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CARREFOUR PAGA A MAIOR INDENIZAÇÃO DA HISTÓRIA | Carrefour fecha acordo com MP e vai pagar 155 milhões de indenização pela morte de Nego Beto

O Carrefour assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público(RS), o MPF, a Defensoria Pública do RS e da União, além de entidades como Educafro e Centro Santo Dias Arquidiocese de São Paulo. O valor ficou acordado em 115 milhões de reais, maior indenização via TAC da história

quarta-feira 16 de junho de 2021 | Edição do dia

Na última semana o Carrefour havia entrado em acordo através do TAC com o MP de que iria pagar 120 milhões de reais de indenização, mas ao longo desta semana, voltou atrás e diminuiu a indenização em 5 milhões. Este tipo de acordo, que envolve diretamente o judiciário, empresa e entidades ligadas a movimento sociais e de direitos humanos, serve para reparar danos a comunidade e evitar que a empresa seja acionada na justiça. O dinheiro irá para ações de enfrentamento ao racismo. A família de Nego Beto não irá receber esse dinheiro

Nego Beto foi espancado até a morte por seguranças de uma empresa terceirizada que presta serviço ao Carrefour, na véspera do Dia da Consciência Negra que gerou protestos no Brasil inteiro, e principalmente no Rio Grande do Sul. Mais um caso de um jovem negro assassinado dentro de um supermercado, vítima da violência racista. Atualmente seis pessoas estão respondendo processo e três seguem presas.

Os gritos de justiça por Nego Beto seguiram no dia da Consciência Negra, inspirados pela força da luta negra nos EUA com black lives matter, milhares foram às portas dos Carrefour em várias capitais do país para manifestar seu ódio contra a empresa e contra a violência racista.

O Carrefour se pronunciou dizendo que “reforça sua postura antirracista, ampliando sua política de enfretamento a discriminação e à violência”. Pura mentira, sabemos que o Carrefour como qualquer empresa que se diz antirracista quer esconder a verdade sobre os fatos: jamais abrirá mão de lucrar com o trabalho de negros, mulheres, imigrantes, nordestinos, etc. A exploração do trabalho permanecerá intacta, não vão tirar nenhum centavo de seus lucros, da mais-valia. Essa é a lógica do capitalismo.

Chama atenção ser a maior indenização via TAC da história do Brasil, justamente no momento em que o povo colombiano saiu às ruas para protestar, no Brasil a juventude mostrou sua força nos 29M e um ano após a luta negra nos EUA por justiça a George Floyd. Na verdade, esse acordo entre empresa e judiciário mostra também que o conjunto do regime do golpe morre de medo de uma mobilização como essas, ainda mais num país onde a questão negra e o racismo é um tema tão sensível às massas trabalhadoras.

Este termo assinado pelo Carrefour junto ao MP nada mais é que uma forma de “livrar a cara” da empresa frente a um amplíssimo setor que achou absurdo e se comoveu com o assassinato de Nego Beto. Mostra como um setor do regime, como é o judiciário através do MP e outras instituições, também têm interesse em “salvar” essas empresas frente a casos absurdos de racismo, porque o regime de conjunto defende os interesses desses capitalistas.

Esse acordo tem a intenção de encaminhar investimentos de combate ao racismo, sem mexer nos pilares de sustentação do próprio racismo, como é a exploração, a polícia e o estado burguês. Enquanto isso a violência policial aumenta, as reformas e ataques seguem em curso. O trabalho precário, o desemprego e o subemprego continuam aumentando. Nisso os capitalistas e nenhuma empresa vai mexer sequer um dedo para mudar, porque quanto mais nos pagam baixos salários e precarizam o conjunto de nossas vistas, mais vem dinheiro no bolso deles. A luta antirracista que defendemos é anticapitalista, qualquer empresa que “paga” de antirracista quer tentar esconder que tem um exército de homens e mulheres negras que trabalham para eles por baixos salários e que se vale do próprio racismo para lucrar ainda mais.




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