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Atitude Feminina: entre a violência de gênero e a saída pelo crime

Noah Brandsch

Atitude Feminina: entre a violência de gênero e a saída pelo crime

Noah Brandsch

Nos aproximando do ato internacional do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, que se levantaram desde a greve do aborto na Polônia, da Maré Verde argentina, até às barricadas contra o golpe em Myanmar, trazemos uma banda de RAP brasileira que com um microfone denunciam e expressam a opressão e o peso do patriarcado na sociedade em que vivemos: a capitalista. Que a luta delas nos inspire para podermos gritar neste 8M por uma saída independente da classe trabalhadora à crise capitalista, com as mulheres na linha de frente, como sempre fizeram nas maiores revoluções do século XX.

Atitude Feminina é uma banda de RAP formada em 2000 na cidade de São Sebastião, no Distrito Federal. Hoje as integrantes são Aninha e Hellen, além da DJ Raffa; entretanto, Giza Black, Jane Ex-Veneno e Lala também já trilharam juntas na banda. O grupo tem 2 álbuns lançados: Rosas (2006) e Desistir Jamais (2013).

Neste breve artigo, vamos apresentar algumas músicas que tratam de questões como violência doméstica e opressão com as mulheres, e como isso está intimamente ligado à narrativa do crime, realidade da quebrada de São Sebastião.

Em diversas músicas, como Enterro do Neguinho, De que Vale o Crime Neguinho, Dia de Finados, Funerais, Um Preço Caro Demais, Infelizmente é Assim e outras, as cantoras colocam como a realidade do crime e do tráfico são extremamente fortes no local onde vivem, e em todas elas o fim é trágico, mostrando claramente que isso não é nenhuma saída ao sofrimento das personagens das músicas. A rotina desgastante, a falta de perspectiva para uma vida digna e até falta de condições básicas de sobrevivência, combinado em muitos casos com as forças repressivas do Estado, é o que leva ao crime em todas as músicas. A precarização da vida imposta pelo capitalismo leva a essas saídas com fins trágicos. Essa precarização e violência do capitalismo também é denunciado pelas cantoras, como na música Direitos Abstratos.

Um outro elemento que se relaciona a isso é a violência doméstica e a opressão de gênero, como nas músicas Rosas, Linda, Mantenha a Calma e outras, em que o crime e as drogas cooptados por uma falta de perspectiva de vida, desaguam em uma violência constante contra as mulheres, causando inclusive estupros e feminicídios.

Entretanto, outras músicas também buscam retratar uma união e uma força para a superação dessas dificuldades, tanto da falta de perspectiva que te joga no crime, como nas músicas Puratitude, Paraíso, À Procura da Paz, Quando o Sol Brilhar e outras, quanto em relação às opressões de gênero e raça, como nas músicas Mulher Guerreira e Sub-Raça.

Deixo aqui ambos os álbuns para que o leitor os escute e os analise, e que se inspire e se encha de ódio para derrubar o patriarcado e o capitalismo que a cada dia nos deixa cada vez mais perspectivas e sem futuro!


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Noah Brandsch

Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
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