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RACISMO | A morte de jovens periféricos Como as instituições de segurança afirmam o racismo institucional

quinta-feira 10 de novembro de 2016 | Edição do dia

O desaparecimento de cinco jovens da Zona Leste de São Paulo, no dia 21 de outubro, e posteriormente, a descoberta dos corpos no domingo, dia 6, em Mogi das Cruzes, gerou a suspeita de envolvimento de PMs na morte dos garotos. Isso se deve ao fato de que uma das vítimas, Jonathan Moreira Ferreira, relata ter levado um “esculacho” e “enquadro” da PM, além de pesquisas realizadas por policiais, buscando os antecedentes de alguns desses jovens.

O Secretário de Segurança Pública do governo Alckmin, Mágino Alves Barbosa filho, declarou que a suspeita em relação ao envolvimento dos policiais é preconceito contra a corporação. Para ele, a desconfiança se deve às chacinas que ocorreram no ano passado, que tiveram a participação da polícia militar. Apesar dos primeiros investigados serem policiais, o Secretário diz que é prematuro acusá-los.

Num país onde a morte de negros e pobres pela mão da polícia supera de longe o de brancos da classe média, é notório o racismo institucional. O fato de quatro dos cinco mortos terem passagem assegura a criminalização dos periféricos. Números e pesquisas (por exemplo, no Rio de Janeiro, 644 pessoas mortas em confrontos com a polícia no estado em 2015, 497 (77,2%) eram negras ou pardas) evidenciam como a instituição não pode ser isenta de culpa, e que existem motivos para desconfiança.

Existem "mecanismos de produção da desigualdade racial" dentro das instituições de segurança pública. Há uma distorção nas formas de agir em relação a determinados grupos étnicos. O racismo institucional é uma forma de desenho da política pública que produz resultados diferentes para diferentes camadas sociais, do ponto de vista das características raciais.

A Polícia Militar não está a serviço de proteger, mas sim de defender os interesses da classe dominante que é racista, reafirmando a máxima de que jovens negros e periféricos são criminosos em potencial, tendo maior tendência a vigiar e perseguir pessoas com esse perfil. Há uma conivência das agências de segurança ao não investigar possíveis excessos de força vinda dos policiais, auxiliando no crescimento da criminalização de minorias.




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