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RIO DE JANEIRO | Câmara de vereadores reacionária vota por continuidade de Crivella no cargo de prefeito

Câmara mantém Crivella na prefeitura mesmo com os escândalos de favorecimento de sua base. Frente a isso reafirma-se que só com a mobilização dos trabalhadores, da juventude e das mulheres será possível reverter o curso regressivo de Crivella de ataques ao Estado laico.

sexta-feira 13 de julho de 2018 | Edição do dia

Imagem: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro votou hoje, dia 12 de junho os pedidos de impeachment de Marcelo Crivella (PRB). Um deles havia sido feito pelo PSOL, com seis vereadores, e outro por Átila Nunes do MDB, que havia ainda tido adesão de um longo leque de partidos burgueses que englobava PSDB, Novo, e DEM. No entanto, a base do prefeito obteve vantagem e o processo foi rejeitado por 29 votos contra 16. Ao todo quarenta e cinco vereadores participaram da sessão, que foi marcada por manifestações homofóbicas, cinismo em torno de Marielle Franco, e outras demonstrações da decadência dos membros dos partidos dos capitalistas, que compõem os apoiadores de Crivella.

A motivação do pedido foi debatida aqui, por Crivella recorrentemente passar por cima da separação entre a religião e o estado. O pedido de impeachment é alimentado pela Globo, não porque essa se preocupe com os trabalhadores e o povo do Rio de Janeiro, mas tal como os vereadores do MDB, PSDB, Novo e DEM por seus interesses próprios. Os escândalos em torno de Crivella se utilizar de seu cargo claramente como um departamento da Igreja Universal, desde que este assumiu a prefeitura só aumentaram. O último exemplo é o “Café da Comunhão”, que ocorreu na quarta-feira passada, 4, no Palácio da Cidade, congregou mais de 150 líderes religiosos atrás de facilidades da prefeitura, como plano dental e menos filas nos hospitais.

Em novembro do ano passado, o bispo-prefeito concedeu o título de “utilidade pública” à Universal, garantindo inúmeras facilidades para a instituição em parcerias e recebimento de verbas públicas. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) irá investigar uma série de eventos aonde a mistura entre a igreja e o estado ficou patente. Entre elas estão os eventos da igreja dentro de escolas públicas; a realização de censo religioso na Guarda Municipal; o censo religioso nas academias “Rio Ar Livre”; o uso gratuito da Cidade das Artes para o Festival de Cinema Cristão; o corte de patrocínio de eventos religiosos de matrizes afro-brasileiras; o evento intitulado “Vigília do Resgate” no Sambódromo; e a concessão de títulos de utilidade pública para igrejas. Além disso enquanto a população do Rio de Janeiro sofre com a precariedade da Saúde, que tira a vida de trabalhadores e do povo pobre pela impossibilidade de se tratar corretamente, o prefeito do PRB prometeu facilitar cirurgias ao fieis.

Apesar disso na votação de hoje, o que se expressou foi novamente o reacionarismo da bancada de apoiadores de Crivella. O vereador Otoni de Paula (PSC) fez gestos homofóbicos ao fim do discurso em que defendeu o bispo-prefeito se dirigindo diretamente para David Miranda (PSOL), gay, e defensor da causa LGBT. Ele também "deu uma banana" com as mãos para quem assistiu seu discurso. Já no ápice do cinismo o bispo Inaldo Silva do mesmo PRB de Marcelo Crivella cinicamente citou Marielle ao dizer que “sentia saudade dela” porque “ela sabia entender”, na sua declaração para defender a continuidade da política de Crivella de impor suas crenças ao Estado, numa postura absolutamente antidemocrática que fere os direitos de todos.

Crivella foi salvo em base a um vergonho, mas não por isso surpreendente, acordão. Para acabar com o recesso parlamentar 17 vereadores assinaram, enquanto que na votação do impeachment apenas 16 se mostraram a favor de abrir as investigações contra o Bispo-Prefeito. Mas isso não deveria estranhar a ninguém.
É que ao contrário do PSOL carioca, não acreditamos que um pedido de impeachment, - que canaliza a justa demanda de que se pare com os ataques à separação básica entre o Estado e a religião para dentro do covil da câmara municipal, deixando de colocar na linha de frente um chamado às mulheres e ao povo carioca a dar uma resposta a esse absurdo nas ruas-, se poderia ter uma resposta diferente.

A votação de hoje na câmara só prova que é através da mobilização nas ruas, dos trabalhadores e da juventude, com as mulheres e LGBTs na linha de frente e que lute por todos os direitos democráticos que esses setores evangélicos procuram vetar é a única forma consequente de enfrentar Crivella e seus aliados. As manifestações que derrubaram mais de uma vez a “Cura gay”, que se colocaram contra Eduardo Cunha, que marcaram a “primavera feminista” são algumas demonstrações disso. Como já dissemos devemos nos apoiar na luta das mulheres argentinas para convocar junto aos movimentos de mulheres e movimentos sociais uma mobilização unificada para que nas ruas possamos varrer Crivellas e as igrejas, conquistando o direito ao aborto legal, seguro e gratuito pelo SUS.




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