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EUA BRASIL | Bill Clinton e os interesses norteamericanos com a crise no Brasil

O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, conclamou participantes de evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) há algumas semanas a "ter confiança no futuro do Brasil" e a se concentrar nas "forças positivas" do país no momento atual de crise. Há anos o imperialismo norteamericano não dedicava tamanha atenção à economia brasileira.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

quarta-feira 2 de dezembro de 2015 | 00:00

Em palestra no Enai (Encontro Nacional da Indústria) no último dia 12 de novembro, Clinton afirmou que o Brasil "atravessa um momento conturbado", mas é um dos países "mais bem posicionados para se desenvolver no longo prazo".

"Seu povo, seus recursos e seu histórico de obter avanços, não só econômicos mas sociais, farão vocês atravessarem esse momento difícil", afirmou Clinton. "O navio do Brasil não está afundando e o futuro será formidável."

Para o ex-presidente, a crise política que o país atravessa também tem efeitos benéficos, como o aumento da transparência, disse o ex-presidente dos EUA. Segundo ele, considerando o elevado grau de interdependência dos países, a recuperação e o sucesso do Brasil é de "interesse do mundo, e dos Estados Unidos em particular".

Já viemos dizendo no Esquerda Diário que , para além dos esquemas de corrupção do podre regime dominado pelo PT, PSDB e PMDB, as ações do juiz Luiz Sergio Moro, pelo fato de sua esposa trabalhar em um escritório de advocacia que presta serviços para a Shell, anunciam indícios de que as petroleiras norte-americanas estão promovendo sua ação. E mais, que as petroleiras norte americanas estão muito interessadas em acelerar o processo de privatização da Petrobrás servindo-se do escândalo da Lava Jato.

"O sucesso do Brasil é de interesse do mundo, e dos Estados Unidos em particular"

Bill Clinton sempre foi ligado às grandes empresas petrolíferas estadunidenses, donde recebia grandes financiamentos para levar adiante as ofensivas militares dos EUA no Oriente Médio, como os incessantes bombardeios no Iraque (Operação Desert Strike em 1996) depois do fim da Guerra do Golfo. Mesmo depois de deixar a presidência, suas "Fundações" serviram para elevar os lucros do ex-presidente em vários países detentores de petróleo. Companhias líderes do comércio de petróleo e de gás tem laços com os Clinton, como a Keystone XL e as gigantes Chevron e ExxonMobil, que depois de parar de financiar a Fundação Clinton recebeu abertura de inquérito por Hillary sobre "poluição ambiental".

Na América Latina, um destes países é a Colômbia, em que, ao mesmo tempo em que o Departamento de Estado norteamericano (dirigido por Hillary Clinton) louvava o "registro de direitos humanos e trabalhistas" da empresas petrolíferas no país, a família Clinton estreitava laços comerciais com a companhia Pacific Rubiales, uma gigante petrolífera canadense que opera na Colômbia, que se enfrentava com as mobilizações dos trabalhadores colombianos contra a precariedade do trabalho. Seu dono, o financista canadense Frank Giustra, tem cadeira cativa no conselho diretor da Fundação Clinton.

São notáveis as campanhas de Bill Clinton (num lobby unificado com todo o Congresso norteamericano) em apoio à oposição de direita venezuelana, que como o governo chavista de Maduro não tem qualquer saída para a miséria econômica do país e busca aplicar um ajuste ainda maior aos salários e direitos trabalhistas dos venezuelanos, além de uma aproximação inegável com Washington.

Sem ir mais longe, o "otimismo" de Clinton em relação à economia brasileira tem fundamentos claros: o imperialismo norteamericano busca aproveitar a crise econômica e o escândalo de corrupção da Petrobrás para avançar os interesses de suas gigantes petrolíferas. "O sucesso do Brasil é de interesse do mundo, e dos Estados Unidos em particular" só pode significar a alegria de um abutre do imperialismo que sabe que pode aproveitar a disposição do PT e do PSDB em privatizar - em cotas ou por "terapia de choque" - as bacias petrolíferas brasileiras e abrir a Petrobrás aos acionistas estrangeiros.

Frente à crise da Petrobrás e os escândalos de corrupção, há dois inimigos muito claros a combater. Por um lado, a lei de Serra que visa atacar a participação da Petrobrás no pré-sal, abrindo esta riqueza do país a um maior saque das empresas imperialistas Por outro lado, as privatizações da empresa que Dilma está fazendo. Recentemente a Petrobrás vendeu sua participação em um poço à Shell por um preço "convidativo", anunciou a venda de ações da BR Distribuidora e anunciou um “desinvestimento” (eufemismo petista para privatização), bilionário, de US$ 15,1 bilhões, entre este ano e o ano que vem, e outros US$ 42,6 bilhões entre 2017 e 2018.

A intransigência do governo e da empresa em relação a tentar manter os cortes de direitos dos petroleiros e de manter o plano privatista mostra como se trata de um movimento profundo que estão fazendo para entregar os recursos nacionais às empresas estrangeiras, uma decisão de "estado" e não de governo.

Por outro lado, a resistência dos petroleiros na mais longa greve desde 1995 conseguiu manter os direitos conquistados e aponta como além das "forças ocultas" imperialistas também se movem, potencialmente, forças diametralmente da luta da classe trabalhadora em defesa de seus direitos, contra os ajustes e contra a submissão ao imperialismo.




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