Renan Calheiros iniciou a sessão do Senado que votará o afastamento de Dilma Roussef por até 180 dias. A votação de hoje coroa o golpe em curso. Nela será decidida a aceitação do processo levando ao afastamento de Dilma até o julgamento final em até 180 dias. A votação de hoje, diferente do julgamento e da realizada na Câmara será por maioria simples. Todos prognósticos dão vitória certa à oposição.
quinta-feira 12 de maio de 2016 | Edição do dia
Atualizado às 02h11min
Foi iniciada a sessão que votará o afastamento da presidente Dilma Roussef. A sessão iniciou-se após diversas declarações de importantes membros do PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros, aliado de Dilma até poucos dias atrás, que disse em entrevista para a imprensa antes de iniciar a sessão:
“É fundamental o legislativo cumprir o seu compromisso com o Brasil. Fazer as reformas, sobretudo as reformas políticas. Um dos problemas, e por isso estamos hoje aqui é que nós não fizemos algumas reformas estruturais, e principalmente a reforma política, com um modelo de financiamento de campanha eleitoral (...) e se não revisarmos a lei do impeachment que é de 1950, vamos ter ainda vários eventos semelhantes a esse na nossa história. Por exemplo, o afastamento a partir da admissibilidade significa na prática um pré-julgamento e é preciso compatibilizar todas as fases com o julgamento final (...) sou parlamentarista, e cada vez sou mais parlamentarista, sobretudo quando vejo no presidencialismo aquilo que é fator de estabilidade, a estabilidade do chefe de Estado, balançar”
Leia aqui opinião de Diana Assunção do MRT sobre essa declaração.
Lula, Temer, e diversos importantes atores da política nacional fizeram pronunciamentos.
A sessão do Senado ocorre enquanto o STF ainda não se pronunciou se colocarão em votação o apelo do governo a esta corte golpista para que ela pare o golpe. Teori Zavacki, redator do Mandato de Segurança pedido pela Advocacia Geral da União pedindo a suspensão do trâmite do impeachment negou a liminar pedida pelo governo, dando prosseguimento legal ao golpe.
No Senado diversos membros da casa ligados ao governo Dilma fizeram uso de questões de ordem pedindo a suspensão da sessão ou outros pedidos para invalidar o parecer do ex-governador mineiro, o tucano Anastasia, que realizou "pedaladas fiscais" em seu estado.
Estas questões de ordem foram derrotadas.
Os senadores começaram a votação pela fala da senadora Ana Amélia, do PP/RS, às 11h19, que começa o processo afirmando que há provas suficientes para a abertura do processo de impeachment.
Veja aqui uma análise do tom geral dos discurso que se expressaram nos primeiros 21 votos que tentaram oferecer uma cara mais séria e menos reacionária que na Câmara, inclusive com muita demagogia de defesa dos interesses dos trabalhadores neste impeachment.
Uma das senadoras a discursar foi Martha Suplicy que declarou que votava sim "por São Paulo e pelo Brasil". Em seu voto disse que era hora de cortes nos gastos. Assumindo, tal como os tucanos, e seu PMDB um discurso aberto que "seu" governo golpista de Temer promova duros e rápidos ataques.
A sessão foi suspensa para o almoço às 12h30 e retornou cerca das 14hs. Até o momento, 22 senadores discursam, 18 deles a favor do impeachment. Restam ainda os discurso de mais de 50 senadores que pediram o uso da palavra antes da votação simultânea em painel eletrônico. Seguindo a atuação tendência a votação pelo impeachment superará os 54 votos que serão necessários para a cassação definitiva de Dilma Roussef.
Entre alguns votos destacados, de maneira demagógica, o senador Zezé Perrella do PTB/MG, o mesmo envolvido nos escândalos do helicóptero com 445kg de cocaína, fala a favor do impeachment devido ao alto índice de desemprego no país.
O senador Telmário Mota do PDT/RR, primeiro a fazer uma fala enfaticamente contra o impeachment, denunciou que esse processo é um golpe orquestrado pelo PSDB e que não há crime de responsabilidade fiscal.
Cristovam Buarque, conhecido senador do PPS/DF falou sobre os vícios do PT e o modo corrupto de governar. De maneira demagógica e contraditória, vota a favor do impeachment em nome da esquerda e da necessidade de repensar o modelo político e se fazer uma revolução social, junto à FIESP que seu partido apoia. Seu voto, segundo o senador, é para que processo seja aberto para então saber se realmente houve crime de responsabilidade, declarando ainda que caso ao final se veja que não há crime e o impeachment se conclua, aí então será um golpe.
Angela Portela, primeira senadora do PT a se pronunciar, denunciou o golpe exaltando todos os programas sociais feitos no governo Dilma. Evidentemente omitiu os agressivos cortes no orçamento da educação e saúde que "seu" governo realizou.
Às 23h49min, 41 parlamentares haviam se pronunciado, 31 deles favoráveis ao impeachment. Um deles, o golpista Aécio Neves desenvolveu boa parte de seu argumento utilizando uma demagogia de defesa dos trabalhadores e interesses populares. Em poucas horas publicaremos uma análise mais detida sobre a demagogia do ajustador e golpista mineiro.
Às 02h11min, 52 dos 71 inscritos haviam se pronunciado, 37 deles favoráveis ao impeachment, 14 contra o golpe e 1 indefinido, justamente o ex-presidente Collor, que não quis revelar como votará, após comparar o processo de impeachment que sofreu com o golpe orquestrado hoje.
Acompanhe aqui no Esquerda Diário os fatos e análises deste dia de consumação do golpe para impor um governo golpista, de ainda mais duros ataques à classe trabalhadora.
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