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Fake news bolsonarista | Bolsonaro vomita mentira atrás de mentira sobre questão ambiental em seu discurso na ONU

Presidente cinicamente disse que "nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa", sendo que área desmatada da Amazônia só em agosto de 2021 é a maior para o mês em dez anos. Além disso, cerca de 67% do pantanal foi atingido pelo fogo entre os anos de 1985 a 2020.

terça-feira 21 de setembro de 2021 | Edição do dia

Foto: MARCOS CORRÊA/PR

O presidente começou dizendo sobre a questão ambiental que “nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional. Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa. Nosso código florestal deve servir de exemplo”

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Ele também disse que “14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades”.

Segundo a advogada Juliana de Paula, do Instituto Socioambiental (ISA), as propriedades rurais ocupam 41% do território nacional, com as pastagens detendo 21% da área nacional, enquanto que as terras indígenas (TIs) demarcadas, em processo de demarcação e judicializadas equivalem a 13,8% do território nacional. O problema é que 98% das TIs ficam na Amazônia Legal a fronteira de expansão do agronegócio. Região que no período recente vimos arder sob o apetite avassalador do agronegócio desejoso de avançar suas monoculturas de soja e seus pastos pela região, assim como as madereiras e garimpos que ambicionam explorar e devastar esse território.

O agronegócio impõe um verdadeiro cerco sob os territórios indígenas, como deixa claro o mapa dos conflitos por terra no país. Onde há mais conflitos com TIs, o percentual do território ocupado por elas também é ínfimo, ainda considerando procedimentos demarcatórios já iniciados. No Rio Grande do Sul, é de 0,4%, enquanto as propriedades rurais ocupam 77%; e assim por diante: BA (0,5% e 49%, respectivamente); PR (0,6% e 74%); SC (0,8% e 67%); MS (2,4% e 85%). A situação não é diferente em GO (0,1% e 77%), MG (0,2% e 65%) e SP (0,3% e 66%). Portanto entre os nove principais estados do agronegócio, em sete as TIs não passam de 1% do território (em MS, o índice é maior, mas ainda baixíssimo).

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Defender nossos biomas nas ruas contra as queimadas do agronegócio, Bolsonaro e direita

Além disso, a legislação ambiental e o código florestal brasileiro não servem para proteger o meio ambiente, pois na verdade o que estamos vendo no governo Bolsonaro é o avanço sem precedentes contra o meio ambiente. A área desmatada da Amazônia só em agosto de 2021 é a maior para o mês em dez anos. Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a região por satélite, foram desmatados 1.606 km² de floresta só no mês passado, o que equivale a cinco vezes o tamanho de uma cidade como Belo Horizonte e é 7% maior do que o registrado em agosto de 2020.

É esse mesmo agronegócio que vem batendo lucros recordes e que faz os preços dos alimentos se elevarem cada vez mais, deixando a fome alcançar mais de 19 milhões de brasileiros e deixando mais de 116 em insegurança alimentar.

Em outro momento, o presidente disse que “o Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais. São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500”.

"Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental. Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal. E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer! Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de presenvação ambiental como a nossa?", disse mentirosamente Bolsonaro.

Mas, de acordo com o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador da ONG Mapbiomas, o Brasil tem um terço dessa vegetação nativa desmatada, resultando no total de 45%, 50%.

Conforme dados fornecidos pelo Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), pesquisa que recebe apoio do WWF-Brasil, cerca de 57% do pantanal teve sua área totalmente queimada ao menos uma vez.

A pesquisa aponta que cerca de 60% de cada bioma estudado, sendo eles o Pantanal, a Amazonia e o Cerrado, esteve em chamas ao menos duas vezes, sendo o pantanal o mais atingido com cerca de 67% atingido pelo fogo entre os anos de 1985 a 2020, período que o projeto se propôs a investigar a trajetória do fogo.

Veja mais: Pantanal em chamas: 57% do bioma está destruído pelas queimadas, o mais atingido desde 1985

Ou seja, como vemos, Bolsonaro cinicamente vomitou mais uma série de fake news sobre o meio ambiente, para tentar dissimular o fato de que ele é um dos maiores responsáveis pelo desmatamento e destruição do meio ambiente, assim como da política de morte para os povos indígenas. Acompanhe o Esquerda Diário para saber de mais mentiras proferidas por Bolsonaro hoje em seu discurso detestável.

Acompanhe também nesta terça (21) às 19h30 O Brasil não é para amadores, com André Barbieri e Valéria Muller discutindo a participação de Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas, a localização internacional do Brasil e possíveis cenários estratégicos de para onde vai o país: Bolsonaro na ONU e para onde vai o Brasil: veja análise ao vivo hoje às 19h30




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