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SERVIÇOS "ESSENCIAIS" SÃO LIBERADOS APÓS EMPRESÁRIOS PRESSIONAREM | Após reunião com Bolsonaro, 7 patronais ganham seu apoio para expor trabalhadores à COVID-19

Uma semana após se reunirem com Bolsonaro, Guedes e o STF, 7 de 15 setores empresariais que reivindicavam serem considerados “emergenciais” para obrigarem trabalhadores a se expor já conseguiram que Bolsonaro os incluísse em decreto presidencial.

quinta-feira 14 de maio de 2020 | Edição do dia

Vimos na semana passada um grupo de empresários fez uma “visita de cortesia” - nas palavras de Paulo Guedes – ao presidente Bolsonaro, sendo recebidos prontamente com um grupo de ministros que incluía Braga Netto, da Casa Civil, Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, e o próprio Paulo Guedes, da Economia. Os empresários, representando quinze setores, foi levado ainda para uma conversa com Dias Toffoli, presidente do STF. Vimos entre esses empresários, que representavam 15 patronais, gente como Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), já foi condenado duas vezes por formação de cartel e estava junto na marcha da morte de Bolsonaro.

O pedido desses senhores era simples: que Bolsonaro os ajudasse a acabar com medidas restritivas impostas pelo combate ao coronavírus e permitisse que expusesse os trabalhadores de suas indústrias ao contágio, colocando as vidas deles em risco em nome da preservação de seus lucros exorbitantes. Eles usaram do dramático slogan que dizia que as restrições poderiam levar à “morte de CNPJs”, uma forma bastante expressiva de dizer que as “vidas” de suas empresas valem muito mais para eles do que as vidas humanas que pretendem destruir com o funcionamento daquelas.

Os apelos, é claro, não foram em vão: Bolsonaro mostrou que pode sim ser muito sensível, quando se trata de apelos vindo dos capitalistas. Assim, em uma semana, 7 dos 15 setores patronais representados na reunião já foram incluídos pelo presidente na lista de “atividades essenciais”, dando carta verde para seu funcionamento.

É claro que não apenas esses setores que foram fazer a “visita de cortesia” foram contemplados, porque Bolsonaro tem que agradar muitos de seus amigos empresários. Ao liberar o serviço “essencial” de locadoras de automóveis, por exemplo, fez um agrado a Salim Mattar, empresário do setor e Secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia. O comércio de bens e serviços também é um gentil favor do presidente à patronal do comércio, entre a qual se encontra seu grande aliado Luciano Hang, mais conhecido como “véio da Havan”. É claro que também não poderiam faltar entre as atividades “essenciais” as verdadeiras atacadistas da fé, suas aliadas de primeira hora, as igrejas evangélicas. Gente como o Pastor Valdomiro, que está vendendo “sementes milagrosas” para “curar” COVID-19 tiveram o aval do presidente para seguir com esse tipo de “benfeitoria” ao povo.

Entre os 54 setores da economia liberados para atividade, 11 têm ligação próxima com Bolsonaro, incluindo empresários que ocupam postos de liderança em seu governo. Vimos nessa semana a ridícula cena em que Nelson Teich, Ministro da Saúde, foi informado pela imprensa durante uma coletiva que Bolsonaro havia emitido um decreto liberando atividades como salões de beleza e academias, mostrando que é com os empresários, e não com o ministério da saúde (por mais subserviente que este seja) que se decidem as políticas referentes à abertura ou não de comércios.

Seu apoiador, Edgard Gomes Corona, empresário ligado aos grupos Bio Ritmo e Smart Fit, redes de academias, ficou muito satisfeito em saber que poderá colocar pra funcionar esses serviços “essenciais” que expõem imensamente as pessoas ao contágio. Em entrevista, o empresário afirmou que “é um reconhecimento a esse serviço”.

Ainda hoje Bolsonaro deu seu habitual “show” em frente ao Palácio, dizendo a um pequeno séquito de fãs (pelo que se ouvia, quase todos empresários) e depois à imprensa, que segue defendendo sua política de morte. Nada de liberar a segunda parcela do auxílio emergencial, mas, quando foi perguntado outro dia pela imprensa se a pressão dos setores empresariais determinava a abertura de novos setores considerados “essenciais”, ele disse: “É a pressão de muita gente humilde, que trabalha, que está desempregada, e de gente que quer ir para a academia, quer se desestressar. Lembrei do Paulo Cintura aqui, né? Academia, educação física, o esporte... é saúde”. É com piadas que Bolsonaro segue decidindo enviar milhares para a morte para agradar os capitalistas.




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