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CORONAVÍRUS E TRANSPORTES | A importância dos testes para os metroviários de SP frente à pandemia do coronavírus

Os metroviários de SP que estão prestando um serviço fundamental à sociedade garantindo o transporte trabalham hoje sem equipamentos de proteção adequados e sem saberem se estão contaminados. É necessário testes para os metroviários de SP, profissionais da saúde, limpeza e testes massivos para toda a população, para garantir o combate consequente do coronavírus!

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

sábado 4 de abril de 2020 | Edição do dia

O estado de SP é o mais afetado do Brasil hoje com a pandemia do coronavírus, que em números oficiais chegou, até o fechamento deste artigo, a registrar 260 mortes e 4.466 casos confirmados. Mas todos nós sabemos que estes números estão sendo sub-notificados frente o enorme déficit de testes realizados pelas unidades de saúde de SP. E os metroviários (efetivos e terceirizados) expostos a esta situação cotidiana como ficam?

O governo Doria, que tenta se mostrar como "ala racional" frente à política inconsequente de Bolsonaro de minimizar o perigo da pandemia, fica repetindo pras pessoas "ficarem em casa" sem garantir testes massivos pra população, e não vêm garantindo a cobertura necessária de equipamentos de proteção individuais (EPI) para os serviços essenciais se protegerem devidamente, como por exemplo os metroviários, efetivos e terceirizados, que tem que lidar com máscaras não eficientes, falta de álcool em gel e luvas em diversos lugares do Metrô, e até mesmo falta de água e sabão nas estações e bases do Metrô.

Doria mostra seu despreparo para combater a pandemia em SP, uma vez que desconsidera que a política do "fica em casa" não contempla tanto a massa de trabalhadores informais que trabalham "por conta" e diversas outras categorias para sustentar suas famílias, assim como desconsidera que muitas casas sequer possuem condições de salubridade para que grande parte da população possa cumprir a quarentena ideal, quando famílias inteiras dividem um único cômodo para viver em SP e não tem a possibilidade de isolamento adequado se forem contaminadas com o coronavírus. No Brasil onde mais de 31 milhões de pessoas não tem acesso à água potável e 42% não tem emprego com carteira assinada é evidente que a quarentena feita hoje não é para todos, e nem a ideal.

Sequer Doria ou Bolsonaro garantem uma renda mensal básica garantindo o sustento das famílias, não proíbem as demissões, assim como não reconvertem a indústria para somente produzir itens essenciais de alimentação, higiene, saúde para combater o coronavírus, obrigando diversos setores industriais a seguirem produzindo o que não estão a serviço deste combate contra o Covid-19. 

O resultado desta política? Ainda há muita gente nos transportes da cidade sem sequer saberem se estão ou não contaminadas, ou seja, umas transmitindo às outras de forma involuntária. Não é possível planejar qualquer tipo de isolamento social sem testes massivos, partindo primeiramente de testar os trabalhadores do transporte (e da saúde, por exemplo) que já estão cotidianamente expostos desde o início como os metroviários de SP. Sem testes suficientes à estes trabalhadores é impossível organizar uma quarentena racional que possa garantir devidamente o isolamento das pessoas com o vírus para serem tratadas, pois muitas pessoas contaminadas não apresentam sintomas, mas podem passar o vírus. 

A atual quarentena hoje aplicada como a principal medida adotada pelo governo sem testes, resultará em mais mortes e maior déficit de leitos e respiradores para todos os que precisarem. Uma medida social incontornável é retirar o infectado do ecossistema que engendrou a doença e garantir à ele não somente se livrar da carga viral, mas sair repousado, nutrido, da unidade de hotelaria sanitária, como diz o médico e professor da UNB Gilson Dantas aqui. Esta é a única forma de realmente salvar vidas hoje no mundo.

As disputas políticas hoje que o governo propõe onde Bolsonaro e Doria se revezam entre a demagogia de salvar “vidas” ou a “economia”, acabam deixando a imensa maioria da população desprotegida por medidas determinantes, como é a garantia de respiradores e a realização de testes massivos já para a população. Em vez disso, Doria e o prefeito Bruno Covas preferem encomendar milhares de contêineres para o IML e abertura de covas nos cemitérios, mostrando que não existe preocupação alguma com a vida dos trabalhadores e seus familiares.

Os governos também se aproveitam deste momento de enorme fragilidade da classe trabalhadora para avançar covardemente com a retirada de direitos, como no Metrô Doria vem fazendo com a terceirização das bilheterias, antecipação de férias e retirada de adicionais e auxílios dos funcionários afastados do grupo de risco e maiores de 60 anos. Justamente quando estes mais necessitam ser afastados para preservar suas vidas são penalizados, um completo absurdo.

Sem os testes a quarentena se faz no escuro, e não será suficiente para conter o vírus em SP e no Brasil, por isso é de enorme importância que o sindicato dos metroviários reivindiquem a realização dos testes massivos já para os efetivos e terceirizados que trabalham todos os dias no Metrô de SP, e a realização de testes na população, não somente àqueles que estão em estado grave nos hospitais (como vem sendo feito), mas é preciso testes para todos os pacientes com suspeita de terem contraído os vírus e também todos os que tiveram contato com estas pessoas para planejar a quarentena. 

Por isso defendemos desde nossa bancada minoritária na diretoria uma campanha de cartazes por testes massivos à população e por EPIs adequados à terceirizados e efetivos, que pode ser um pontapé para que a categoria comece a utilizar seu peso estratégico para construir uma posição de independência de classe. Assim como é necessário que as demais centrais sindicais e seus sindicatos em todo o país tomem essa campanha de testes massivos para si, e de fato organizem os trabalhadores para garantir segurança sanitária, emprego e direitos, pela revogação das MPs da morte 927 e 936 que beneficiam apenas os patrões, e assim ter uma saída de independência política dos trabalhadores.

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foto: jovempan.com.br




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