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Pelo Brasil | Atos de 9/4 contra Bolsonaro: precisamos unir as lutas com independência de classe, não de campanha eleitoral junto com a direita

A Campanha Nacional Fora Bolsonaro, formada pela Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, CUT, CTB, UNE e outras organizações ligadas ao PT, PSOL, PCB e PCdoB, se reuniu dia 15/03 para aprovar um calendário de “lutas” em que o peso central foram as mobilizações nacionais chamadas para hoje 09/04 com o mote “Bolsonaro nunca mais! Contra o aumento dos combustíveis e do gás! Não à fome e ao desemprego!”

domingo 3 de abril de 2022 | Edição do dia

Foto: Ato contra Bolsonaro em julho de 2021 - Stefano Figalo/Brasil de Fato

Não só a palavra de ordem mudou de “Fora Bolsonaro” para uma consigna que se adapte mais ao calendário eleitoral (“Bolsonaro nunca mais”), como a política dessas centrais sindicais, partidos e organizações que convocam é que o próprio ato seja um palanque eleitoral para a frente-ampla burguesa ao redor da candidatura do Lula e do Alckmin.

Os trabalhadores estão sentindo cada vez mais fortemente os efeitos da crise, das consequências econômicas da guerra da Ucrânia e da pandemia, com a alta no preço dos alimentos, do gás de cozinha, dos combustíveis e dos medicamentos. Ao mesmo tempo, algumas categorias importantes, sentindo na pele que o salário já não chega mais ao fim do mês, começam a se levantar no país para exigir seus reajustes salariais, como na importante greve dos educadores estaduais de Minas Gerais e municipais de Belo Horizonte, além dos metroviários da CBTU também em BH, a dura greve dos garis do Rio de Janeiro que enfrentam uma repressão brutal, os servidores do Banco Central, rodoviários e servidores municipais em várias cidades do país, como Guarulhos. Um ato nacional, nesse momento, deveria estar a serviço de fortalecer e expandir essas lutas.

Mas, infelizmente, o dia 09/04 passa por fora de todas essas lutas reais que os trabalhadores estão travando. Se depender da vontade das suas direções, toda essa indignação latente na população e essa expressão - ainda embrionária - de luta da nossa classe, será isolada e canalizada para as eleições de outubro e não para a unificação dos trabalhadores em luta, para a organização das demais categorias que também sofrem com o arrocho salarial e para chamar à população de conjunto a se somar em ações que possam ser parte de um plano de lutas nacional, organizado pelo conjunto dos trabalhadores.

No dia 07/04, por exemplo, aconteceu o que as centrais chamaram de Conclat, um encontro entre os dirigentes das centrais sindicais do país, sem ter tido qualquer construção entre os trabalhadores, para aprovar um documento de reivindicações para entregar aos candidatos, com o objetivo de fortalecer a candidatura Lula-Alckmin, em torno de um acordo entre eles e a burocracia sindical.

Isso é parte da estratégia das direções das grandes centrais, como a CUT, dirigida pelo PT, de buscar manter um compromisso de paz social, e seguir canalizando a insatisfação dos trabalhadores para a eleição da chapa Lula/Alckmin no final do ano. Lamentavelmente, o PSOL segue sendo parte dessa mesma estratégia do PT.

É importante que os trabalhadores e a juventude retomem as ruas contra Bolsonaro e Mourão, mas para fortalecer nossa organização com independência de classe, fortalecer as lutas dos trabalhadores que estão em curso, batalharmos pelo reajuste mensal dos salários junto com a inflação, por uma petrobrás 100% estatal e sob controle dos trabalhadores. Contra o aumento dos combustíveis e do gás, pela revogação integral da reforma trabalhista, e de todos os ataques que pesam sobre as nossas costas. Não é apoiando a conciliação de classe com a burguesia, e sim com a nossa organização independente, que podemos conquistar essas medidas urgentes. E é com essa perspectiva que nós do MRT estamos nas ruas dia 09/04, e chamamos a que marchem conosco. Estamos compondo os blocos do Polo Socialista Revolucionário.




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