×

GOLPE NO SENADO | A ’oposição responsável’ petista: desserviço à luta contra os ataques da direita golpista

Antes do início da chancela do golpe institucional da direita no Senado, e mesmo durante a sessão, o PT vem buscando instalar a ideia de “oposição responsável” ao governo Temer que assumirá neste dia 12. Lula encabeça a defesa desta “logomarca” do que será a atividade política petista durante o governo interino de Temer, resultado da aceitação pacífica do golpe de uma direita que o PT alimentou e fortaleceu, e do boicote da CUT e CTB a construir qualquer tipo de resistência com os métodos da classe trabalhadora.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

quinta-feira 12 de maio de 2016 | Edição do dia

Assim procede Lula e o PT enquanto o Senado ratificou o golpe institucional esta manhã e removeu Dilma por 180 dias a favor do novo gabinete interino de Temer.

A oposição responsável já se apresenta em toda a sua “potência ameaçadora” há muito: desde as negociatas e o infrutífero leilão de cargos promovido por Lula com os partidos da direita mais reacionária do parlamento, como o PP de Maluf, o PSD de Kassab e o PR de Roberto Jefferson, antes da assombrosa votação na Câmara; os diversos apelos aos senadores dos mesmos partidos no Senado; rogando inúmeras vezes a ajuda ao STF golpista para que anulasse o impeachment; no âmbito sindical, não construindo absolutamente nada nas bases que preparasse uma paralisação real dos centros da economia com os métodos da luta de classes, em que ao invés de assembléias, a CUT convocou por whatsapp a participar do fiasco deste 10 de maio; com a UNE e a UBES organizando um desafiador “vomitaço” nas redes sociais contra Temer (certamente estarrecido); e para coroar, a proposta inédita do coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio de Carvalho, de que Dilma entregue o cargo a Temer apenas na sexta-feira 13, para causar mal agouro.

A razão desta preocupação responsável é, segundo Lula, que o PT teme ser responsabilizado por fracassos do futuro governo caso adote um “tom muito pesado”. De fato, o golpe "preserva" em alguma medida o PT: seriam praticamente nulas as chances eleitorais petistas se Dilma continuasse sendo sangrada até 2018. Daí a distância entre o que dizem e o que fazem as entidades petistas: por baixo das palavras aguadas de "resistência até o fim", transmitiram sempre a sensação de que o golpe já passou, como intuito de apostar no desgaste que a condução da crise econômica despejará na direita para poder rejuvenescer-se sob a figura de Lula em 2018.

Por isso, de acordo com interlocutores, Lula considerou desastrosa a articulação do governo para deter o prosseguimento do processo de impeachment pelas mãos do presidente da Câmara em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA). Na segunda, Maranhão revogou a decisão da Câmara que deu andamento ao processo. Sob pressão, reviu sua posição em menos de 24 horas.

Para acrescer tinturas mais aguerridas a esta oposição descafeinada, Lula incentivou hoje a criação de uma frente inspirada no “modelo uruguaio”: uma “grande coalizão” que reuniria sindicatos, associações, partidos, ONGs e outros movimentos sociais. Nada falou da Frente Brasil Popular, que congrega as burocracias sindicais e estudantis petistas junto a seus braços nos movimentos sociais, como o MST. O desgaste desta frente folclórica que organizou showmícios enquanto paralisava o movimento de massas em cada estrutura em que dirigem exige a criação de novas mediações, ainda que com os mesmos objetivos “responsáveis” depois do golpe institucional.

O PT ainda sugere que não está descartada a reedição da campanha "Diretas Já". Mais provável, no entanto, é a defesa de um plebiscito para a convocação de novas eleições.

O governo “progressista” de Lula e Dilma mostra que o mal menor é sempre o caminho mais curto para o pior. Teve seu mandato encurtado por um golpe da direita que alimentou e com a qual governou, confia em parlamentares e juízes que fazem o jogo do golpe, e silencia as bases operárias nas fábricas e centros da economia. Prepararam ativamente as forças que protagonizam o golpe institucional em nome de Deus, da família e da propriedade privada.

Todas as denúncias que faz se limitam ao âmbito institucional, com o cuidado de não despertar as faíscas de desconfiança e de repúdio dos setores amplos de jovens e trabalhadores às perspectivas de verem seus direitos atacados por essa direita reacionária de forma mais dura do que vinha fazendo Dilma.

Entretanto, o cenário estratégico com o qual o governo golpista de Temer se deparará é de forte luta de classes desde o momento zero, pois se adiar os ataques será a mídia, os tucanos a lhe criticarem. Está entre a cruz do ajuste e a espada da resistência operária e da juventude. Os trabalhadores e jovens que terão seus direitos atacados terão de resistir de forma independente das burocracias petistas aos ataques da direita, à flexibilização das leis trabalhistas e à reforma da previdência que planejam os empresários da FIESP.

É da força dessas lutas contra o golpe e os ataques que se poderá impor o questionamento de toda esta democracia “do suborno e da bala”, contra o Judiciário golpista e sua Lava Jato que mira deixar mais vulneráveis os sindicatos e as organizações de esquerda para criminalizar as lutas sociais. Por isso defendemos uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que imponha pela luta dos trabalhadores que todos os juízes sejam eleitos, revogáveis e recebam o mesmo salário de uma professora, e o mesmo para os políticos de alto escalão, que faça os capitalistas pagarem pela crise, expulse o imperialismo e contribua para que os trabalhadores vejam os limites de qualquer “democracia” convivendo com a FIESP, com os ruralistas com as bancadas das Igreja e passem a defender uma forma superior de governo, um governo dos trabalhadores anticapitalista.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias