O Espírito Santo é recordista de opressão contra as mulheres. Somente na região da Grande Vitória, que abrange 7 municípios do estado, são registradas 15 denúncias de violência contra a mulher por dia. Os casos de feminicídio não ficam para trás. Em média, por mês, pelo menos 2 mulheres são assassinadas no Espírito Santo.
terça-feira 13 de abril de 2021 | Edição do dia
Com a pandemia vimos nos últimos meses crescer as denúncias de violência doméstica e feminicídios. No estado do Espírito Santo, um dos que mais se abusa e mata mulheres todos os dias, devemos dizer com força, onde haja opressão e exploração: essas lutas são nossas!
São muitos os obstáculos no atendimento às vítimas de violência, onde é comum a culpabilização da mulher, questionando, por exemplo, o que elas fizeram para motivar a agressão e desqualificando as narrativas das vítimas, como pudemos ver em casos como o da Mari Ferrer que repercutiu na mídia e tiveram manifestações em todo o Brasil.
Somente na região da Grande Vitória, que abrange 7 municípios do estado, são registradas 15 denúncias de violência contra a mulher por dia. Em média, por mês, pelo menos 2 mulheres são assassinadas no Espírito Santo. Dos 101 casos de assassinato a mulheres no estado em 2020, 26 foram classificados como feminicídios. Agora em 2021 já são 6 mulheres assassinadas por feminicídio:
- Luana Demonier: Técnica de segurança do trabalho, tinha 25 anos e foi esfaqueada 19 vezes quando voltava para casa do trabalho, em Cariacica. Luana já era ameaçada pelo ex e tinha medida protetiva que o impedia de se aproximar dela e pouco antes do ataque recebeu uma mensagem do ex-namorado dizendo que iria matá-la.
De janeiro a julho de 2020, 259 crianças de até 14 anos foram abusadas sexualmente em todo o estado, sendo em média mais de 1 caso registrado por dia. O que representa também uma subnotificação se comparado ao ano de 2019, onde nos primeiros 7 meses tiveram 423 casos registrados. Isso comprova que os casos que têm alcance nacional, como foi o da menina de 10 anos que foi estuprada desde os seus 6 anos de idade, por seu tio e outras pessoas da família, não é um fato isolado como a mídia pareceu transmitir.
No Brasil de Bolsonaro, que destila ódio às mulheres a cada pronunciamento, as mulheres estão sujeitas a precarização do trabalho, escravizadas por aplicativos de limpeza, ganhando menos que os homens e sendo as principais vítimas da miséria e da fome.
É por isso que em um só punho queremos fazer ecoar e reverberar que a violência patriarcal e capitalista contra mulher no ES, no país e no mundo, só se combate com um feminismo socialista. Nos inspiramos nas diversas lutas que tem acontecido internacionalmente, como a juventude espanhola que se enfrenta com a repressão da monarquia, nas operárias têxteis contra o golpe em Mianmar, na enorme força das mulheres argentinas que saíram às ruas para impor suas demandas e exigir justiça por Úrsula que foi vítima de feminicídio, na força das manifestações do Black Lives Matter que romperam com a passividade pandêmica nos EUA e tantos outros exemplos.
A resposta contra os feminicídios e a violência machista passa não só por um plano emergencial e concreto de resposta à realidade das mulheres, bem como a luta incessante contra o estado, o patriarcado, o capitalismo e suas forças repressivas, a partir da organização dos trabalhadores e dos setores oprimidos de maneira independente das instituições burguesas. Essa é a única forma de combater toda a cadeia da violência machista e sua reprodução.
Somente com a força imparável das mulheres, dos negros, LGBTs, do conjunto da classe trabalhadora e de setores da esquerda, construir um grande polo de independência de classe, para atuar com os métodos de nossa classe e derrubar Bolsonaro, Mourão e o regime capitalista. Pra isso, não devemos confiar em golpistas ou em partidos como o PT, que administrou o capitalismo durante 13 anos e mesmo com uma mulher no poder não concedeu o direito ao aborto legal, seguro e gratuito, preferindo privilegiar os acordos com a Igreja e setores conservadores da sociedade. E de punhos erguidos gritemos: Nenhuma a menos!