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ELEIÇÕES | Banco europeu faz chantagem financeira para Lula não ser candidato

O Danske Bank, gigante financeiro europeu com sede na Dinamarca, soltou uma carta de países frágeis para investimentos do capital internacional. Brasil, Argentina, África do Sul, Turquia e Rússia são os novos integrantes na lista do banco.

Danilo ParisEditor de política nacional e professor de Sociologia

domingo 26 de agosto de 2018 | Edição do dia

A principal razão para o Brasil entrar nessa lista é a possibilidade a presença do ex-presidente nas pesquisas de intenções de votos e pelo risco de eleição de um político sem compromisso com a recuperação das finanças oficiais, segundo relatório do próprio banco. Destaca-se entre as principais preocupações desses agentes financeiros, a preocupação com o pagamento da exorbitante dívida pública do Brasil.

Tão logo a lista foi publicada, os agentes do capital financeiro internacional na imprensa brasileira já se apressaram por soltar editorais alarmando sobre o risco de uma turbulência cambial e nervosismo do mercado, como o editorial publicado pelo Estadão. O objetivo desses relatórios, lista e rakings é essencialmente político. Querem ser um fator da disputa eleitoral, para jogar água no moinho dos votos de seus candidatos preferenciais, em especial Geraldo Alckmin do PSDB.

O imperialismo utiliza-se de suas agências de risco e listas de países frágeis para investimentos, como um mecanismo de chantagem e ameaças. Sempre em que houve a necessidade de alguma reforma favorável aos mercados, e que atacasse as condições de vida da classe trabalhadora, a simples ameaça ou incerteza de sua aprovação são motivos para que o sistema financeiro ameaçasse diminuir as notas e avaliações sobre o Brasil.

A rigor, a possibilidade do retorno do PT ao executivo não representaria uma ameaça aos bancos internacionais. Lula e o PT foram fieis pagadores de cada centavo da vultuosa e fraudulenta dívida pública. O PT foi o que mais pagou o saque da dívida pública na história do Brasil. Somada a quantidade de dinheiro público entregue pelos governos Lula e Dilma a título de pagamento dos juros e amortizações da dívida, chegamos ao valor de mais de R$ 13.000.000.000.000 (treze trilhões de reais!) aos banqueiros internacionais. Lula foi o presidente que mais pagou a dívida na história do país (entre 2003 e 2010), superando inclusive o conjunto dos governos militares e FHC. Dilma vem logo depois, completando mais de R$ 6 trilhões entre 2011 e 2016. Segundo suas próprias palavras, em seus anos de governo “nunca os banqueiros ganharam tanto.”

As pressões do mercado financeiro internacional são, na realidade, para colocar no poder do executivo seu representante direito, que aplique ataques e reformas na velocidade que exige os ritmos da crise internacional. Por isso, as pressões do mercado financeiro são combinadas com as ações do judiciário brasileiro, que vêm operando inúmeras operações para inviabilizar a candidatura de Lula, para poder escolher a dedo seu representante. Hoje não há mais dúvidas que a Lava Jato nunca quis combater a corrupção, mas determinar quem pode participar do processo eleitoral, retirando do povo o direito de escolher em quem votar.

Segundo Diana Assunção, candidata à deputada federal do MRT: “O golpe institucional, a Lava Jato e a prisão de Lula vieram para defender estes interesses porque a subordinação dos governos do PT, que era muita, para as grandes finanças não basta. Querem deixar o recado bem claro para qualquer candidato a presidir o país: quem não atender à risca os interesses do capital financeiro, ‘vai sofrer’”.

Para impedir qualquer chantagem dos empresários e dos banqueiros – como a fuga de capitais que os capitalistas realizariam se acabássemos com esse saque –, é necessário defender a estatização dos bancos e o monopólio estatal da exportação e importação de bens e capitais, funcionando sob controle dos trabalhadores. Essa é uma medida fundamental para que não se sequestrem as pequenas poupanças ou os fundos de pensão dos trabalhadores, e também para que as exportações e importações sejam reguladas de acordo com as necessidades dos trabalhadores e do povo pobre.

Segundo Maíra Machado, candidata a deputada estadual do MRT: “Precisamos de um programa de resposta à crise como este, que faria com que fossem os capitalistas que pagassem pela crise que geraram, só pode ser conquistado integralmente com uma mobilização dos trabalhadores e do povo, uma frente única operária na luta de classes, por objetivos práticos de ação, que parta de barrar os ataques em curso e avance para impor um verdadeiro governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo, baseado em organismos de democracia direta dos trabalhadores e do povo pobre. Um governo que, muito diferente do que fez o PT ao buscar conciliar trabalhadores e empresários e entregar nossas riquezas às grandes potências, seja um governo em que os trabalhadores dirijam seus próprios destinos abolindo sua submissão ao imperialismo".




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