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PROFESSORES SE MOBILIZAM NO PARANÁ | Ato massivo relembra 1 ano da repressão aos professores do Paraná

Nesse dia 29 os professores do Paraná foram às ruas para relembrar um ano que o governo de Beto Richa (PSDB) protagonizou um verdadeiro massacre contra os professores em greve no estado, deixando mais de 200 feridos.

sábado 30 de abril de 2016 | Edição do dia

O 29 de abril de 2015

Em fevereiro de 2015 os professores da rede pública de ensino do Paraná conseguiram barrar a votação do projeto do governador Beto Richa que implementaria ataques aos direitos dos professores, principalmente em suas aposentadorias. Para isso os professores ocuparam a Assembleia Legislativa do estado, e nem o camburão colocado pelo governo para escoltar os deputados foi suficiente para conseguir garantir a votação do projeto.

Uma forte mobilização se seguiu, colocando em xeque o projeto do PSDB de descarregar sobre as costas dos professores os custos da crise que se abatia sobre o estado. Quase três meses depois, a Assembleia Legislativa volta a colocar o projeto em votação. Dessa vez, no dia 29 de abril, o aparato militar é redobrado, com grades de contenção instaladas ao redor do covil dos deputados, a chamada “casa do povo”, para impedir que os professores novamente ocupassem a casa.

Caravanas vieram de todo o estado para engrossar o massivo ato, que estava determinado a barrar o ataque de Beto Richa e dos parlamentares. O que se viu naquele dia foi um verdadeiro massacre que escandalizou todo o país, com mais de 200 professores feridos pela investida da polícia militar comandada por Richa. Até mesmo um cinegrafista da Bandeirantes e um deputado que tentou intervir foram atacados por cachorros da polícia. Esse foi o preço para aprovar o ataque aos direitos trabalhistas dos educadores.

O episódio ganhou imensa repercussão e gerou solidariedade à greve dos professores paranaenses por todo o país, e levou Richa a ter que sacrificar seu Secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, e o Comandante da Polícia Militar do Paraná, o coronel César Kogut, como bodes expiatórios para tentar conter a crise: ambos foram exonerados no início de maio de 2015, mesmo após as cínicas palavras do Secretário, que publicamente afirmou à imprensa na época: “Nós lamentamos. As imagens são terríveis. Nunca se imaginava que um confronto como esse terminasse de maneira tão lastimável, com as imagens que nós vimos. Nada justifica lesões, vítimas, de ambos os lados”. Contudo, as vítimas foram apenas os professores e a educação pública.

Dezenas de milhares voltam às ruas nesse 29 de abril

Foram cerca de 30 mil professores, segundo o sindicato. A polícia estipulou seu rídiculo número oficial, que pode ser desmentido por qualquer foto, em 5 mil. As dezenas de milhares de educadores que voltaram às ruas um ano após o brutal ataque contra a categoria, tanto o realizado pela polícia como o desferido pelos parlamentares contra as suas aposentadorias, mostram que há muita disposição de luta entre os professores.

O governo tenta desconversar, como se fosse um episódio do passado e a troca de secretários tivesse resolvido tudo. É isso que vemos na hipócrita declaração da atual Secretária de Educação, Ana Seres: “O dia 29 é realmente um dia emblemático. Nenhum de nós gostaria que tivesse acontecido, principalmente, aquelas ações do dia 29 do ano passado. Mas agora são outros tempos. Eu assumi dia 6 de maio e, imediatamente, abrimos para diálogo não só com o sindicato, mas com professores, diretores e funcionários. Esse diálogo é constante”

Continuam os cortes na educação e a impunidade contra policiais

Os professores não compram esse discurso, sabem que o governo de Richa é o que os atacou e continuará atacando, como vêm ocorrendo com todos os governos dos patrões, desde o governo de Dilma e seus cortes milionários do orçamento da educação, até os estados e municípios. Agora, o golpista Temer já sai a público para mostrar que, se consolidado o impeachment, ele virá com força total para aplicar seus ajustes sob as costas dos professores de todo o país.

A justiça está do lado dos governos e dos patrões, e o arquivamento dos inquéritos contra os poucos policiais que haviam sido indiciados pelo massacre em Curitiba é uma demonstração clara disso. Os policiais ainda desfrutam de uma justiça especial própria, a Justiça Militar, o que faz de seus julgamentos um teatro ainda mais ridículo. O juiz David Pinto de Almeida, que recebeu as denúncias, afirmou que os policiais seguiram as regras de “uso progressivo da força” e que “não caberia aos policiais militares escalados em serviço transigir ou negociar sobre as ordens recebidas.” Ou seja, culpam os próprios professores pela força “proporcional” com que foram brutalmente atacados.

O governo afirma que irá punir os manifestantes com corte de ponto

As notas oficiais do governo são de um descaramento completo, e mostram como “nada ficou para trás” em relação aos ataques de abril de 2015. A Casa Civil afirmou que: A manifestação desta sexta-feira demonstrou a vontade política de um sindicato com nítidas vinculações partidárias. O protesto foi encarado com naturalidade e o Governo do Estado do Paraná tem se pautado pela verdade no diálogo permanente que mantém com todos os servidores estaduais. Haverá desconto no salário de quem faltou ao trabalho sem justificativa, uma vez que 55% das escolas funcionaram.” Já a Secretaria de Educação soltou uma nota em que alardeia os supostos ganhos dos professores, com reajustes minguados conquistados a duras penas, e a contratação de míseros 296 professores efetivos em abril.

Toda a nossa solidariedade vai à luta dos professores do Paraná contra o governo de Beto Richa. Nenhum corte de ponto e nenhuma punição aos professores que foram às ruas nesse 29 de abril! Por um movimento nacional em defesa da educação pública, contra o golpe institucional da direita que quer aprofundar os ataques, e contra os ajustes de todos os governos!




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