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OLIMPÍADAS DA CRISE | A crise econômica, as olimpíadas e a calamidade no Rio

Em 2009 o Rio era escolhido para ser a próxima cidade a sediar os jogos olímpicos. O clima era de entusiasmo e otimismo por parte do PT e PMDB, os jogos seriam a oportunidade de mostrar um Brasil “que deu certo”, um país que havia cumprido todos os requisitos impostos pela burguesia mundial para se tornar “desenvolvido”.

sábado 6 de agosto de 2016 | Edição do dia

Após a crise de 2008, a maioria dos países Europeus e os Estados Unidos enfrentavam uma grande desaceleração de suas economias, os índices de desemprego disparavam e alguns países da União Europeia chegaram a quebrar, como foi o caso da Grécia, que hoje tem uma dívida de mais de 100% do PIB. Contudo, o Brasil seguia o caminho oposto. A política econômica expansionista do governo federal somada a uma avalanche de crédito no mercado permitiu ao Brasil manter a economia aquecida e próxima do pleno emprego. Durante este período de alta das commodities e da arrecadação de impostos, o governo tocou obras do norte ao sul do país, construiu universidades e expandiu os programas sociais. A reforma do capitalismo parecia ser possível, a desigualdade diminuía e cada vez mais famílias ascendiam à classe média.

O Rio de Janeiro sendo sede das olimpíadas, este era pra ser um cenário feliz. Do mesmo jeito que o Brasil era para ser um país promissor com alto crescimento e oportunidades. No entanto, nada disso aconteceu e o ano de 2016 começou com a pior crise econômica das últimas décadas. Quando o ano acabar, a expectativa é que a economia Brasileira esteja pelo menos 8% menor que nos dois anos anteriores.

Para entender a crise podemos enumerar aqui uma série de fatores como, a falha no sistema político Brasileiro, a queda no preço das commodities, altas tributações e até mesmo a incapacidade de executar projetos que melhorem a vida das pessoas. Porém, mais importante do que entender os aspectos técnicos da crise, é entender as consequências dela.

Nos últimos 13 anos de governo do PT foi construído um cenário de otimismo em relação ao futuro do país que tinha como sustentação o avanço da economia, sendo esta a única ferramenta possível de diminuição da desigualdade. Nos últimos 13 anos de governo o PT não foi capaz de fazer uma reforma política, questionar o enriquecimento dos grandes banqueiros em detrimento da dívida pública e/ou taxar as grandes fortunas. Então a crise veio, e em períodos de crise a elite cobra um alto preço para se manter viva. No entanto, o preço cobrado pela crise é descontado na conta do trabalhador, que hoje sofre com o risco iminente de perder direitos históricos conquistados.

Para se aprofundar leia o editorial do último Esquerda Diário Impresso

O estado de calamidade e as olimpíadas

A queda no preço do petróleo, e consequentemente a redução dos royalties, agravaram a crise do Rio de Janeiro. Sucessivas administrações do Estado criaram uma dependência do recurso, deixando muitas vezes de investir em outros setores. O resultado era previsível, hoje o governo não consegue honrar com seus compromissos e tem uma dívida pública de aproximadamente 80 bilhões. O governo do golpista Temer deu dinheiro ao governo do Rio para aumentar a repressão mas enquanto isso os trabalhadores ficavam (e ficam) sem salário.

Além disto, durante os últimos anos de gestão desastrosa do PMDB foram concedidos grandes montantes de isenções fiscais e os cofres do governo deixaram de arrecadar nos últimos anos aproximadamente 120 bilhões em impostos. Enquanto isso a população fluminense sofre com a precarização da saúde, educação e o calote em servidores públicos e aposentados.

É neste cenário que hoje, 05 de Julho de 2016, o Rio da início aos jogos olímpicos.

E diferente da visão otimista que a globo tenta criar, não, o Rio não está maravilhoso. Usando as palavras da companheira Cacau [em resposta ao editorial do Globo, “vá lá perguntar em Santa Cruz, em Campo Grande o que acha do sempre lotado BRT. Vá perguntar nos ramais da Baixada o que acham dos trens!”. O clima que paira sobre a cidade é de insatisfação com as prioridades que foram tomadas pelo Governo do Estado e Prefeitura, ambas geridas pelo PMDB. O transporte continua caótico, as filas dos hospitais continuam enormes, as pessoas continuam a sofrer com a opressão causada pela ocupação das favelas, favelas que foram cercadas e escondidas dos turistas.

As escolhas que foram feitas de 2009 pra cá, não foram escolhas que visavam a melhoria da vida das pessoas, mas que vendiam uma imagem maquiada de que o Rio estava preparado.

Diante deste cenário, quem mais sofre são as pessoas que não tem direito a cidade. Hoje, um trabalhador leva cerca de 2 horas pra chegar ao seu trabalho no centro do Rio de Janeiro ou enfrenta a super lotação do sistema BRT que não consegue atender a demanda.




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