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DIA DE LUTA DOS TRABALHADORES | Ato virtual do 1º de Maio das centrais sindicais escancarou: só pensam em eleição!

Neste sábado, Dia internacional de luta dos trabalhadores, ocorreu mais uma vez um 1º de Maio organizado pelas centrais sindicais brasileiras, com a unificação da burocracia sindical, do petismo ao golpismo. Só que dessa vez, esse ato virtual sinalizou com mais força a que se preparam, na contramão de fomentar a auto-organização dos trabalhadores contra Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas: só pensam em eleições.

segunda-feira 3 de maio de 2021 | Edição do dia

Foto: Prints de tela do Ato Virtual das Centrais Sindicais: Paulinho da Força (Solidariedade), Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB)

Dias antes das mortes por coronavírus no Brasil chegar à infeliz marca de 400 mil, de responsabilidade de Bolsonaro e seu negacionismo, junto aos governadores e todos os golpistas, o ato virtual da CUT, CTB, Força Sindical, UGT e CSB contou com a presença de figuras da direita, como Paulinho da Força (Solidariedade) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi com eles que esteve a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, que se colocam como oposição ao governo Bolsonaro, governo que aprofundou a Reforma Trabalhista em meio à pandemia, com a MP da Morte, aprovou a Reforma da Previdência, projeto herdeiro do golpe institucional de 2016, orquestrado pelo Judiciário e tutelado pelos militares, e que hoje triplica a perseguição de seus opositores pela via da Lei de Segurança Nacional (LSN). O governador tucano de São Paulo, João Doria, e um dos principais articuladores do golpe, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM), também foram convidados, mas não estiveram presentes.

Paulinho da Força foi um dos primeiros a falar e desmascarou já de início a que servia a tal “unidade das centrais sindicais”: “construir uma grande força pra se preparar pra 2022, com a esquerda, com o centro e até com a direita civilizada (...) pra enfrentar o bolsonarismo e ganhar as eleições de 2022”. Foi esse o início do escancaramento de que não se propõem a combater Bolsonaro e os ataques desde já, até porque Paulinho da Força foi um dos fortes defensores da Reforma da Previdência.

FHC encheu-se de verborragia da direita neoliberal tucana sobre a necessidade de reabrir a economia, para gerar trabalho e renda. A verdade é que o governo de FHC deixou marcas na história dos trabalhadores brasileiros, e essa verborragia faz parte de uma hipocrisia sem limites de quem instaurou a terceirização e as privatizações mais profundamente, pós-ditadura militar, sendo parte do desmonte com cortes na saúde e educação. É esse ex-presidente que as centrais sindicais chamam a falar, o ex-presidente que reprimiu fortemente os petroleiros em luta em 1995 com a força do Exército.

Mas o palavrório descarado dessa direita foi respaldado também pelas figuras do petismo, que fazem parte de alimentar supostas saídas institucionais para se preparar para as eleições de 2022. Sergio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi também um dos principais porta-vozes da dita unidade das centrais sindicais. Essa unidade, atualmente na prática, está marcada pela articulação entre a CUT e a Força para se colocar no debate sobre os rumos do setor industrial brasileiro, junto às representações diretamente patronais, a chamada “IndustriAll”, lançada em novembro do ano passado.

Vale destacar a fala de Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, que manifestou o que já apontava na live para a unificação dos pedidos de impeachment, fazendo demagogia com o anseio por Fora Bolsonaro. Na live para a unificação dos pedidos de impeachment, Hoffmann justificou: “Precisamos deixar nossas diferenças ideológicas para a época da eleição e trabalhar para tirar o inimigo do país do poder”. Hoffmann é a figura do PT que está servindo para canalizar o descontentamento com Bolsonaro na saída do impeachment, que mostra um prenúncio falido por ser uma saída constantemente engavetada pela Câmara e pelo Senado, para iludir o povo brasileiro, desgastar Bolsonaro e melhor localizar o PT para ganhar as eleições em 2022, com “Lula 2022”, que consequentemente terá que assumir a posição de gestor da crise econômica para os capitalistas e atacar os trabalhadores.

A ex-presidenta Dilma (PT) também realizou um breve discurso, fazendo referência ao golpe de 2016, ao ataque da Reforma Trabalhista e ao fechamento de fábricas no Brasil. O que não apontou é o desserviço das burocracias dirigidas pelo PT e pelo PCdoB nos sindicatos da Ford e da LG, sendo que esta última hoje se encontra em uma brava luta das trabalhadoras das fábricas que prestam serviço à LG, batalhando pela unificação com os operários da própria. Dilma também fortaleceu a preparação para as eleições colocando que a reabilitação de Lula foi o “reconhecimento da justiça pela democracia” e que “abre caminho para a reconstrução do Brasil”, não colocando que a prisão e proscrição de Lula na realidade foi o sequestro pelas mãos do STF de milhões de votos de trabalhadores e de toda a população, o direito elementar do sufrágio universal. E, logo em seguida, falou Lula, que assim como Dilma, fez demagogia com o desemprego, subemprego e trabalho precarizados recordes no país. Lula fez alusão ao seu governo,que disse ter conquistado o “pleno emprego”, que sabemos que foi em chave de precarização brutal do trabalho, como a triplicação da terceirização, e que significou a abertura de espaço para o que hoje vivemos com a terceirização irrestrita.

Veja também: A estratégia petista: “eleições acima de tudo, Lula acima de todos”

Outras figuras estiveram presentes, como Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Alessandro Molon (PSB).

Esse 1º de Maio das centrais sindicais escancara e deixa ainda mais óbvia a necessidade de que é preciso que os trabalhadores, junto aos movimentos sociais, tomem em suas mãos a batalha para derrubar as reformas e botar abaixo a escalada autoritária com a LSN, com unidade concreta na ação entre efetivos e terceirizados, empregados e desempregados, negros e brancos, homens e mulheres. Por isso, é também necessário um diálogo aberto entre os setores da esquerda, que também estiveram presentes no ato virtual das centrais, como Juliano Medeiros e Guilherme Boulos, do PSOL, para conformar um polo antiburocrático. Para exigir que as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, rompam com a sua paralisia, articulem as lutas iniciais em curso pelo país e realizem assembleias, reuniões, presenciais e virtuais pelo Brasil, com um perfil nítido por Fora Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas, para não alimentar saídas falidas e institucionais como o impeachment, que botará no lugar de Bolsonaro o general Mourão (PRTB), ou como disse Juliano Medeiros: “impeachment pra abreviar o sofrimento".

É essa unidade que é necessária, uma unidade que questione profundamente o regime político herdeiro do golpe e suas ações, sem legitimar pelo voto os ataques e as transformações do golpe, sem ser funcional ao STF, ao Congresso, representantes do bonapartismo institucional. Por uma saída independente dos trabalhadores, mulheres, negros e LGBT, que garanta auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo e vacina com quebra das patentes, sem sigilo, para que pesquisadores e trabalhadores da saúde controlem e forneçam vacina para toda a população.

Por isso, é preciso batalhar por uma Assembleia Constituinte, que seja imposta pela mobilização, e que seja livre e soberana, para que a população possa decidir sobre os rumos do país, não só trocar os jogadores, mas todas as regras do jogo, por exemplo, propor revogar cada reforma aprovada no golpe, assim como a autoritária LSN. Neste processos os trabalhadores precisarão avançar em sua auto organização para lutar por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

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