"Eu apago todas as luzes do Palácio ao Alvorada, não tem o porquê", disse Bolsonaro. Essa é a solução do presidente para o aumento das contas de luz, em um momento em que a população brasileira sofre com o desemprego e rebaixamento do auxílio emergencial.
sexta-feira 4 de dezembro de 2020 | Edição do dia
Foto: Sérgio Lima/Poder360
"Eu apago todas as luzes do Palácio ao Alvorada, não tem o porquê. Tenho certeza de que você que está em casa pode apagar uma luz agora. A gente pede que apague uma luz para evitar desperdício, toma banho um pouquinho mais rápido", disse Bolsonaro. Essa é a solução do presidente para o aumento das contas de luz, em um momento em que a população brasileira sofre com o desemprego e rebaixamento do auxílio emergencial.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), com aval do governo, decidiu reativar as bandeiras tarifárias nas contas de luz e estabeleceu bandeira vermelha 2 para o mês de dezembro. Esse é o nível com condições ainda mais custosas para geração de energia. A tarifa sofre acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 kWh. (quilowatt-hora) consumidos. Assim, Bolsonaro joga no colo da população a conta de uma crise que não foi criada pelos trabalhadores, mas sim pelos empresários e capitalistas.
"As represas estão (com) níveis baixíssimos. Se nada fizermos poderemos ter apagões. O período de chuvas, que deveriam começar em outubro, ainda não veio. Iniciamos também campanha contra o desperdício...", disse o presidente em suas redes. Sua “campanha contra o desperdício”, porém, é fazer com que os mais pobres tenham que pagar caro e, portanto, ficar sem esse recurso básico para a sobrevivência, enquanto os mais ricos, as grandes indústrias e o agronegócio (estes sim, responsáveis por desperdícios exorbitantes), continuam lucrando.
É muita cretinice de Bolsonaro falar para as pessoas tomarem banho rápido e desligar a luz para economizar enquanto gastou milhares de reais só com seu cartão corporativo. A cobrança de extra de luz será feita devido ao apagão que teve no Amapá no último mês, onde milhões de trabalhadores passaram semanas sofrendo sem luz e água potável, e o governo mandou geradores de emergência que não atendeu nem metade da população. Agora Bolsonaro e os capitalista colocam na conta de toda a população essa catástrofe que é de responsabilidade de uma empresa privada que realizava o serviço. Ao mesmo tempo que Bolsonaro e Guedes querem privatizar a CEB e garantir mais precarização e novas catástrofes como do Amapá para garantir o lucro dos empresários.
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Mais uma vez, o presidente faz piada com a situação de miséria que está criando para o país. Mais que nunca, é preciso fazer um chamado para que as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, rompam com a sua paralisia e organizem a revolta dos trabalhadores contra situações como esta e contra todos os ataques que estão ocorrendo. A única saída para nossa classe é a auto organização dos trabalhadores, tomando para si os sindicatos como instrumentos de luta, para impulsionar uma forte mobilização que faça com que os capitalistas paguem por essa crise.