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Ataque nas universidades | As matrículas precárias da UFRGS fazem parte da política de cortes de Bolsonaro

Mais uma vez a UFRGS com o interventor bolsonarista, Carlos Bulhões, está expulsando estudantes cotistas da universidade, muitos com a matrícula precária, e já estavam cursando há anos a faculdade, e agora tão sendo expulsos de forma totalmente autoritária e arbitrária. Matrícula precária, faz parte uma política consciente para aplicar os cortes na educação justamente nos setores mais precários.

quinta-feira 28 de outubro de 2021 | Edição do dia

A crise na UFRGS vem se agravando cada vez mais nos últimos anos. Desde o golpe Institucional de 2016, vários ataques como a lei do Teto de Gastos aprovada no governo Temer, e os vários cortes aplicados pelo governo Bolsonaro nas universidades federais, vem aprofundando a precarização na educação pública. Na UFRGS, esses ataques do governo acabam sendo jogados para cima dos setores mais precários e oprimidos da universidade. Como os trabalhadores terceirizados, que sempre estão à mercê das demissões e o rodízio de empresas que pagam menos direitos com a reforma trabalhista e a Lei de Terceirização Irrestrita, dois ataques diretos à classe trabalhadora durante esse regime golpista. Além deles, os filhos dos trabalhadores, negros e pobres que estão estudando na universidade também são alvos desses ataques brutais.

Nas últimas semanas vimos o reitor interventor de Bolsonaro, Carlos Bulhões, expulsar novamente estudantes cotistas da universidade, dezenas de estudantes que tiveram seus estudos interrompidos de forma totalmente autoritária pelo o interventor e a burocracia acadêmica privilegiada. Os indeferimentos aconteceu com os estudantes que entraram pelas cotas de baixa renda familiar. Essa modalidade é ultra burocrática de se conseguir, com a universidade exigindo centenas de documentos pessoais e de familiares, extratos bancários, e entre outros documentos, às vezes chegando a fazer solicitações humilhantes. Mesmo assim, a UFRGS fez com que centenas de cotistas ficassem semestres ou anos esperando sair o resultado da avaliação, e quando saía, era para pedir mais documentos.

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Desde 2018, ainda na gestão de Rui Opperman, a universidade criou a matrícula provisória, mais conhecida como matrícula precária; uma medida, que foi reivindicada por alguns setores de esquerda, que garantiria que os estudantes pudessem começar a estudar na universidade enquanto os documentos eram analisados. Essa medida, na verdade, se tratava de um ataque ainda mais brutal aos estudantes. Hoje, entre os cotistas que estão com as suas cotas ameaçadas, muitos estão há 2 ou 3 anos cursando suas faculdades. Se as expulsões se efetivarem, serão anos de estudos que serão jogados fora, tudo por responsabilidade da burocracia acadêmica e dos ataques de Bolsonaro. Já não bastasse o Vestibular, um filtro social elitista que impede a maioria dos pobres, negros e trabalhadores de entrarem na universidade, e passarem por todo o trabalho de enviar os documentos, são ainda expulsos depois de anos na universidade, com semestres de estudos, dedicação e tempo que para o regime burguês, não significa nada.

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As matrículas precárias fazem parte de uma política que a UFRGS vem tendo para aplicar os cortes. Nos momentos como agora com novos cortes bilionários na educação, os estudantes que não tiveram a sua matrícula efetivada acabam sendo os primeiros a serem atacados. Isso na verdade aprofunda uma crise brutal que já vem ocorrendo entre os estudantes, que durante a pandemia e o Ensino Remoto Emergencial (ERE), a evasão aumentou consideravelmente, isso devido às inúmeras dificuldades dos estudantes durante a pandemia, e a dificuldade de manterem os estudantes em um sistema tão precário como o ERE.

Agora também com o debate do retorno das atividades presenciais, a questão dos cortes entra como argumento de que não há como voltar a atividade presencial 100%, colocando sobre o retorno híbrido sem ser debatido e decidido pelo o conjunto da comunidade universitária. O mais absurdo é que enquanto os cortes são aplicados nos setores mais precários e oprimidos da UFRGS, sabemos que tem membros da burocracia acadêmica que acumula cargos e salários altíssimos trabalhando pouco.

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Frente a toda essa situação que precisamos lutar pelo fim da matrícula precária e pela matrícula imediata de todos os estudantes cotistas, contra todos os indeferimentos e expulsões que estão sendo feitos contra os cotistas pelo reitor bolsonarista, e lutando pela permanência na UFRGS com bolsas e programas de assistência. Também em relação aos cortes, é preciso que toda a comunidade acadêmica saiba com o que a reitoria e a burocracia estão gastando os investimentos na universidade, enquanto os cortes são aplicados nos setores precários. Por isso é necessário defender a abertura do livro de contas para todos estudantes, professores e trabalhadores tenham acesso a essas informações.

É preciso que a comunidade acadêmica, decidam sobre o futuro da universidade, e não a Reitoria interventora. Por isso é necessário que o retorno das atividades presenciais seja um debate amplo em todos os setores da comunidade acadêmica. Que os cursos e os departamentos convoquem assembleias de bases para debaterem suas demandas e necessidades sobre essa questão elementar em meio a pandemia. O DCE da UFRGS, hoje dirigido pelas correntes da oposição de esquerda como o Juntos, Afronte e Alicerce (PSOL), Correnteza (UP) e UJC/MUP (PCB), precisa impulsionar espaços de auto-organização desde a base para reorganizar o movimento estudantil e lutar contra o conjunto dos ataques.

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