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REPRESSÃO NA USP | A repressão na USP é a cara da política para educação de Alckmin e Temer

O segundo dia letivo da maior universidade do país foi marcado por um verdadeiro campo de guerra onde estudantes e trabalhadores foram violentamente reprimidos pela polícia militar e pela tropa de choque de Geraldo Alckmin. Os vídeos e as imagens, ora ofuscados pela fumaça das bombas, ora ensanguentados pelos cacetetes, atestam a brutalidade com que a polícia interviu para impedir que o movimento protestasse.

terça-feira 7 de março de 2017 | Edição do dia

Pelo menos 4 pessoas foram presas, todos trabalhadores, impedindo que pudessem ter o direito a ter acompanhante, levantando voz de prisão a todos os acompanhantes.. Diversas pessoas foram feridas, com algumas hospitalizadas, como pode se ver nessa matéria. Um dia antes do 8 de Março, dia internacional das mulheres, várias mulheres foram agredidas.

Tamanha violência reafirma o medo que os governos tem da resistência que a juventude aliada aos trabalhadores oferece. Diante dessa poderosa união, os poderosos precisam de um forte aparato repressivo para calar a indignação e impedir com que ela se expanda e nacionalize, impedir que ela ofereça um perigo real de impedir os ataques de serem implementados. Para desmontar a educação, eles precisam calar a resistência. Por isso tanta repressão, por isso tanta violência. Por isso, também, precisamos de uma resposta à altura.

Veja videos e fotos aqui.

Para quem não sabe, no segundo dia de aula a reitoria e o Conselho Universitário estavam tentando aprovar um pacote que ficou conhecido pela comunidade como PEC do Fim da USP, como alusão à famigerada PEC 55 de Temer. Pois bem, a medida previa, entre outras coisas, a demissão em massa de funcionários públicos estáveis (cerca de 5 mil), cortes de verbas na permanência e, entre outras consequências nefastas para a qualidade do ensino e da pesquisa, preparar o terreno para a privatização da USP. Ou seja, uma medida que ataca a educação em cheio.

Saiba mais sobre essa medida: 7 motivos para os estudantes lutarem contra a PEC do Fim da USP

Diante desse cenário, centenas de estudantes, funcionários e professores se organizaram para protestar contra a aprovação dessa medida no Conselho Universitário (estrutura arcaica que manda e desmanda na universidade através de uma parcela significativa de professores ligados à reitoria, ao governo do PSDB, à fundações privadas e empresas de terceirização). Em suma, o Conselho Universitário quer aprovar uma medida que, em partes, visa vender a universidade para eles de graça. Tudo isso com a benção do governador.

Muito diferente do que propagandeia os meios de comunicação e a direita populista, os estudantes e trabalhadores que hoje lutaram na USP protestavam contra uma medida que visava aprofundar o já bárbaro caráter elitista da universidade. Verdade seja dita, eles lutam por uma universidade mais democrática em suas estruturas de poder e em seu acesso, por uma universidade pública de fato, no vértice oposto do que os representantes da reitoria e do Conselho Universitário defendem.

A resposta da reitoria e do governo do estado de SP, controlado pelo tucanato há anos, foi a repressão policial. O alerta que devemos ter, para além de transmitir a mais forte mensagem de solidariedade e força a todos os lutadores que hoje sofreram com a repressão em São Paulo, é o de enxergar nessa ação uma “pequena” amostra da repressão que a juventude aguarda dos governos neste ano de 2017.

A memória não nos deixa esquecer da batalha campal ocorrida na praça dos três poderes ao final do ano passado quando mais de 20 mil estudantes de todo o país protestaram contra a aprovação da PEC 55 de corte de gastos sociais e a reforma do ensino médio. A polícia de Temer, do Congresso e do Senado não poupou esforços para impedir que o ato impedisse a votação, bem como para poder aprovar sem maiores problemas no início do ano a Reforma do Ensino Médio.

A batalha nas ruas cariocas em defesa da CEDAE neste início de 2017 atesta novamente que os ataques com demissões e privatizações não é um particularidade do governo federal ou do PSDB, mas também alcançou os trabalhadores do abastecimento de água que lutavam contra a venda da empresa. A UERJ, importante universidade do estado do Rio de Janeiro, está praticamente fechando por conta dos cortes perpetrados pelo governo pemedebista do Pezão. Lá também a juventude já foi reprimida duramente diversas vezes. Por todo o país onde vemos resistência e indignação, vemos também as balas e as bombas do corpo armado policial.

No marco da enorme crise econômica que vem sendo descarregada nas costas da população através de demissões, inflação, cortes de gastos sociais e uma enorme deterioração das condições de vida do povo brasileiro, a tendência é o acirramento da resistência aos planos de ataques dos governos. Com isso, a resposta que eles dão é a repressão. A reforma da previdência, a trabalhista e o conjunto dos ataques que Temer e o conjunto dos golpistas querem implementar, é parte desse pacote de ajustes contra os trabalhadores e o povo.

O que ocorreu hoje na Universidade de São Paulo é a resposta que os poderosos querem dar à juventude que luta e não se cala. 2017 nos promete ataques. Essa é a cara da política para educação de Alckmin, Temer e tantos outros governantes. Mas também promete resistência. Parte disso envolve nos organizarmos para combater não só os governos e os poderosos, mas também a polícia que existe para garantir os interesses dos de cima. Prestar a mais ampla solidariedade aos estudantes, trabalhadores e professores da USP é necessário neste momento, exigindo a liberdade de todos os presos e a não punição a nenhum lutador.




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