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GREVE METROVIÁRIOS SP | "A unidade com a população era o que mais temia o governo", diz Diretora do Sindicato dos Metroviários

Conversamos com Fernanda Peluci, Diretora do Sindicato dos Metroviários de São Paulo pela Chapa 4 do Movimento Nossa Classe, sobre a forte greve dos metroviários que foi encerrada em assembleia na noite de ontem, após um intenso dia de luta contra as mentiras do governo e da grande mídia e o forte apoio da população nas estações.

quinta-feira 20 de maio de 2021 | Edição do dia

Esquerda Diário: Fernanda, como você e a categoria saem depois desse forte dia de greve?

Fernanda: Em primeiro lugar saio com a certeza da nossa força em aliança com a população trabalhadora que transportamos todos os dias. Também com confiança na nossa tradição de luta e capacidade de organização e unidade pela base e da nossa potência de parar a cidade e fazer o governo tremer.

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ED: A grande mídia passou o dia de ontem numa cobertura bastante mentirosa em relação a greve e as demandas da categoria, como vocês lidaram com isso?

Fernanda: Infelizmente já é uma tradição dessa mídia tucana essa campanha de mentiras contra os metroviários. Inventam salários, querem nos fazer parecer privilegiados, enquanto somos uma das categorias que mais esteve exposta ao longo dessa pandemia, sem poder parar um dia sequer. Nós do Movimento Nossa Classe, diferente da maioria do Sindicato, e também com a ajuda desse Esquerda Diário, passamos o dia nessa disputa de opinião, buscando mostrar como a luta dos metroviários por direitos é a mesma luta da população trabalhadora por um transporte público de qualidade. Que nossa conquista por vacinação, por exemplo, foi apenas um passo, mas que é preciso lutar por vacina para toda a população. Entre os metroviários por exemplo, os terceirizados seguem sem vacina, empresa e governo querem dividir a categoria, mas somos todos metroviários, os direitos devem ser os mesmos.

ED: Como foi a reação da população nas estações?

Fernanda: Esse foi um dos pontos mais fortes da nossa greve e era justamente essa unidade da categoria com a população o que o governo e a empresa mais temiam. Todas as vezes que, na porta das estações, nós falávamos sobre as nossas demandas ligando a luta por qualidade do transporte, a defesa da vacinação para todos e até mesmo a importância da nossa luta como exemplo para contagiar outras categorias de trabalhadores, fomos muito bem recebidos. A população levantava as mãos quando perguntávamos se tínhamos direito de lutar, era gratificante. E mais que isso mostrou esse potencial, sendo que até o Datena bolsonarista tentou fazer papel de mediador da greve, porque viu que estávamos ganhando simpatia da população. Imaginem só o medo do Dória vendo que, ao contrário de cair na campanha canalha da mídia, os milhões de trabalhadores que usam o metrô de São Paulo, não só estavam apoiando nosso direito de lutar, mas se sentem mais encorajados para lutar também? Um trabalhador disse numa entrevista na porta do metrô que se todos os trabalhadores lutassem como a gente tava lutando o país estaria melhor, vejam que contagiante pode ser uma greve dessa categoria tão importante pra cidade!

ED: O que você acha que faltou pra greve vencer contundentemente?

Fernanda: Como disse antes, a maior potência da greve era a ligação da nossa luta com a da população, mas a política corporativa da maioria da Diretoria do Sindicato foi um grande erro. Passaram o dia inteiro fazendo falas que não defendiam as demandas da população, não explicavam que nossa greve serve para defender o transporte público para população com qualidade, não defenderam que um dos eixos da greve fosse a vacina para toda população. Não diziam que querem nos atacar para fazer a gente de exemplo para atacar mais todos os trabalhadores. E por mais que nós, que somos uma minoria no sindicato, insistíssemos nesse sentido, sem assembleias democráticas onde todos possam falar, ficou difícil de convencer a categoria de que tínhamos força para ir por mais se aprofundássemos essa forte aliança com a população que já demonstrava bons frutos.

Nós do MRT, junto com independentes da Chapa 4 Nossa Classe Metroviários, defendemos a proposta de seguir a greve aceitando a proposta do TRT e ampliando a aliança com a população. Mas a ampla maioria da Diretoria defendeu a proposta que venceu na Assembleia com 2488 votos. A proposta de manutenção da greve teve 724 votos, o que demonstra uma expressiva vanguarda que estava disposta a ir por mais. Agora é necessário, mantendo toda a unidade da nossa categoria, seguir a nossa mobilização para não deixar nas mãos da justiça o destino dos nossos direitos e avançar em um profundo balanço dessa batalha para preparar melhor os futuros embates da nossa classe que certamente estarão por isso.




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