Semana passada o placar de acidentes da fábrica da Jeep em Goiana (PE) foi zerado após um trabalhador da funilaria sofrer um grave acidente de trabalho. A informação chegou ao Esquerda Diário através de uma denúncia anônima de um trabalhador da planta.
terça-feira 10 de agosto de 2021 | Edição do dia
Semana passada o placar de acidentes da fábrica da Jeep em Goiana (PE) foi zerado após um trabalhador da funilaria sofrer um grave acidente de trabalho. A informação chegou ao Esquerda Diário através de uma denúncia anônima de um trabalhador da planta.
O depoimento enviado ainda relata que a patronal está abafando o caso e não divulgou informações para os trabalhadores de outros setores, mas o que se conta nos corredores da fábrica é que uma peça que estava sendo transportada pela esteira rolante caiu em cima de um trabalhador da produção enquanto trabalhava.
A vítima teve de ser levada com urgência para um atendimento de emergência. Alguns trabalhadores também mencionaram que o operário que sofreu o acidente havia acabado de passar por um cirurgia, ainda com os pontos, o que agravou ainda mais o acidente.
“Nas conversas o pessoal mais velho contava de um monte de acidente que já aconteceu na fábrica. São muitos, muitos! Teve até gente que já morreu, mais de um.”, dizia o trabalhador em sua denúncia.
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A fábrica da Jeep de Goiana é uma das mais modernas e tecnológicas do mundo, mas apesar de ter sido inaugurada em 2015, apenas há 6 anos, já coleciona inúmeros acidentes e mortes de trabalhadores. Em 2018 um trabalhador morreu esmagado em uma prensa, chegando a gerar repercussão pública.
A Jeep faz parte do enorme monopólio multinacional automotivo Stellantis. A planta de Goiana é conhecida por ser a fábrica mais tecnológica do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), uma referência no conceito da Indústria 4.0. Seus mais de 14 mil trabalhadores, entre efetivos e terceirizados, produzem um automóvel por minuto, cerca de mil por dia. O modelo mais barato produzido, o Jeep Renegade, em seu modelo mais simples, custa atualmente no mercado brasileiro 92 mil reais.
Apesar de toda a tecnologia aplicada no controle da produção e dos próprios trabalhadores, e de toda a propaganda em torno das tecnologias da Indústria 4.0 e seu suposto benefício de eliminar postos de trabalho de risco e insalubres, a verdade é que nenhuma das tecnologias da fábrica mais moderna e tecnológica da Jeep impediu os acidentes e mortes dos trabalhadores.
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Os acionistas da Jeep e da Setellantis pensam apenas no enorme lucro e exploração dos trabalhadores pernambucanos e paraibanos, com um salário base da produção que não passa de 1.200 reais. As tecnologias mais sofisticadas aplicadas na produção buscam apenas produtividade e não servem para proteger os trabalhadores. Servem para aumentar ao máximo a exploração e encher de dinheiro o bolso da patronal.
O cinismo e o desprezo pela vida dos trabalhadores fica expresso e evidente no placar de acidentes da fábrica, que conta apenas os acidentes “sem perdas de tempo”, como é possível ver na foto da matéria enviada pelo denunciante anônimo. Ou seja, o que importa para a empresa não é a prevenção de acidentes, mas sim a prevenção da perda de lucro com a linha parada. Enquanto a produção não parar, a saúde dos trabalhadores é tão descartável e são tão substituíveis quanto as máquinas e seus aparatos tecnológicos de última geração.
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