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GREVE GERAL | Ato histórico de trabalhadores e marcha massiva em Antofagasta

Mais de 6 mil trabalhadores se reuniram na praça Sotomayor em um ato impulsionado pelo Comitê de Proteção e Emergência e convocado pela Associação Comunitária de Professores de Antofagasta. Trabalhadores da educação, portuários, trabalhadores da saúde, dos correios, sindicatos do comércio, servidores públicos, a coordenação do No+AFP (Não mais AFP - movimento contrário à administração de fundo de pensão chilena) e estudantes foram parte dessa atividade e logo se somaram à mobilização na qual cerca de 20 mil pessoas marcharam pelo centro da capital mineradora.

quinta-feira 24 de outubro de 2019 | Edição do dia

No sexto dia de mobilização no Chile, centenas de milhares de pessoas se mobilizaram novemente mas, dessa vez, as categorias de trabalhadores nas ruas aumentaram. Setores estratégicos como portuários mantêm seu chamado à greve geral nacional, mineiros de Escondida, Zaldívar e Chuquicamata paralisaram suas tarefas, até mesmo o DMH marchou até a cidade de Calama depois de parar. Além disso, servidores públicos da saúde, educação, professores, carteiros e setores do comércio foram parte ativa das marchas massivas nacionalmente.

Os partidos políticos opositores ao governo se reuniram para buscar uma saída para a crise. Piñera acatou várias das medidas propostas pelos partidos Democracia Cristiana (DC), Partido por la Democracia (PPD) e Partido Radical (PR), mas isso não mudou o humor das massas. Enquanto isso, o Partido Comunista exige do governo que não retire da mesa a unidade social do diálogo. Por outro lado, o Frente Amplio (FA) mantem a velha receita de exigências de renúncias de ministros como Chadwick.

Essa grande concentração de tropas da classe trabalhadora respondeu não somente ao descontentamento popular contra o regime, que é repudiado amplamente nas ruas, ao rechaço à repressão resultado do estado de emergência e do toque de recolher que teve como resultado 18 mortos, às centenas de prisões, aos feridos e aos abusos, mas também à “agenda social” de Piñera, que não alterou em nada na herança da ditadura e nos grande lucros empresariais. Na verdade foi uma soma de projatos para susídios, que são uma verdadeira piada contra o povo trabalhador, como o fato de que mais de um milhão de aposentados continue vivendo abaixo da linha da pobreza ou com um salário mínimo que não é o suficiente nem para uma cesta básica familiar.

O comitê de segurança e proteção é impulsionado pela Associação de Professores junto a vários sindicatos, organizações estudantis, sociais e políticas, com o objetivo de articular os setores organizados. Nesses comitês defende-se o fim do estado de emergência e do toque de recolher, por greve geral, fora Piñera e por uma assembleia constituinte livre e soberana. Patricia Romo, presidenta da Associação de Professores de Anfogasta declarou no ato da praça Sotomayor que “Piñera e Chadwick pensaram que com os militares nas ruas, que com “os pacos” nas ruas teríamos medo, mas não, queremos dizer ao governo que não temos medo… Estamos vivendo um momento histórico. Dias atrás ninguém havia pensado que a juventudo nos acordaria, porque não foram os 30 pesos mas mais de 30 anos de abuso empresarial às famílias trabalhadoras, de tornar nossas vidas mais caras, de salários mínimos, de pensões de fome. Essa mobilização tem que servir para mudar tudo. Com isso, anuncio que juntos a trabalhadores organizados, professores, estudantes e trabalhadores da saúde criamos, na associação de professores, um comitê de emergência e proteção, com companheiros dos direitos humanos, advogados, médicos, com assistência permanente e a serviço de todos os manifestantes. Isso não pode ser um acontecimento de dois dias, isso tem que acontecer até que caia Piñera, e até que a gente imponha uma assembleia constituinte livre e soberana e a serviço do povo trabalhador.”

O comitê está organizando assembleias abertas, de onde estão surgindo comissões para ajudar os manifestantes que foram afetados pela brutalidade da repressão, com comissões de saúde de onde participam centenas de estudantes de medicina, com o apoio de trabalhadores da saúde e médicos, e comissões de direitos humanos que recebem dezenas de casos de prisão e estão disseminando medidas de segurança.

A organização de um grande ato para iniciar o dia de greve geral foi um feito histórico na cidade de Antofagasta. Lester Calderón, dirigente da Constramet regional norte e parte da articulaçao dos trabalhadores mobilizados disse: “hoje estamos avançando a coordenação de trabalhadores da indústria, portuários, comércio, educação, saúde e setores estudantis, e é muito importante que possamos avançar com um só punho, por exemplo, poder fazer visível a força dos mineiros na capital política da região mineiradora, é um desafio que temos que realizar para terminar definitivamente com esse regime que desgastou o povo trabalhador e pobre, e avançando em uma saída que acabe com a herança da ditadura, uma greve geral até derrubar esse governo e seu regime, impondo uma assembleia livre e soberana, lutando por um governo dos trabalhadores em ruptura com os capitalistas, que permita conquistar total e efetivamente todas as nossas aspirações sociais e democráticas”.

Por último, Lester Calderón convidou a todas e todos a se somar ao comitê de proteção e emergência, a ser parte das assembleias e comissões, para decidir qual alternativa devemos impulsionar diante do cenário atual. Também convida a participar de um novo ato nessa quinta-feira, dia 24, às 16:00 na praça Sotomayor.




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