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GREVE ESTADUAIS PAULISTAS | Apesar da repressão, estudantes e trabalhadores lutam por saúde e educação nas Universidades paulistas

Há mais de um mês em greve trabalhadores, estudantes e professores da USP, Unesp e Unicamp seguem na batalha em defesa da educação e da saúde. Na última semana a USP foi palco de um episódio que escancarou a repressão da Reitoria e do governo, com a Polícia Militar ocupando ostensivamente a universidade para reprimir o movimento estudantil.

quinta-feira 23 de junho de 2016 | Edição do dia

Essa escalada repressiva também atinge os trabalhadores da USP, e tem como objetivo abrir precedentes também nas outras universidades. No caso dos trabalhadores, a repressão se dá diretamente com o corte de salários, que já se efetivou em algumas unidades e que se combina com os pedidos de reintegração de posse com uso da força policial dos piquetes de trabalhadores. A Reitoria também quer expulsar o Sindicato da sua sede histórica. Na Unicamp, além de mandato judicial contra os piquetes e o pedido de reintegração de posse da ocupação da Reitoria, a mídia tem feito uma campanha para que o Reitor aplique sindicância contra os alunos que fazem piquete.

Apesar de todas essas ações repressivas, os trabalhadores e estudantes das universidades resistem. A luta da saúde inclusive tem se ampliado, com cursos como a Medicina da Unicamp aderindo à greve na última semana. Ações de doação de sangue foram realizadas mostrando que enquanto na USP o Reitor fecha leitos do Hospital, nós doamos nosso sangue para população.

Neste cenário todo, o governador Geraldo Alckmin vem tentando se blindar, como se também não fosse sua a responsabilidade pelo baixo orçamento destinado às universidades. Em ato realizado até o Palácio dos Bandeirantes o Governador tentou inclusive impedir que o movimento chegasse ao seu destino, sem sucesso.

O baixo orçamento destinado às universidades (os mesmos 9,57% do ICMS há quase 20 anos) faz com que hoje as universidades estaduais estejam em uma situação de crise. A solução dos Reitores é utilizar dessa situação para implantar um projeto de arrocho salarial, enxugamento do quadro de funcionários, terceirização dos serviços e atendimentos, sucateamento e privatização dos espaços públicos. Não bastasse isso, mesmo tendo 1,4 bilhões de reserva, o Reitor Zago, na USP, ameaça cortar mais 370 milhões do orçamento, o que equivale aos gastos extra-pessoal que a universidade tem durante um ano! Na Unicamp os cortes chegam nos 40 milhões.

Para desmascarar esse projeto e essa tentativa de descarregar a crise de financiamento em nossas costas, os trabalhadores e os estudantes têm enfrentado toda essa repressão, pois sabem que esse é o único caminho. A repressão ao nosso direito de greve tem como pano de fundo a tentativa do governo golpista em avançar na flexibilização das leis trabalhistas.

Consideramos que é fundamental construir um grande movimento democrático pelo direito de greve e também contra a repressão aos estudantes que seja impulsionado em todas as categorias e pelas centrais sindicais e estudantis. Ao mesmo tempo, enfrentar o corporativismo de setores do próprio movimento, a tentativa de separação das greves nas universidades, de fragmentação dos atos e de divisão das pautas passa a ser tarefa central dos que realmente querem levar esta luta a vitória. Exigimos abertura imediata das negociações com todos os reitores e atendimento imediato das reivindicações nas três universidades.

Nós, da Juventude Faísca e do Nossa Classe, atuamos nessa batalha contra os ajustes que afetam as universidades, como parte de uma luta nacional contra os ajustes onde os trabalhadores e a juventude avancem para levantar uma resposta política colocando abaixo este governo golpista de Temer e impondo na luta uma nova Constituinte, conforme expressamos nesta edição. Nesta batalha queremos arrancar cada demanda nossa na perspectiva de lutar por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, o que passa não somente por impor as cotas raciais, mas garantir o fim do vestibular, a estatização das universidades privadas e colocar as universidades para serem controladas por quem as constrói, trabalhadores, professores e o estudantes que são a grande maioria nas universidades.




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