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RIO GRANDE DO SUL | A esquerda deu as costas para as greves no RS

Nesta terça-feira os professores do RS aprovaram a continuidade da greve que já dura 55 dias, enquanto os municipários de Porto Alegre seguem em greve. Nos dois casos são lutas massivas que se opõe aos pacotes de privatização e congelamento de salários do PMDB e PSDB e que acontecem graças a pressão da base sobre as direções petistas, que até agora nada fizeram por essas lutas. Infelizmente também até agora nem a CSP/Conlutas nem o PSOL lançaram uma campanha nacional de apoio.

Thiago FlaméSão Paulo

quinta-feira 2 de novembro de 2017 | Edição do dia

A CUT e a CTB não estão organizando nenhuma campanha de solidariedade, nem um fundo de greve, para que os trabalhadores do Rio Grande do Sul imponham uma derrota a Sartori e Marchezan. Assim como as greves no Sul foram impostas às direções petistas dos sindicatos, seria necessário impor também à CUT e à CTB medidas efetivas de apoio. Por que a CSP-Conlutas permanece calada e não coloca seu aparato material para que esta luta triunfe, por que deixou de adotar medidas de apoio às greves no Rio Grande do Sul no seu recente congresso? E os parlamentares do PSOL gaúcho e a Luciana Genro, agora pré-candidata à presidência, do MES, estão esperando para colocar seus mandatos e a serviço de encabeçar medidas efetivas de solidariedade às greves?

Num momento de refluxo a nível nacional, depois da traição das direções sindicais na paralisação nacional de 30 de junho e da aprovação da reforma trabalhista no congresso, essas lutas são um grande exemplo de resistência que mostra que, apesar de tantos ataques e traições, a classe trabalhadora brasileira ainda tem disposição de luta. Deveriam, portanto, estar no centro da agenda e do discurso político da esquerda. Tanto na massiva greve dos professores e servidores de escola do RS, como também na massiva greve dos municipários iniciada um mês depois, a iniciativa veio de baixo e obrigou as direções petistas a convocar greves que não desejavam.

Os municipários de Porto Alegre vêm ao longo do ano realizando grandes assembleias e, mesmo em setembro, já havia condições de iniciar a greve se o Simpa (sindicato dos municipários de Porto Alegre) tivesse organizado a luta. No caso dos professores, o papel da base é ainda mais evidente. Depois de encerrar a greve de agosto quando ainda havia disposição de luta, a direção do CPERS (Sindicato dos Educadores do RS) não tomou nenhuma medida de organização mas, mesmo assim, no mês seguinte, frente ao novo anúncio de parcelamento, muitas escolas começaram a ser mobilizar e até paralisar de forma espontânea, por fora da direção do sindicato e até mesmo da oposição.

Esse é um primeiro fator que mostra a importância nacional que essa luta poderia ter, se a esquerda, ao invés de manter um vergonhoso silencio, transformasse essas greves num exemplo para todo o país. Elas mostram que é possível tomar a luta em nossas mãos e que é possível impor medidas de luta contra a vontade das direções petistas. Fazer como no Rio Grande do Sul significa também que é possível evitar traições como a do dia 30 de junho pela força da mobilização na base.

Tão importante como exemplo de luta para todo o país é o papel concreto que uma vitória dessas greves, principalmente a greve dos professores que é um conflito estadual, pode ter na situação política nacional e na própria estabilidade do governo Temer. Um dos tentáculos das reformas do governo golpista é a renegociação da dívida com os estados, um pretexto para impor um plano de privatizações e congelamento de salários. Até agora somente o Rio de Janeiro assinou o acordo, e mesmo assim a venda da Cedae (empresa de águas do estado) está sendo questionada pela justiça. Uma vitória no Sul que barrasse o acordo com Temer, abriria uma crise ainda maior no RJ, e poderia animar mais uma vez os trabalhadores e a juventude carioca a se mobilizar contra os absurdos que estão sofrendo.

Ainda, frente a continuidade da greve dos professores, a mobilização no Sul deveria ser colocada como um dos eixos do dia de mobilização de 10 de novembro, e a heroica mobilização do funcionalismo gaúcho como ponto de apoio para a luta de toda a classe trabalhadora contra a reforma trabalhista. O PT e o PCdoB, que dirigem a CUT e a CTB, já mostraram diversas vezes – e como se fizesse falta Lula ainda disse com todas as letras recentemente- que não têm interesse em derrotar o governo Temer nas ruas. Preferem deixa-lo sangrar para tentar retomar o governo em 2018, quando a maioria dos ataques já vai ter passado se depender deles.

Caberia à esquerda, aos sindicatos agrupados na CSP/Conlutas e ao PSOL, tomarem em suas mãos a solidariedade às greves no Rio Grande do Sul e exigir medidas concretas de apoio por parte da CUT e da CTB. Ao contrário disso, a esquerda permanece em silêncio, com olhos somente para como vai se desenhando o tabuleiro eleitoral para 2018, com a reflexão concentrada em como ocupar os espaços eleitorais que apareçam.

A partir do MRT e do Esquerda Diário reafirmamos nosso chamado a uma grande campanha de apoio às greves em curso no sul do país. É através da mobilização massiva da classe trabalhadora contra os ataques dos governos golpistas que derrotaremos os ataques em curso. Uma vitória dos professores do RS e dos municipários do Porto Alegre contra os pacotes dos governos do PMDB e do PSDB seriam uma vitória de toda a classe trabalhadora.




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