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USP | Assembleia dos Estudantes aprova indicativo de paralisação conjunta com funcionários

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

sexta-feira 11 de março de 2016 | 00:29

Nessa quinta-feira, 10 de março, aconteceu a primeira assembleia geral dos estudantes da USP. Como forma de abertura da assembleia foi realizado um ato simbólico juntamente com as trabalhadores presentes no VII Encontro de Mulheres Trabalhadoras da USP e com a familiares, em memória da trabalhadora da sessão de alunos da Letras Geiza assassinada ano passado pelo ex-namorado. Vítima do feminícidio, a dor da família de Geiza representava também a dor que assola milhares de famílias em todo o país que são vitimas violência contra a mulher e emocionou a todos os presentes.

Mal começou o ano e já fomos bombardeados com uma série de ataques promovidos pela reitoria, seja com a não abertura de vagas nas creches, os cortes nas bolsas de permanência, o aprofundamento do processo de desmonte da universidade ou com o racismo institucional que visa atacar a organização dos estudantes em luta pela aprovação de cotas raciais. Um conjunto de medidas que a reitoria vem implementando que fazem parte do mesmo projeto político de educação do governo do estado de São Paulo para as escolas públicas. Nessa primeira assembleia do ano, os estudantes debateram quais medidas podem tomar para responder não só a crise da USP mas também a conjuntura nacional.

Segundo Gabriel Heitz, estudante de geografia e militante da Juventude às Ruas, “Nós estudantes não podemos estar alheios ao que está acontecendo na sociedade lá fora. Precisamos nos posicionar claramente contra o impeachment da oposição de direita reacionária que visa aprofundar ainda mais os ataques. Mas de forma alguma devemos fazer o jogo do governismo, tentando defender o indefensável, um governo que vem a seu modo privatizando e vendendo nossas riquezas para o imperialismo e implementando uma série de ataques a juventude e toda classe trabalhadora. Foi esse governo que abriu espaço para que a direita pudesse se fortalecer. É preciso que o movimento estudantil da USP se de grandes tarefas e se proponha a construir uma alternativa independente desses dois campos burgueses.”

Flávia Toledo, diretora do Centro Acadêmico da Letras complementou dizendo que “Na universidade estamos sendo bombardeados por uma série de ataques que a reitoria vem implementando, ataque esses ligados ao mesmo projeto de precarização do ensino que o governo do PSDB vem fazendo nas escolas. Precisamos nos unir com todos os setores em luta pelo país, como os estudantes da Paraíba, os secundaristas do Rio de Janeiro e os estudantes da EACH aqui na USP para arrancar nossas demandas assim como os secundaristas de São Paulo fizeram ano passado. E para isso devemos fazer uma grande mobilização e uma forte paralisação no dia 31, juntamente com os trabalhadores da USP, buscando se ligar a todos os setores em luta, para que dessa forma possamos construir uma greve nacional por educação”.

Entre as principais deliberações da assembleia foi aprovado que uma moção de repúdio as agressões ocorridas no ato do dia 8 de março quando setores governistas sequestraram o ato que deveria ser em defesa das mulheres para fazer dele um grande dia em defesa de Lula e Dilma. Utilizando para isso de métodos burocráticos e de agressão física a militantes de coletivos de esquerda que se posicionaram contrárias a mudança das pautas anteriormente deliberadas por todo movimento de mulheres. A luta das mulheres se expressou também com a aprovação de uma ação em frente a reitoria da USP no dia 18 de março, em defesa das creches e pela abertura imediata das vagas ociosas, já que em uma sociedade machista e patriarcal é principalmente sob os ombros das mulheres que recai o cuidado dos filhos.

A EACH que está na linha de frente da mobilização desde o início do ano, arrancou da reitoria a devolução do auxilio transporte pelos próximos 10 meses. Contudo como não há nenhuma garantia de que não vão cortar novamente a bolsa no início do ano que vem, os estudantes deliberaram que permanecerão em luta, e convocaram um ato na rodovia Airton Senna, no dia 15 de março.

Mobilizar desde as bases e construir uma forte paralisação no dia 31

Apesar de ter sido um espaço pouco representativo do conjunto dos estudantes da universidade, devido a falta de convocação e construção da assembleia, por parte do parte da atual gestão do DCE (PSOL/PSTU), foi deliberado a incorporação dos estudantes na paralisação do dia 31 de março, convocada pelo Sindicato de Trabalhadores da USP como parte da luta contra o desmonte, por cotas e permanência estudantil, e contra os ataques dos governos, que deve ser referendada por assembleias de curso.

Para nós da Juventude às Ruas essa paralisação é um primeiro passo muito importante para que os estudantes da USP em aliança com os trabalhadores possam se apresentar como uma alternativa independente. Para isso é necessário que todos os centros acadêmicos e principalmente o DCE levem adiante a tarefa de construir essa paralisação entre os estudantes da universidade. Para que possamos fazer no dia 31 um grande dia de luta contra os ataques das reitorias e dos governos, buscando se unificar com os estudantes secundaristas que permanecem em luta contra a reorganização velada de Alckmin, com os estudantes e professores do Rio de Janeiro e com todos os setores em luta, rumo a construção de uma greve geral em defesa da educação.


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