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VIOLÊNCIA NA USP | A voz das Mulheres sobre a violência do dia 7 de março na USP: Ana Helena, educadora da Creche

Relato de Ana Helena, educadora da Creche sobre a violência policial sofrida em 7/3 durante manifestação pacífica na USP

quarta-feira 5 de abril de 2017 | Edição do dia

Naquele dia, estávamos contentes por rever colegas e perceber a participação da comunidade USP acima do que vinha ocorrendo em outros atos. A manifestação era festiva, com funcionários, estudantes, calouros, docentes e crianças. O recado que queríamos passar era o de que a USP também somos nós, e que aprovar o que se pretendia naquela reunião sem ao menos negociar pontos que nos atingiam diretamente seria inaceitável. Já não era mais possível sermos sistematicamente atingidos pelo desrespeito, indiferença e sadismo com os quais a reitoria vinha e vem nos atacando. O início do ano foi muito traumático para todos, em especial para nós da Creche e Pré Escola Oeste, pois fomos furtados do nosso espaço de trabalho e do que ali coletivamente construímos de conhecimento, valores e significados nas últimas três décadas. Tenho certeza de que quando defendemos esse espaço, essa infância, o processo educativo das creches... os atuais gestores não entendem. Se tivessem tido alguma experiência ao menos parecida não chegariam a esse nível de falta de empatia. Se fossem mais sensíveis às questões de gênero também.

Bem, estava eu com minhas colegas em frente à Reitoria quando, no meio da tarde, precisei sair para um compromisso. Até brinquei com minha amiga dizendo que após o compromisso ligaria para ela para saber se nos convidariam a participar da reunião do CO, neste caso eu retornaria para a USP. Mas, assim que saí do campus, liguei o rádio do carro e escutei a notícia de que a PM estava em confronto com manifestantes na Cidade Universitária. Tentei entrar em contato com os colegas e com aquela minha amiga, mas o telefone não atendia. Consegui falar com alguém que me disse que ela havia sido agredida e detida. As próximas nove horas foram de muita angústia para todos os que estavam tentando obter informações de seus colegas, familiares e amigos feridos. Enquanto isso, a reunião do CO aprovava as medidas de desmonte da USP e de ameaça aos nossos empregos sem a menor parcimônia.

Não cabe agora entrar nos detalhes das agressões sofridas pelos manifestantes, mas a reitoria enviar comunicados tentando justificar sua conduta no dia 7/3, se vitimando perante a universidade, é ridículo. Deveriam no mínimo se desculpar. No dia seguinte, circulou pelas redes sociais um vídeo que mostra minha amiga sendo jogada no chão por uma policial militar. Este e outros vídeos já estão em posse de advogados, e esperamos que os agressores sofram consequências de seus atos. Quando ela caiu, doeu em todas nós.

Ana Helena, educadora da Creche




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