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CULTURA DO ESTUPRO | A culpa não é da vitima: uma reflexão sobre a calcinha “antiestupro”

A marca idealizadora da peça “antiestupro” diz que a peça transmite a mensagem clara que a mulher não está consentindo, mas dizer não já é uma mensagem clara para isso.

quarta-feira 25 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Nas ultimas semanas um projeto de uma calcinha “antiestupro” vem gerado milhões em doações e muita polêmica. O vídeo que viralizou no facebook demonstra uma peça de roupa resistente a facas e tesouras, que só é possível ser tirada com uma senha. Parece um cinto de castidade moderno. Usar uma roupa difícil de ser tirada só afirma que o que vestimos é responsável pelo assedio que sofremos.

A marca idealizadora da peça “antiestupro” diz que a peça transmite a mensagem clara que a mulher não está consentindo, mas dizer não já é uma mensagem clara para isso. Diversas marcas vêem desenvolvendo materiais “antiestupro”, roupas, objetos como chaves que viram canivetes, entre outros.

Não podemos esquecer que sim, as mulheres precisam se proteger nessa sociedade machista, mas que quanto mais nos protegemos mais legitimamos a violência. É uma contradição na verdade e dentro do capitalismo essa contradição sempre vai existir. Por que não queremos usar cintos de castidades para nos proteger, não queremos andar na rua apreensivas com um canivete na mão. Queremos o direito de dizer não, queremos o direito de sair à noite, de usarmos a roupa que quisermos, e não uma com senha.

É preciso entender que a única forma de sermos livres de verdade é fora da sociedade patriarcal, fora do capitalismo. Porque nenhuma mulher merece ser estuprada, e nenhuma mulher merece usar cinto de castidade, e uma coisa não deveria estar a favor de outra. Acontece que o capitalismo se apoia nas opressões para se manter, precisa oprimir mulheres, negros, LGBT’s, e ao mesmo tempo se apropria nessas opressões para transformar nossa dor em mercadoria, como essa roupa “antiestupro”.

A culpa nunca é da vitima. Precisamos por um fim no capitalismo para podermos ser quem somos, longe de amarras, senhas e proteções. Por milhares de vozes anticapitalistas!




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