Comércio fechado, doenças, tentativas de suicídio, terror permanente, são algumas das expressões do caos que estão vivendo os moradores de Barão dos Cocais, em MG, sob a ameaça de rompimento iminente da barragem Sul Superior da Vale.
sexta-feira 24 de maio de 2019 | Edição do dia
A revoltante situação na qual se encontram mais de 10 mil pessoas desde que o nível de segurança da barragem passou para 3, indicando risco iminente de ruptura, escancara a crueldade capitalista imposta aos trabalhadores e ao povo pobre em nome da manutenção dos lucros exorbitantes dos magnatas da mineração.
Apenas 4 meses após o crime capitalista da Vale em Brumadinho, uma das maiores "tragédias" que nosso país já viu, a população dessa pequena cidade vive dias de pânico. A iminência de que um mar de lama invada a cidade em qualquer momento já traz impactos drásticos no dia a dia dos moradores e trabalhadores: a única agência dos Correios está fechada desde segunda-feira e os bancos também resolveram fechar as portas.
O hospital do município vive lotado e já foram registrados 6.000 mil atendimentos a mais no setor de saúde em relação ao mesmo período do ano passado. Uma verdadeira calamidade na saúde é relatada pela população. Segundo o prefeito, a Vale fez promessas sobre um possível "auxílio", que não ocorreu: "A mineradora se comprometeu a nos ajudar, mas ainda não efetuou essa ajuda".
São diversas famílias que abandonaram suas casas, trabalhadores sem recebimentos de seus salários e uma cidade assombrada pelo fantasma de Brumadinho, cidade vítima do crime hediondo que chocou o país e o mundo e até hoje permanece sem respostas contundentes. E mais: são diversas as barragens com iminência de rompimento ainda.
O estudo de impacto do rompimento da barragem Sul Superior, chamado dam break, da mineradora Vale, em Barão de Cocais (a 93 km de Belo Horizonte), aponta para a morte de moradores e “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em três municípios. Além de Barão de Cocais, os municípios a serem possivelmente afetados pela lama são Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
Os relatórios apontam também “problemas relacionados ao abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas e irrigação nas regiões abastecidas”, com “possíveis interrupções nos acessos locais de terra, rodovias, linha de transmissão e fornecimento de energia”. E diante da degradante situação em que se encontram desde já os habitantes destes locais, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), deixa bem claro o que pensam os capitalistas sobre as vidas dos trabalhadores. Disse: "Pior do que um fato ruim é a possibilidade de um fato ruim acontecer".
É inaceitável que os governantes e os capitalistas sigam com essa criminosa postura de garantir os lucros das mineradoras às custas de nossas vidas! Após a imensa tragédia que foi o crime de Mariana, e há poucos meses Brumadinho, Zema segue com uma forte política privatista que está por trás desses crimes ambientais, e uma postura de defesa da Vale, a vida de centenas de pessoas não valem nada para os empresários e governantes.
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Urge que os sindicatos e entidades estudantis, como a CUT e a UNE, impulsionem um verdadeiro plano de emergência para atender as necessidades desses trabalhadores, tirando do bolso da Vale que é a responsável por todos esses crimes; junto à campanha pela estatização da Vale sob gestão de trabalhadores e controle popular, denunciando esta absurda situação da cidade de Barão de Cocais e das demais, e a política privatista e de descaso de Zema.