Na manhã desta segunda (31/08) em assembléia organizada pelo sindicato, trabalhadores votam por grande maioria pela adesão do Programa de Proteção ao Emprego, proposta feita pela Mercedes no fim de semana e voltam ao trabalho.
terça-feira 1º de setembro de 2015 | 13:05
Na manhã desta segunda (31) os trabalhadores da Mercedes realizaram assembléia para decidir os rumos da greve, que havia sido iniciada dia 24, em resposta as cerca de 2000 demissões feitas por telegrama pela empresa. No inicio da assembléia o sindicato que passou sábado e domingo em negociação com a Mercedes, apresentou uma proposta, que segundo eles foi o único resultado possível dessa rodada de negociações:
A proposta foi aceita pela ampla maioria dos trabalhadores com poucos contrários, o que significou o conjunto dos trabalhadores da planta de São Bernardo do Campo reduzirem seus salários em troca das demissões. Essa é a primeira vez que o PPE é acordado a uma montadora e apresenta uma saída contraditória para responder a crise e as demissões massivas. O sindicato dirigido pela CUT abriu espaço na assembleia para que Micael Brecht representante do Comitê Mundial dos Trabalhadores da Mercedes que participou das negociações pudesse expressar: "Sempre em uma crise se faz o máximo possível para não demitir os trabalhadores, mas nem sempre é possível". A declaração de Micael evidencia que a prioridade é a empresa, a garantia de lucros e estabilidade na produção mesmo que custe o emprego dos trabalhadores. Ao fim da assembléia todos retornaram ao trabalho incluindo os que haviam recebido os telegramas.
O problema desse acordo como temos denunciado é que no fim das contas o PPE acaba beneficiando as empresas que recebem o repasse do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para complementar o salario dos trabalhadores, a medida que reduzem o salário dos e sua jornada. A chantagem realizada pela patronal que anunciava mais de 2000 demissões iniciadas desde as férias remuneradas garantiu que o sindicato pudesse aplicar o PPE como saída insuficiente, enquanto as demissões na região e em todo o país seguem ocorrendo e nenhum plano de luta ou paralisações foi organizada para que os trabalhadores não tivessem que abrir mão de direitos ou rebaixar seus salários frente a tamanha inflação e aumento dos custos de vida. Os operários que dedicaram 20 anos trabalhando na fabrica, com problemas de saúde e pelo esforço repetitivo se vêem agora obrigados a aceitar um acordo que vai contra uma das bandeiras históricas do movimento dos trabalhadores: redução da jornada sem redução dos salários. E como sempre os trabalhadores é que pagam a conta, se a Mercedes tivesse seu livro caixa aberto os trabalhadores teriam certeza que dinheiro para os salários não falta.
Maíra Machado e Ana Paula, ambas conselheiras regional da Subsede de Santo André participaram das assembleias e se solidarizam com a luta. Maíra declarou "Fez muita falta que o conjunto da esquerda que dirige importantes sindicatos em São Paulo como o sindicato dos metroviários, a oposição em bancários e a oposição alternativa de professores pudessem cobrir de solidariedade e apontar uma força real que pudesse ajudar a desmascarar que o PPE invés de ser uma garantia de emprego é na verdade um profundo ataque aos direitos dos trabalhadores". Ana Paula complementou "Com a cobertura especial que fizemos do Esquerda Diário (http://www.esquerdadiario.com.br/Demissoes-na-Mercedes) pudemos ver de perto que os trabalhadores estão refletindo o cenário nacional e muitos deles possuem desconfiança com o sindicato e com esse PPE, porém, falta uma força capaz de demonstrar uma alternativa. Seguimos chamando a CSP-Conlutas que está hoje organizando um ato independente no dia 18 a não mais perder oportunidades como essas, que se nos apresentarmos como uma alternativa real em cada luta, podemos acelerar a rupturas com essas direções e fazer com que os trabalhadores possam realmente ter voz e se levantarem contra as demissões, os ajustes e impedir que a crise seja pega pelos trabalhadores, as mulheres e a juventude".