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Arte e cultura no Festival Palestina Livre do Rio ao Mar na UERJ

Sara Saad

Arte e cultura no Festival Palestina Livre do Rio ao Mar na UERJ

Sara Saad

Nossos olhos estão atentos aos jovens que têm se levantado pelo mundo em defesa do povo palestino. O sopro da solidariedade internacional toma proporções que ecoam ventos que não se sentia desde Maio de 68, quando se levantou a juventude anti imperialista contra a Guerra do Vietnã. Inspirados nesse movimento internacional, a juventude Faísca Revolucionária e o grupo de mulheres feminista socialista Pão e Rosas decidiram unir cultura e arte com a força da juventude para fazer ouvir nosso grito de protesto desde o Rio de Janeiro, construindo um festival por uma Palestina Livre do Rio ao Mar na UERJ

Cerca de 500 pessoas estiveram presentes no Festival Palestina Livre do Rio ao Mar na UERJ, no dia 27 de março, ao longo de mais de 6 horas de evento cultural e político que atraiu muitos estudantes, artistas e apoiadores. O primeiro grande festival do tipo em uma universidade no Brasil desde o início da campanha genocida de limpeza étnica do Estado israelense em Gaza no último outubro, financiada pelos EUA e as demais potências imperialistas. Reunindo artistas independentes de dentro e fora da universidade, o Festival buscou somar as vozes dos estudantes e trabalhadores da UERJ às centenas de milhares que, mundo afora, apoiam o povo palestino contra o genocídio levado a frente pelo Estado israelense, e abrir espaço aos artistas independentes corajosos que são invisibilizados pela indústria cultural sionista.

O Festival foi marcado com fortes apresentações de artistas como TOCAIA, a dupla de DJs Dendê Discos, a cantora palestino-brasileira MAJ, PRESE, Azizi, Renan Mariath, Loket Quazy, Adilson Franco. Além de exposição de fotografias de Fellipe Lugão, projeção de imagens de artistas e cobertura fotográfica do evento por Katja Schiliró que desenvolve um trabalho fotográfico direcionado exclusivamente para mães e familiares vítimas de violência do estado desde 2012.

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“É encorajador ver esse tipo de solidariedade e conscientização sendo amplamente divulgado através das plataformas artísticas e culturais. Não podemos nos eximir de fazer nossa parte por uma causa humanitária de alcance mundial, a posição da arte sempre foi ajudar a produzir questionamentos e nós como artistas precisamos nos posicionar.”

Azizi

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Nossa juventude tem direito à cultura, não aguentamos mais viver nessa sociedade onde a juventude é massacrada pela polícia nas favelas, sem direito à trabalho, educação e arte. Esse grito também ecoou no festival através das mensagens nas composições dos artistas e das fortes saudações de Ana Paula Oliveira do coletivo Mães de Manguinhos e muitos familiares de vítimas da violência do Estado. Uma atmosfera emotiva e combativa tomou conta do Festival Palestina Livre do Rio ao Mar quando elas ecoaram a solidariedade internacional ao povo palestino denunciando também a violência policial, o Estado, a cumplicidade do judiciário com a impunidade policial, o racismo e o capitalismo por trás das mortes que vitimaram seus filhos e filhas.

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Entre as muitas mães, pais e familiares presentes, falaram Patrícia de Manguinhos; Sandra e Vladia do Jacarezinho; Fernanda e Rosi da Maré, Sônia e Adriana do Chapadão; Jackeline do Lins, Fatinha da Rocinha; Priscila e Ana Claudia da Cidade de Deus e Seu José do Acari. As falas demonstraram que a luta por justiça e em defesa da Palestina é uma só, impactando as novas gerações a tomarem para si essas batalhas, unificando a luta estudantil com as mulheres que lutam todos os dias contra o Estado e a impunidade.

O festival também contou com saudações importantes de trabalhadores em greve, como Fábio Marinho, técnico da UFRJ, Isadora Romero, militante do Pão e Rosas atualmente grevista da educação municipal de SP, Tufão, metroviário de SP demitido por lutar, e Leandro Lanfredi, petroleiro do Movimento Nossa Classe que constrói hoje uma chapa classista em defesa do Sindipetro-RJ.

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Simone Ishibashi, doutora em Economia Política Internacional pela UFRJ, editora da revista semanal de teoria marxista Ideias de Esquerda, do Esquerda Diário e especialista em Oriente Médio fez uma saudação impactante pelo Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que só aponta como a solidariedade internacional à resistência do povo palestino não apenas é necessária mas fundamental, e precisa ser redobrada.

Importante ressaltar o caráter totalmente independente como foi construído o Festival, não recebendo nenhum apoio financeiro de empresas e governos, contando com a contribuição voluntária de apoiadores da arte política e da causa palestina. Compreendemos a arte como ferramenta política para lutar por outra sociedade, sendo necessário abrir espaço aos artistas incomodados e corajosos que não se resignam frente a realidade. A arte carrega o potencial subversivo e disruptivo de escancarar as mazelas latentes da sociedade, pode cumprir um papel fundamental em dissipar as nuvens do ceticismo e pessimismo sendo incompatível com o espírito de acomodação.

Nesse festival se fez ouvir o grito de artistas, da juventude, de trabalhadores, de mães que lutam por justiça e seguiremos denunciando que as armas que matam a juventude negra no Brasil são as mesmas que matam as crianças palestinas, unificando nossa luta para batalhar pela solidariedade internacional por uma Palestina livre das amarras imperialistas e capitalistas, pela libertação e emancipação de toda a humanidade, para abrir caminho a uma sociedade sem opressão e exploração, onde a arte será a própria vida.


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Sara Saad

Estudante do Serviço Social na UERJ e militante da Juventude Faísca Revolucionária.
Estudante do Serviço Social na UERJ e militante da Juventude Faísca Revolucionária.
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