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Após um mês morando em um condomínio em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio de Janeiro, casal LGBT recebe carta com xingamentos racistas e homofóbicos justificados com passagens da Bíblia.

quarta-feira 25 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Na última sexta-feira, 20, Júnior Santos e Maycon Aguiar, que decidiram morar juntos em um condomínio da zona norte da cidade carioca há um mês, receberam uma carta de um dos seus nove vizinhos com xingamentos homofóbicos e racistas.

O casal conta que o bilhete iniciava com uma citação de um livro da Bíblia, o Levítico, o qual, segundo a interpretação de quem escreveu a carta, apontaria como Deus não havia criado homens para se relacionarem com homens e mulheres com mulheres. Afirmava também que o comportamento do casal envergonhava Deus e, portanto, nenhum condômino era obrigado a conviver com eles. Por fim, o autor da carta ainda dizia que “gente de cor e ainda por cima afeminada não está no nível dos que moram aqui”, pedindo ao casal que se retirassem.

Acompanhados por uma vizinha e amigos, o casal se dirigiu à 27ª Delegacia de Polícia, onde foram informados de que nem uma ocorrência seria possível de ser feita, já que a carta não possuía indicação de autoria. Decidiram, entretanto, em buscar acompanhamento jurídico e evidências que permitiriam a abertura de uma investigação, recorrendo às imagens das câmeras de segurança do condomínio. No entanto, a administração do condomínio informou que as imagens das câmeras seriam enviadas somente à polícia, assim, o casal chamou uma reunião urgente e extraordinária para todo o condomínio, a fim de tratar de todo o ocorrido e discutir a questão do acesso às imagens das câmeras.

O casal garante ir até o fim nas investigações e denunciar o autor da carta pelo crime de racismo. Lamenta ainda que homofobia não seja juridicamente caracterizada como crime, mas afirma que por injúria, ao menos, irá incriminar quem escreveu o bilhete.

A homofobia e o racismo são problemas históricos no Brasil e no mundo, se apoiando, muitas vezes, em discursos religiosos, conservadores e repressores. O Brasil é o país em que mais LGBTs são mortos por ano por intolerância, por homofobia e transfobia; em que a cada 23 minutos um negro é morto. Inclusive são conteúdos como os dessa carta que permeiam o discurso de políticos como o do recém eleito na capital carioca, Crivella, e de Bolsonaro, que também se utilizam de argumentos religiosos de forma arbitrária para justificar o racismo, a homofobia e o machismo presentes em sua política. Ainda assim, ataques como esse formam a história de resistência e luta de setores oprimidos, como os LGBTs e os negros.




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