Zema, governador do estado, afirmou que “cidades que até ontem não haviam decretado estado de emergência passaram a fazê-lo, porque rios transbordaram. O último número que eu tenho é de cerca de 154 cidades. Mas, muito provavelmente, com as chuvas intensas desse final de semana, vai ser ampliado”.

Desastres atingem vários pontos e cidades importantes de MG. Dentre estes, chocou o Brasil ontem o desabamento de um rochedo de um cânion na cidade Capitólio sobre lancha de turistas, que já deixou pelo menos 10 mortos e mais 2 ainda desaparecidos.

À tragédia, se soma o transbordamento de um dique da barragem explorada pela empresa de mineração Vallourec, na mina Mina Pau Branco na região metropolitana da capital Belo Horizonte, bloqueando a estrada BR-040 (RJ-MG). Moradores ficaram em alerta com a possibilidade de que a barragem possa vir a romper-se, fruto da exploração da multinacional e da mineração predatória com barragens à montante, palcos de desastres anunciados na história recente do estado.

Em todo o estado, cujas enchentes começam no norte do seu território, já são 8 mortes relacionadas diretamente com as inundações, fora as de Capitólio, e ao todo, 3.374 pessoas estão desabrigadas. 13.723 habitantes estão fora de suas casas, mas alocadas em moradias de familiares, amigos ou conhecidos.

Na cidade de Brumadinho, famílias já começaram a ser evacuadas de áreas de risco de enchentes com o transbordamento do Rio Paraopeba. Na estrada entre Brumadinho e Mário Campos, uma pedra deslizou da encosta, atingindo uma van. Não houve feridos.

Outros deslizamentos ocorreram em Contagem, onde bloquearam a Via Expressa e atingiram um veículo que passava no local e em Itabirito, provocando o desmoronamento de uma casa, com um casal de moradores dentro. Não houve mortes. Também em Itabirito, o KM 580 da BR-040 foi interditado por deslizamentos. Em Ibirité, um barranco deslizou, e pelo menos cinco casas desabaram, levando à hospitalização de duas pessoas, que ficaram presas nos escombros.

Alagamentos ocorreram em vários pontos da cidade de Belo Horizonte, levando ao fechamento de vias. No bairro de São Pedro, uma casa desmoronou. Também na cidade de Betim, onde a barragem da Várzea das Flores atingiu 100% da capacidade. Em Raposos, cerca de 300 casas ficaram inundadas após o transbordamento do Rio das Velhas, com dezenas de pessoas conduzidas a abrigos. Em Congonhas, São Joaquim de Bicas e Juatuba, alagamentos deixaram dezenas de pessoas ilhadas.

Por todo o estado, a tragédia anunciada das chuvas repete a história já muito conhecida de despreparo e respostas insuficientes, reeditando o sofrimento que se passa também no estado vizinho, a Bahia, com a inação criminosa do governo Bolsonaro e dos governadores. No caso de Minas Gerais, responsabilidade direta também de Romeu Zema, cujo governo prioriza as empresas de mineração e tenta passar uma onda de privatizações, em um estado já tão castigado pela privatização da Vale.

Todos os anos, em Minas, na Bahia e em vários pontos do país, a época de chuvas é sinônimo das mesmas catástrofes de inundações, desabamentos e desalojados. Não por uma falta de previsibilidade, ou por qualquer falta de meios para se preparar para os eventos, mas por uma política guiada pelos lucros dos empresários, que ano após ano corta recursos da prevenção a desastres em nome da “responsabilidade fiscal”, e mesmo agora segue colocando obstáculos à organização de recursos e esforços para o atendimento das vítimas e prevenção de futuros desastres.

Cidades na Bahia e outros estados começam o ano debaixo d’água graças à Bolsonaro e os governos

Enquanto Bolsonaro e seus ministros tiram férias, e os governos estaduais e prefeitos tentam se autoinocentar, dando respostas completamente insuficientes, é preciso organizar a luta dos trabalhadores e estudantes para não só fazer surgir uma resposta operária e popular à crise, mas romper com qualquer confiança nos governos, responsáveis pela atual situação trágica, avançando para responder pela raiz as causas estruturais dos desastres, o que só pode ser feito com um grande plano de obras públicas e uma reforma urbana radical, sob gestão dos próprios trabalhadores e controle popular, junto a universidades e pesquisadores em organismos de democracia de base independentes e soberanos, batendo de frente com a propriedade privada capitalista e o planejamento baseado na lógica do lucro!

As centrais sindicais como a CUT, que dirige a maioria dos sindicatos do país e os principais sindicatos de Minas Gerais, precisam organizar a luta por um plano de emergência já, onde desabrigados, desalojados e afetados pelas chuvas possam ser atendidos, assistidos, ressarcidos e se autorganizarem para os próximos passos da batalha contra a organização das cidades para os empresários e os capitalistas.

Leia mais: Enchentes na Bahia completam um mês de tragédia capitalista. Por uma resposta dos trabalhadores!

As organizações e as parlamentares da esquerda, os movimentos sociais, associações de bairro, devem ser parte de uma força para garantir que o plano de emergência e o plano de obras públicas sejam iniciados, colocando em cena os trabalhadores e a população, reconstruindo as cidades em uma perspectiva que atenda a maioria, o que só é possível, se chocando com os interesses dos grandes capitalistas.




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