×

SINAIS DA CRISE | Atividade econômica em queda e emprego industrial atinge maior retração desde agosto de 2009

Nesta quarta-feira, o Banco Central divulgou seu índice de Atividade Econômica (IBC-Br) que é a prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Os números mostraram uma retração de 2,49% da economia no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2014. No segundo trimestre, a queda foi de 1,89%.

Flávia SilvaCampinas @FFerreiraFlavia

quinta-feira 20 de agosto de 2015 | 07:30

Nesta quarta-feira, o Banco Central divulgou seu índice de Atividade Econômica (IBC-Br) que é a prévia do PIB (Produto Interno Bruto). Os números mostraram uma retração de 2,49% da economia no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2014. No segundo trimestre, a queda foi de 1,89%.

O PIB medido pelo IBGE será divulgado no próximo dia 28, no primeiro trimestre do ano, o PIB apresentou redução de 0,2%. Se, continua a queda no PIB, seguindo a tendência do IBC-Br, o país estará considerado em recessão técnica, dois trimestres seguidos de queda no PIB.

Como previsão para o ano de 2015, o ministério da Fazenda trabalha com uma retração econômica de 1,5%. Os números da economia continuam em queda, com aumento no desemprego, redução do volume de vendas no varejo e nos serviços, e para piorar a conjuntura para os mais pobres, o custo de vida só cresce, com o aumento nos alimentos e tarifas de serviços básicos como água e luz.

Assim, são os trabalhadores e o povo pobre os maiores alvos das medidas de ajuste fiscal do governo, com os salários arrochados para manter os lucros dos patrões em meio aos efeitos da crise econômica.

Continua a queda no emprego industrial

O IBGE divulgou nesta quarta-feira dados do emprego industrial para junho deste ano. Os números mostram mais uma vez a perda de dinamismo na geração de emprego e nos salários da indústria para quinze dos dezoito setores pesquisados. Um cenário de queda no emprego e na produção industrial que aponta para um agravamento da crise no setor. O emprego na indústria em junho de 2015 apresentou retração de 6,3%, a maior queda desde agosto de 2009 (com redução de 6,4%) período em que o país sofreu mais fortemente os efeitos da crise econômica mundial que chega a seu 8º ano.

A análise por setor, mostra que as maiores perdas vieram de alimentos e bebidas (de -1,6% para -2,9%), de máquinas e equipamentos (de -5,1% para -7,7%), de meios de transporte (de -8,8% para -10,9%) – aqui incluída a indústria automobilística e de autopeças, de vestuário (de -4,3% para -6,5%), de produtos de metal (de -9,3% para -11,2%) e de borracha e plástico (de -0,5% para -2,3%).

As horas pagas na indústria também continuam em trajetória de queda, de janeiro a junho de 2015, o número de horas pagas caiu 5,8%, segundo o IBGE. Estes números evidenciam a queda no ritmo da produção na indústria, com as demissões e lay-offs, e a queda nos estoques com a redução no consumo de produtos industriais fruto dos efeitos da crise mundial e internamente, com a queda na demanda interna.

Com relação ao valor da folha de pagamento real, houve queda de 7,1% em junho de 2015, no ano, o acumulado da perda salarial do setor atinge 6,1%. Os resultados negativos, apareceram em quinze dos dezoito ramos investigados, com destaque para meios de transporte (-17,4%), alimentos e bebidas (-6,3%), máquinas e equipamentos (-10,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,7%), metalurgia básica (-13,5%), borracha e plástico (-11,4%), produtos de metal (-11,9%), produtos químicos (-4,3%), outros produtos da indústria de transformação (-8,7%), calçados e couro (-8,4%), minerais não-metálicos (-3,3%) e produtos têxteis (-3,6%). Por outro lado, indústrias extrativas (18,2%) e refino de petróleo e produção de álcool (15,9%) apontaram as principais contribuições positivas no total da indústria, com ambas influenciadas pelo pagamento de participação nos lucros e resultados em importante empresa desses setores.

Ou seja, os dados do IBGE apontam novamente para um quadro quase generalizado de queda na produção, nos salários e no emprego da indústria. Um quadro de crise que não é somente resultado da queda no consumo dos brasileiros, mas que é fruto também da redução nas exportações de produtos manufaturados argentina e europeia, e também chinesa e que são fenômenos que refletem por sua vez, a dinâmica global de uma crise dos lucros dos capitalistas que está sendo arrastada desde 2008-2009.

As demissões na indústria automobilística como as recentes demissões na GM de São José dos Campos e na Volkswagen de Taubaté, o arrocho nos salários e as medidas do governo como o PPE e as MPs 664 e 665, são formas dos capitalistas e dos governos empurrarem a crise para os trabalhadores. Somente a luta independente dos trabalhadores pode impor um programa para que sejam os empresários que paguem pela crise.


Temas

Economia



Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias