No fim de semana, soube-se que a agência de inteligência argentina espionava jornalistas e acadêmicos, além de uma reunião e dirigentes do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), partido que forma a Frente de Esquerda. Essa espionagem ilegal recebeu repúdio imediato generalizado.
terça-feira 9 de junho de 2020 | Edição do dia
Sabe-se que os serviços de inteligência fizeram um relatório em uma reunião de 24 de setembro de 2017 no Hotel Bauen, na cidade de Buenos Aires, onde centenas de trabalhadores realizaram uma plenária aberta para refletir e resolver medidas no momento em que "o governo e os empregadores de Macri tentaram baixar novos ataques à classe trabalhadora e aos pobres, com a cumplicidade dos líderes sindicais ". O relatório da Agência Federal de Inteligência (AFI) detalha que as informações foram coletadas por "fontes próprias", ou seja, "infiltrados" naquela reunião.
"Obtém-se de nossas próprias fontes que, durante as atividades realizadas em relação ao plenário mencionado, foram estabelecidas as diretrizes gerais para a criação de comissões que terão como missão operacional o impedimento da conferência da OMC a ser realizada durante o corrente ano; para impedir o desembarque do G20 no país ”, cita o relatório absurdo, que também menciona a Frente de Organizações em Luta (FOL) e a Tendencia Piquetera Revolucionaria (TPR). Como se sabe, há também, entre as vítimas de espionagem ilegal nas mãos do Estado, cerca de 400 jornalistas e ativistas do Ni Una Menos.
O dossiê foi preparado pela Diretoria de Análise Interna do Departamento de Crimes contra a Ordem Constitucional e existem fotos e dados pessoais de alguns dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores Socialistas, parte da Frente de Esquerda, e dos Trabalhadores na Argentina, que promovem a Rede Internacional La Izquierda Diario no país. Juntamente com as informações dos líderes do PTS, havia uma lista de colaboradores da campanha eleitoral de 2017 e uma lista de "quadros treinados", para se referir a militantes experientes.
Deve-se destacar que as informações que os serviços de inteligência coletaram são absolutamente públicas, tanto a reunião mencionada, como os líderes e colaboradores espiados também são figuras públicas e estão na internet.
Mas isso não torna a atividade de espionagem ilegal menos séria, já que o PTS e outras organizações já sofreram em várias ocasiões: Projeto X da Gendarmeria, em 2011, o famoso “homem de barba grisalha”, nas manifestações dos trabalhadores de Lear, em junho de 2015 espionagem de Myriam Bregman; advogados do Centro de Profissionais de Direitos Humanos e parentes de Santiago Maldonado em 2017; e arecente vigilância ilegal de mineradores de Andacollo, em Neuquén.
"Vamos nos apresentar nesse caso exigindo que uma investigação seja conduzida até às últimas consequências e que sabemos quem foram os responsáveis materiais e políticos deste ataque às liberdades democráticas", declarou o PTS.
Nas redes sociais, foi sentida a rejeição desses atos graves de espionagem ilegal aos líderes do PTS, aos inúmeros jornalistas e personalidades.
Es muy grave el espionaje de la AFI bajo el gobierno de Macri del que también fue víctima nuestro partido. Desde @PTSarg y el @Fte_Izquierda queremos que se investigue hasta las últimas consecuencias. No se puede naturalizar, no podemos permitir la impunidad.
— Nicolas del Caño (@NicolasdelCano) June 7, 2020
El 24 de septiembre de 2017, el @PTSarg participó de un plenario de agrupaciones clasistas en el Hotel Bauen. Esa reunión estaba infiltrada por la AFI.
¿De qué hablaron?
- De la marcha por la aparición de Santiago Maldonado
- De las elecciones de medio término pic.twitter.com/OxlLm7Nuwa— Luciana Bertoia (@LucianaBertoia) June 7, 2020
Mi foto en la carpeta de espionaje ilegal de la AFI sobre el @PTSarg Los que venían a "regenerar las instituciones" en violación flagrante de la ley de "inteligencia". Lo grotesco del informe no puede minimizar la gravedad de estas prácticas persecutorias hechas desde el estado pic.twitter.com/Ul92zbtGEo
— Christian Castillo (@chipicastillo) June 7, 2020
Sería un gran error continuar analizando los episodios de espionaje como hechos aislados. Espiar a periodistas y a mi partido @PTSarg, junto con las causas Maldonado, D'Alessio, la del juez Villena y demás casos, demuestra la sistematicidad y por ende la responsabilidad política
— Myriam Bregman (@myriambregman) June 7, 2020
Es gravísimo el espionaje a periodistas, académicos y políticos que hizo la AFI de Arribas y Majdalani. Especialmente lo del @PTSarg: infiltraron un plenario, posiblemente con un espía. Así marcaba y desaparecía gente la dictadura. Mi solidaridad con sus dirigentes y militantes.
— Angela Lerena 🏟 (@Angelalerena) June 7, 2020
La AFI y los servicios contra la izquierda no nacieron en 2015... https://t.co/9Ix75fzQKC
— guillo p (@GuilloPistonesi) June 7, 2020
Totalmente de acuerdo @myriambregman. Pero además de los casos de espionaje, tenemos atentados muy reales, como el balazo por la espalda que recibí de la policía provincial del MPN que todavía sigue impune. O los balazos de goma que recibió @NicolasdelCano en la Panamericana https://t.co/HuGNKDVVtZ
— Raúl Godoy (@RaulGodoyPTS) June 7, 2020
Que el espionaje a periodistas no tape que infiltraron a un partido. Es muy grave lo que hicieron con el @PTSarg.
— Alejandro Wall (@alejwall) June 7, 2020
Macri habló de libertad de prensa, pero cerró medios a lo loco y espió a 400 periodistas. Habló de “republicanismo” e infiltró a mi partido, el @PTSarg. Una vergüenza mayúscula que arroja la pregunta: ¿hasta cuándo ese sótano podrido va a seguir funcionando?#BuenDomingo
— Octavio Crivaro 💚✊🏻 (@OctavioCrivaro) June 7, 2020
Mi nombre aparece en las fichas del espionaje ilegal realizado por la AFI, identificada como parte de la dirección del @sutemendoza. Es un grave atentado a las libertades democráticas y a la organización sindical. No es un hecho aislado, exigimos se investigue. pic.twitter.com/wjRG52dQMp
— Laura Espeche (@LauGEspeche) June 7, 2020
En el #DiaDelPeriodista va un saludo a todos los y las periodistas comprometidos con difundir y mostrar la verdad, y un repudio al espionaje sobre ellos. Quieren evitar la libertad de prensa. Un saludo especial a los y las periodistas de @izquierdadiario https://t.co/cEE3NT05kS
— Alejandro Vilca (@vilcalejandro) June 7, 2020