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"RACHADINHAS" E BOLSONAROS | Bolsonaro diz não ter “nada a ver” com as suspeitas de corrupção de Flávio

Promotoria suspeita que o senador Flávio Bolsonaro usou PM, imóveis de loja de chocolates para lavagem de dinheiro público. Quando é com sua família, presidente lava as mãos em relação à corrupção.

quinta-feira 19 de dezembro de 2019 | Edição do dia

A hipocrisia do discurso anti-corrupção de Bolsonaro está estampada em todos os jornais. A cada avanço das investigações contra sua família fica mais óbvio o papel que o clã Bolsonaro sempre cumpriu na política: usam de suas posições para se enriquecer com dinheiro público, mantendo uma relação direta com milicianos do Rio de Janeiro, enquanto difundem ódio aos trabalhadores, mulheres, negros, indígenas e LGBT’s.

As investigações recaem sobre o senador do Rio de Janeiro e filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro. No período de 2007 a 2018 foram constatadas diversas irregularidades em seu gabinete na Assembleia Legislativa, quando era deputado.

As suspeitas se dão principalmente pela prática da “rachadinha”, que significa a devolução de parte do salário dos servidores do gabinete ao deputado, envolvendo troca de favores de ambos os lados, e surgiram por causa das movimentações atípicas de dinheiro na conta do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz. Ele foi a principal suspeita que levantou uma operação que hoje envolve Flávio Bolsonaro e mais 101 pessoas físicas e jurídicas.

Queiroz é policial militar aposentado e amigo de longa data do presidente Bolsonaro: se conhecem desde 84 e pescavam juntos em Angra dos Reis. A filha de Fabrício Queiroz, Nathalia Melo de Queiroz, era assessora de gabinete do presidente Bolsonaro.

Apesar das várias ocorrências levantadas durante a investigação, o ministro do STF Luiz Fux levou ao Supremo o pedido de Flávio Bolsonaro para a suspensão das investigações, o que foi acatado pelo presidente do STF Dias Toffoli. Uma clara tentativa da mais alta casta do judiciário em não desgastar a imagem da família Bolsonaro. Por isso só agora as investigações voltam à tona, por uma reversão dessa decisão no plenário que só aconteceu nesse mês de dezembro.

Em comentário sobre o caso nesta quinta (19) em frente ao Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro disse, após de início negar comentários, não ter nada a ver com as suspeitas contra seu filho e ex-acessores: “O Brasil é muito maior do que pequenos problemas. Eu falo por mim. Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso.”.

Relembre o caso:

Em julho de 2018 é aberta pelo Ministério Público Federal a investigação criminal contra Queiroz por suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Havia uma movimentação financeira na conta bancária de Queiroz de R$1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, com operações sempre feitas e, depósitos e saques em dinheiro vivo, com datas próximas ao pagamento dos servidores da Assembleia Legislativa do Rio.

Em dezembro de 2018 o caso vem a público e Queiroz é chamado a prestar depoimento. Queiroz falta alegando internação de urgência em hospital. Dois vídeos são feitos de Queiroz: um dançando no hospital, e outro em seguida deitado, dizendo ainda não estar bem.

Em janeiro de 2019 Flávio Bolsonaro também falta ao depoimento alegando que precisa ler os autos antes.

Ainda em janeiro, STF suspende a investigação em uma decisão super controversa envolvendo o direito de foro especial de Flávio Bolsonaro.

Alguns aspectos controversos:

Em 2016 R$24 mil foram depositados por Queiroz na conta de da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Queiroz recebia em sua conta repasses de parte dos salários de outros funcionários do gabinete. Questionado, ele afirmou que com esse dinheiro pagava assessores informais de Flávio em suas bases eleitorais, mas nunca apresentou uma lista com esses nomes.

A filha de Queiroz, Nathalia Melo, era personal trainer e assessora de Jair Bolsonaro ao mesmo tempo, no período entre dezembro de 2016 e outubro de 2018.

Flávio Bolsonaro explica o patrimônio reivindicando uma loja de chocolates. Porém, ela é declarada apenas depois de 2015, após a maior parte de suas outras aquisições imobiliárias.

Saiba mais: MP-RJ aponta envolvimento de Flávio Bolsonaro em lavagem de dinheiro de R$638 mil.




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