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SEM NEGOCIAÇÃO | Após 92 dias, assembleia vota o fim da greve dos professores da rede estadual de SP

sábado 13 de junho de 2015 | 01:19

Da redação.

Na assembleia da tarde desta sexta-feira, 12 de junho, ampla maioria dos professores da rede estadual de SP votou por terminar a greve, que durou 92 dias e foi a maior greve da categoria.

Esta greve colocou em pauta, além da demanda pelo reajuste salarial (75,33% de aumento, veja mais aqui), a denúncia, para toda sociedade, da precarização e do sucateamento da educação pública no estado de SP, com desvalorização do trabalho do docente, com superlotação de salas, infraestrutura precárias, entre outros exemplos.

Para além disto, a greve escancarou a intransigência de Alckmin ao tratar da questão da educação pública no estado. O governador tucano se recusou a negociar as pautas da greve com os professores em luta há mais de 3 meses. Alckmin empurrou a data base da categoria de março para o mês de julho.

Esta foi uma greve importante deste último período, apesar de não ter culminado nas negociações com o governo e de não ter arrancado as pautas da greve, pois trouxe a possibilidade de uma reorganização dos professores que se colocaram em luta. Assim, a principal conquista da greve foi a organização de um novo ativismo de base da categoria que se desenvolveu em várias regiões do estado. Muitos destes professores são professores em estágio probatório aprovados no último concurso, são categoria O.

Nestes 92 dias de greve, os professores das escolas estaduais realizaram cortes de rodovias, foram para a ALESP, organizaram atividades em cada escola com a comunidade, fizeram as mais variadas ações de greve. E os comandos de greve foram fundamentais para levar este conjunto de ações adiante.

Porém, vemos que a greve dos professores de SP poderia ter sido muito mais massiva entre a categorias e que poderia ter, inclusive, preparado as possíveis condições para uma vitória contra os ataques do governo Alckmin, se os comandos de greve tivessem efetivamente dirigido o conjunto das ações de luta durante a greve, se tivessem se expressado nas assembleias e nas falas no carro de som. Mas, tanto a direção burocrática e pró-governo Dilma da APEOESP, quanto oposições estiveram contra esta proposta, de que a greve fosse dirigida pelos comandos de greve.

O que ficou marcado nesta greve é como o governo Alckmin está disposto a atacar a educação pública no estado, com corte de verbas, demissões de professores, superlotação das salas de aula e manutenção de uma infraestrutura precária na imensa maioria das escolas, avançando na precarização do trabalho docente.

É preciso apontar ainda que, se nenhuma pauta foi atendida, foi pela intransigência do governo Alckmin, mas também pela atuação da direção da APEOESP, que não teve uma política para massificar a greve, não se propôs a unificar a luta com os demais professores em greve pelo país, como os professores do Paraná, e isto tudo ao ser uma direção que se negou a que fossem os comandos de greve a base dos professores que estivem à frente da direção e organização da luta.,

A greve foi encerrada ontem. Porém, é preciso que os professores continuem organizados, pois nenhuma das pautas da greve foi atendida, ao mesmo tempo em que o governo prepara novos ataques à educação, como a reforma curricular do ensino médio que passaria a vigorar no próximo ano. Com esta reforma, apenas as disciplinas de português e matemática fariam parte do currículo obrigatório dos estudantes, as demais seriam de escolha de cada aluno. Esta medida, na prática, significará a demissão de milhares de professores da rede estadual.

Dessa forma, o fim da greve não coloca o fim da mobilização da categoria e, para isto, é fundamental a construção de um encontro de base da categoria, dos comandos de greve, composto por todos os setores que construíram a greve, para a elaboração de uma pauta de mobilização e continuidade da luta.

Imagem: Jordana Mercado/APEOESP




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