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Polo em SP | Centenas de ativistas lançam em São Paulo o Polo Socialista e Revolucionário

Na sexta-feira, dia 03/12, centenas de ativistas se reuniram no Sindicato dos Metroviários de São Paulo para lançar nessa grande cidade o Polo Socialista e Revolucionário. A atividade também foi transmitida pelo Youtube.

segunda-feira 6 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Frente ao aprofundamento do cenário de degradação da vida no país e dos ataques aos trabalhadores e os setores oprimidos intensificados pelas mãos de Bolsonaro e Mourão, mas também por aqueles que se colocam como “oposição”, como João Doria e Sérgio Moro, o Polo Socialista e Revolucionário vem como uma iniciativa que busca reunir ativistas em torno de uma política de independência de classe.

Como Magno de Carvalho, Diretor do SINTUSP e do Coletivo Piqueteiros e Lutadores, colocou na abertura do lançamento que “o grande objetivo desse polo é levar a discussão da necessidade da revolução para a nossa classe (...) quem faz uma revolução são as amplas massas e está na hora da gente dizer isso pros nossos companheiros, nas nossas bases, nos sindicatos, nos movimentos populares e nas ruas (...)”.

O Professor da USP, Rodrigo Ricupero, tomou a palavra na sequência para apresentar o Manifesto inicial de lançamento do Polo, já apontando este como um documento que “apontava uma questão quando foi escrito que era sobre as lutas que estavam em curso contra o governo Bolsonaro aqui no Brasil, o Fora Bolsonaro e Mourão, como uma tarefa urgente. Essa tarefa foi abandonada pela direção dos principais agrupamentos da esquerda brasileira, e como o Manifesto alertava e se confirmou mais rapidamente, se abandonou essa luta contra o governo Bolsonaro e Mourão em troca da perspectiva eleitoral que se constrói para o próximo ano. E uma perspectiva de manutenção da ordem, de manutenção do sistema.” e encerrou dizendo que “A gente sabe que a perspectiva de acabar com o governo Bolsonaro para uma perspectiva de conciliação de classes não resolve nada.”

Também como parte da mesa do lançamento, Marcello Pablito, trabalhador do Instituto de Geociência da USP, Diretor de Base do SINTUSP e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), enfatizou a importância do lançamento do Pólo Socialista e Revolucionário em São Paulo “a cidade mais rica do país em que ao mesmo tempo vemos setores da nossa classe passando fome, numa situação extrema de pobreza e precarização (...) a contradição que tem a burguesia é que aqui na cidade de São Paulo existe um setor da classe trabalhadora concentrado e podem com seus métodos paralisar a produção circulação de mercadorias e pessoas contribuindo para que (...) a classe trabalhadora brasileira entre em cena e faça tremer os governos e patrões”. Pablito fez um chamado a que todos os setores presentes construam plenárias nas regiões de São Paulo para debater o programa, a política e a estratégia do Polo Socialistas e sair mais organizado para enfrentar o governo Bolsonaro, Mourão e todo esse regime do país, assim como reforçou a importância de que mais forças e organizações políticas se somem à essa iniciativa e à sua construção programática, particularmente os companheiros que hoje estão dentro do PSOL e tem visto criticamente o caminho que esse partido vem tomando de seguidismo ao PT e á conciliação de classes.

“Imaginem se aqui em São Paulo, um lugar que tem um peso político e econômico muito importante e onde ocorreram diversas lutas se a esquerda estivesse unida, colocando toda nossa militância organizando medidas de solidariedade onde estamos para que as greves dos operários da construção civil da MRV, dos metroviários e ferroviários que são setores estratégicos pudessem ir adiante e se unificar. Se nas lutas dos trabalhadores da Rede TV, da Proguaru, dos metalúrgicos de São José dos Campos e dos professores e servidores municipais de São Paulo pudéssemos atuar em comum cercando de solidariedade essas lutas. Isso colocaria cada uma delas em muito melhores condições para vencer e a partir daí poderíamos também nos dirigir com muito mais força às grandes centrais sindicais para que de fato construíssem uma paralisação nacional que preparasse uma greve geral no país. Companheiros é só assim que vamos obrigar essa burocracia sindical a sair do gabinete e fazer alguma coisa”. Assim concluiu Pablito, considerando muito importante a experiência da Frente de Esquerda - Unidade (FIT-U) na Argentina, uma coalizão de independência de classe que defende a luta por um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo e que levanta este programa para que os capitalistas paguem pela crise, e que teve um impressionante resultado eleitoral.

Por fim, Vera Lúcia, dirigente do PSTU, ressaltou a importância dessa iniciativa de organizar os ativistas que estão à frente das lutas e o conjunto da classe trabalhadora brasileira e da juventude. “Nesse Pólo estamos para além de atuar nas eleições, pois sabemos que elas [as eleições] são marcadas e controladas pelo poder econômico. Consequentemente, a classe trabalhadora (...) precisa discutir um programa para essa sociedade que resolva o problema do desemprego, queremos emprego para todo mundo, redução da jornada de trabalho drasticamente, aumento dos salários, nós temos que deixar de pagar a dívida pública porque precisamos de dinheiro para atender às nossas necessidades, temos que virar do avesso, ao contrário, todo o sistema de imposto deste país. A burguesia vai fazer isso? Não. Mas a classe trabalhadora precisa fazer de forma organizada. Então esse programa e esse projeto queremos discutir conjuntamente”.

Após a abertura, vários ativistas intervieram, desde a Plenária e pela via de vídeos. O Professor da USP Jorge Luiz Souto Maior e o Professor da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio enviaram suas saudações. Outras organizações políticas, como o Grupo Operário Internacionalista (GOI), o Coletivo Vozes do QA, o Emancipação Socialista e a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) também intervieram apontando seus acordos e divergências com o Polo e a necessidade de seguir as discussões pela construção dessa alternativa.

Os grupos de juventude Faísca e Rebeldia também saudaram o espaço e apontaram a importância da aliança operário-estudantil. Pedro Pequini, estudante da letras da USP e da Faísca apontou “o Polo Socialista e Revolucionário tá nascendo em um momento muito difícil, onde as ilusões nas vias institucionais, no reformismo e em deturpações do marxismo, como é stalinismo, crescem na juventude. Por isso mesmo precisamos mais do que nunca de uma juventude que não tenha medo de dizer que precisamos batalhar pelo fim do vestibular, pela estatização das universidades privadas pra atender a toda demanda, pelo fim do pagamento a dívida pública que suga os recursos da saúde e educação para sustentar os lucros dos capitalistas imperialistas”.

Lauro, Diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação, Altino e Fernanda, Diretores do Sindicato dos Metroviários de São Paulo também reforçaram a importância da construção do Polo nos seus locais de trabalho e na resistência aos ataques que os governos vêm buscando impor, como a recente venda da sede do Sindicato dos Metroviários. Também participaram do lançamento lideranças de movimentos sociais, como a Ocupação Queixada, de Cajamar, a Ocupação Campala, da Zona Leste e o Coletivo Trabalhadores em Luta, grupo de oposição sindical atuante nos servidores municipais de Campinas.

Ao final da atividade, Irene, do grupo Luta Popular, também parte da mesa de lançamento, fez um encerramento apontando como “no Brasil todo temos discutido o Polo como uma necessidade pro momento que estamos vivendo, pra crise econômica, sanitária e social que estamos vivendo e para as alternativas políticas que tem sido colocadas e empurradas goela abaixo sobre os trabalhadores e trabalhadoras e a necessidade de aglutinarmos todo mundo que não esteja caindo nesse papo e esteja consciente da necessidade de construir essa saída e alternativa de classe e independente. (...) Esse processo está somente começando, é um momento embrionário da onde queremos chegar, que é a construção de um programa estratégico para nossa classe (...) que vai ser feito com as pessoas com quem cotidianamente ocupamos terra e moramos, trabalhamos e fazemos greve, conhecemos e construímos no nosso cotidiano. E a proposta para a continuidade do Polo (...) é começar a construção de plenárias e atividades nas nossas regiões, locais de trabalho e bairros, e que essas plenárias sejam espaços onde consigamos construir um debate de programa. (...) Que essas propostas possam ser sistematizadas e remetidas para a página polosocialista.com.br onde todo mundo possa acessar e ver quais os debates que estão sendo feitos pelos companheiros de cada canto do Brasil onde esta sendo construído o Polo.”

Durante o lançamento e após também tiveram intervenções artísticas, como a participação do rapper Igo e do rapper Vidal e o samba de Dema, encerrando a atividade com uma confraternização entre os ativistas e lutadores presentes.




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