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LAVA JATO | Cabral preso, mas seus crimes são muito maiores que os investigados pela Lava-Jato!

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

quinta-feira 17 de novembro de 2016 | Edição do dia

Foto: O Dia

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral foi preso preventivamente na manhã de hoje, acusado de recebimento de propinas na realização de obras superfaturadas em sua gestão. Por enquanto estão sendo investigadas as obras da reforma do Maracanã, o PAC das Favelas e a construção do Arco Metropolitano. A denúncia é de que Cabral recebia 5+1% em troca do favorecimento das empresas Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia na licitação dos contratos, 5% para Cabral e 1% para a secretaria de obras. Estima-se por enquanto que teria recebido 220 milhões no contrato destas três obras.

Andrade Gutiérrez e Carioca Engenharia seriam as empreiteiras favorecidas nestes contratos, e haveria também o pagamento de uma mesada aos políticos envolvidos no esquema de superfaturamento de contratos. Além de Cabral, dois homens de confiança também foram estão presos preventivamente, Wilsom Carlos, o “pezão de Pezão” e braço direito de Cabral, e Hudson Braga, ex-secretário de obras.

Neste momento Cabral está na sede da polícia federal no Rio, foram dois mandados de prisão preventiva, um expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e outro pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. A operação Calicute, conjunta entre a força tarefa da Lava-Jato do Rio de Janeiro e do Paraná, desmembrando a investigação: a força tarefa de Moro investiga o superfaturamento nas obras de terraplanagem, feitas pela Andrade Gutierrez, no complexo do COMPERJ. A ação coordenada teve como base as delações premiadas do empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia.

Lava-Jato não reparará o legado de Cabral no Rio

Os juízes da Lava-Jato, embandeirados de “paladinos da justiça”, iniciaram uma investigação acerca daquilo que todo morador do estado do Rio já sabia. O superfaturamento de grandes obras, muitas ligadas a um projeto de cidade dos “Megaeventos” e de um estado “modernizado” pelo PAC, foi uma das marcas profundas dos 8 anos de gestão Cabral (com Paes na Prefeitura), e transformou investimentos em fonte de lucro de empreiteiras. Desde o favorecimento de empresas privadas na gestão de serviços públicos, até as Megaobras. Quem não lembra durante seu próprio governo do escândalo de seus secretários com Cavendish em Paris?

O projeto corrupto falido deixou não apenas elefantes brancos, mas um legado de militarização e assassinato dos negros e moradores das favelas, que foi muito questionado pelos manifestantes em 2013, com o assassinato do pedreiro Amarildo pela polícia das UPPs. O pedido de demissão de Beltrame meses atrás é um flagrante de que o feito em 10 anos na Secretaria de Segurança do Rio, de vitrine, virou uma mancha na ficha dos seus executores.

A operação cinematográfica ocorre nada menos do que no mesmo momento em que há um esforço conjunto para encerrar este projeto descarregando as contas das isenções fiscais bilionárias, obras superfaturadas e o custo da dívida pública criada por estes políticos nas costas dos trabalhadores, com a aprovação do pacote de ataques de Pezão, outro homem de Cabral. Nenhuma confiança no judiciário de Carmen Lúcia que derrubou a liminar que proibia o aumento da cobrança de alíquota previdenciária, ou no MPF que atua para tentar a reintegração de posse das ocupações dos estudantes do CPII e UFRRJ.

Nas propostas que descarregam a crise nas costas dos trabalhadores, os políticos e o judiciário estão em uma “laço de sangue”. A justiça contra os crimes cometidos por esta quadrilha de políticos (e daqueles que estão soltos) não virá das forças repressivas e do autoritarismo da toga: a Lava-Jato atua conforme interesses políticos e blinda as empresas imperialistas interessadas e envolvidas no esquema. Ao contrário daquela esquerda que aplaude as forças tarefas da Lava-Jato, é preciso que os trabalhadores e o povo pobre dêem uma saída independente que não signifique fortalecer o autoritário judiciário que atua contra as greves permitindo o corte de ponto de servidores, e contra as ocupações forçando para ocorrerem as integrações de posse.

Para se fazer justiça com a casta política corrupta é urgente que os sindicatos dirigidos pela esquerda, como é o caso do SINDISCOPE, SEPE, e vários outros, organizem manifestações dos grevistas e da esquerda contra os ataques de Pezão. É preciso que a importante força que se manifestou contra a direita na votação expressiva de Marcelo Freixo se ative para barrar os ataques de Pezão, a partir de uma política independente, dos trabalhadores e sem polícia, para que se possa instituir uma saída de fundo a essa crise. Que avance para impedir os ataques, e passar à ofensiva impondo um programa de taxação das grandes fortunas, não pagamento da dívida pública, fim das isenções fiscais aos capitalistas, e que todo político ganhe o mesmo que uma professora.




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