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USP | A proibição de festas na USP: atividade da FUMA na semana das liberdades

Nesta terça-feira (25) ocorreu no prédio de Ciências Sociais, mais uma atividade de preparação do XII Congresso de Estudantes da USP. Organizada pela Frente Universitária de Mobilização Antiproibicionista, a FUMA, esta roda de conversa buscou discutir a proibição das festas na USP e toda a política proibicionista vigente.

quinta-feira 27 de agosto de 2015 | 00:27

Contando com membros dos Centros Acadêmicos de Relações Internacionais, Ciências Biomédicas e Ciências Sociais, a atividade organizada pelo DCE e pela FUMA teve o importante papel de aprofundar as reflexões sobre a lógica proibicionista que opera na sociedade em geral, e na universidade em particular, assim como pôde ser um espaço rico de interação entre os Centros Acadêmicos presentes, com a troca de informações sobre a repressão da reitoria por toda a USP, que se utiliza até mesmo de câmeras e catracas para controlar os estudantes, como na Biomédicas.

A venda de bebidas com alto teor alcoólico está proibida dentro da Cidade Universitária, e a partir da morte de um jovem por afogamento em Setembro do ano passado, a perseguição às festas aumentou por parte da reitoria. Porém, tal perseguição já era uma rotina da universidade. Isso porque as festas e a venda de bebidas sempre foram os principais meios dos Centros Acadêmicos garantirem suas finanças. Para um dos membros do centro acadêmico de R.I., as festas são uma forma de garantir a independência financeira e política dos centros acadêmicos frente à reitoria ou empresas privadas.

Fernanda, estudante de Ciências Sociais, participou da atividade dizendo que a questão de segurança na USP é um tema de central importância, especialmente para os setores mais oprimidos da sociedade, como as mulheres, já que são constantes os casos de estupros dentro do campus da universidade. A incapacidade da reitoria em resolver esta situação de insegurança se expressa ainda mais quando perseguem as festas afim de restringir o uso do espaço universitário, buscando distanciar cada vez mais a USP da comunidade à sua volta.

Enquanto diversos centros acadêmicos acatam as orientações da reitoria em fazer festas fora do campus universitário, o que serve exclusivamente para tirar a responsabilidade da reitoria pela insegurança da USP, outros CAs buscam na discussão política uma saída melhor. Durante uma festa no curso de Relações Internacionais, um rapaz homossexual foi agredido, demonstrando mais uma vez como a insegurança recai especialmente sobre os setores oprimidos. A reação imediata de muitos no curso foi a de querer limitar as festas ao estudantes de RI, porém, após atividades de discussão política sobre como esta medida não resolvia o problema e era na verdade uma ideia de segregação social muito perigosa, os estudantes se convenceram de fazer uma grande festa aberta contra as opressões, onde não houve nenhum caso de agressão.

Dentro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a proibição das festas se faz menos presente, justamente pelo combate travado pelo movimento estudantil dessa unidade. Porém, segundo Gabriela, do centro acadêmico de Ciências Sociais, os estudantes deste curso também sofrem ataques da diretoria, que vem buscando intervir no espaço auto-organizado dos estudantes (o “espaço verde”), na busca de reduzi-lo pela metade, enquanto nega a proposta formal do centro acadêmico em reformar o ambiente, na busca de melhorar seu espaço de convivência.

Proibicionismo dentro e fora da USP

João, estudante de Geografia, nos deu um panorama de alguns aspectos da lógica proibicionista atual, onde drogas que servem à produção, como o café ou o energético, são amplamente difundidas de forma legal, enquanto as substância proibidas são supostamente contraditórias ao ritmos de produção modernos. Esta lógica proibicionista serve, entre outras coisas, para reprimir e criminalizar espaços culturais de socialização e lazer.

Dentro da universidade isso se expressa de maneira clara nas proibições das festas, pois a produção de conhecimento seria contraditória às atividades culturais e sociais e também ao uso de drogas. Além disso não ser verdade, essa lógica busca limitar e restringir o espaço da universidade na produção do lúdico, negando o caráter político e social que as festas universitária podem ter. As proibições das drogas e de atividades culturais são formas historicamente conhecidas de controle à grupos sociais específicos e de fundamento para a repressão política sobre a juventude.

Nesta sexta-feira ocorrerá a Grande Festa Contra a Proibição, no espaço verde, às dez horas.




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